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Alagoas

Por Adrian Medeiros
Atualizado em 19 dez 2016, 08h59 - Publicado em 9 set 2011, 20h06

De um lado do leque, mar e praias espetaculares. De outro, o Rio São Francisco. Cortando o território, rios como São Miguel, Tatuamunha, Coruripe. Sem contar, claro, as lagoas que ajudaram a dar nome ao estado: Mundaú, da Anta, Jacarecica… É quase inacreditável que, com o título de Paraíso das Águas, Alagoas – especialmente sua população sertaneja – continue a sofrer com a seca. E pensar que lá se vão mais de setenta anos desde que o escritor Graciliano Ramos, alagoano, contava em Vidas Secas a saga de retirantes nordestinos lidando com a fome e a pobreza na caatinga… Mas o contraste é mesmo a marca desse território minúsculo e belo. Com uma economia que já dependeu totalmente da cultura da cana-de-açúcar, Alagoas descobriu, no fim da década de 70, que seus encantos naturais poderiam trazer riqueza. Baseados na capital, Maceió, turistas brasileiros e estrangeiros se esbaldam na orla de Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca e, aproveitando as curtas distâncias, partem para bate-voltas diários. Para o norte, Paripuera marca o início da Costa dos Corais, com arrecifes e piscinas naturais. Daí em diante é uma sequência emocionante de imagens de cartão-postal: Barra de Santo Antônio, a selvagem Carro Quebrado, Barra do Camaragibe, os peixes-bois que vivem entre as águas do Rio Tatuamunha e as piscinas naturais de São Miguel dos Milagres, a praia do momento. No sentido sul, Marechal Deodoro, a antiga capital do estado, às margens da Lagoa Manguaba, mostra sua arquitetura do século 18. Ali pertinho estão as famosas Praia do Francês, Barra de São Miguel e Gunga, sempre lotadas nos fins de semana e alta temporada, além de Coruripe, cujas praias de areia finíssima foram o lar dos temidos índios Caetés no início da colonização. Ao se embrenhar interior adentro, em território que já pertenceu à Capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho no século 16, o turista vai encontrar cidades como Penedo, a mais antiga, às margens do São Francisco. Com uma história marcada por séculos de disputa de terra e plantio de cana-de-acúcar, Alagoas assistiu ao surgimento de poderosos usineiros, que ainda hoje controlam setores políticos e econômicos da região. Os negros africanos escravizados para trabalhar nos engenhos deixaram como herança a comunidade quilombola, no alto da Serra da Barriga, no município de União dos Palmares. No refúgio em que resistiram por quase 100 anos, hoje está instalado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que guarda a reconstituição de edificações da época. Já em Piranhas, no alto sertão, há marcas de outro momento histórico importante, dos anos 1920 e 1930, quando os alagoanos foram aterrorizados pelo cangaço liderado por Lampião. Renderão boas histórias um passeio pelo Rio São Francisco, uma visita ao Museu do Sertão e uma ida ao povoado de Entremontes, tombado pelo Patrimônio Histórico e com uma comunidade de bordadeiras que sustenta a economia do lugar com seu delicado trabalho manual.

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