Há algum tempo eu fiz uma matéria para a Veja Rio sobre a grande leva de cariocas que está se mudando para Lisboa e, em todas as entrevistas que realizei (e não foram poucas), a resposta para a região da cidade onde mais se sentem em casa foi unânime: no bairro da Graça. A justificativa também vinha em coro: porque a região é idêntica a Santa Teresa.
É inegável. As semelhanças entre a Graça lisboeta e a Santa Teresa carioca são muitas. Ambos são bairros recheados de casarões históricos, com jeitão de cidade do interior. Têm uma vida própria, com seus mercadinhos, quitandas, lojas com ares de outras épocas e associações de bairro. Ficam no alto de colinas e, portanto, descortinam belas vistas da cidade. E têm bondinhos elétricos.
A Graça, localizada imediatamente acima de Alfama, ao lado do Castelo, é uma deliciosa volta ao tempo em Lisboa. Caminhar por suas ruelas calçadas de pedras, perder-se por seus becos ladeados por casarões de fachadas em tons pastéis ou demorar-se em seus cafés é dos programas mais gostosos da cidade. E ainda há os miradouros…
A localização estratégica do bairro, no topo de uma das sete colinas da cidade, contribui para que a região ainda tenha as melhores vistas da cidade. É só escolher. Tem a do Miradouro do Largo da Graça, onde há uma simpática esplanada para acompanhar o visual com uma taça de vinho na mão, há o Miradouro de Nossa Senhora do Monte… E esses são apenas os mais famosos.
E um tempo atrás, as obras urbanas no Largo da Graça (o coração do bairro), que pareciam sem fim, terminaram. E a cidade ganhou de volta um de seus cantinhos mais especiais.
O momento é mais que perfeito para visitar – ou revisitar – a Graça. E, entre uma vista e outra, brindar com petiscos tipicamente portugueses no wine bar Graça do Vinho; provar as delícias do restaurante O Pitéu da Graça (pense em bacalhau, carapauzinhos, amêijoas…), sempre concorrido; se deliciar com os delicados crepes do novo Le Bar à Crêpes; e embalar as tardes e noites no Botequim, um dos meus bares preferidos em Lisboa. Talvez porque tenha um familiar ar carioca. Ou talvez porque seja só impressão mesmo.