Ainda que o skyline de Nova York mereça ser observado do maior número de ângulos possíveis, a quantidade de observatórios na megalópole já parecia ser mais do que suficiente. Só nos últimos anos, os tradicionais Empire State Building e Top of the Rock ganharam dois concorrentes, com o perdão do trocadilho, à altura: o One World Observatory, no 100º andar do One World Trade Center, e o Edge Observation Deck, mirante a céu aberto mais alto do ocidente que faz parte do fenômeno turístico-imobiliário de Hudson Yards. Porém, antes mesmo da sua inauguração em 21 de outubro, o novo Summit One Vanderbilt reverteu essa ideia – e provou que está longe de ser só mais um mirante na Big Apple.
Onde fica o Summit?
Quem já esteve em Nova York certamente deu uma passadinha na Grand Central Terminal, luxuosa estação ferroviária que é presença constante nos filmes. Pois então, logo ao lado dela foi construído o arranha-céu One Vanderbilt, que inaugurou em setembro de 2020 como parte de um projeto de revitalização de Midtown, o miolo da ilha de Manhattan. Com 397 metros de altura, ele é o quarto prédio mais alto da cidade, perdendo apenas para o One World Trade Center, a Central Park Tower e a residencial Steinway Tower. Ou seja, um lugar de fato propício para se montar um observatório.
Por que o Summit é diferente?
Um elevador todo espelhado leva os visitantes ao 91° andar do One Vanderbilt, onde o artista Kenzo Digital montou a sua instalação “Air”. Vale começar explicando que Kenzo Digital é um artista conceitual famoso por combinar cultura pop e tecnologia: é ele quem está por trás dos cenários digitais usados nos shows da Beyoncé e dos videoclipes mais psicodélicos de Kayne West.
Para o primeiro andar do Summit, ele construiu um conjunto de três espaços diferentes. O primeiro é um enorme salão com espelhos sobrepostos que dão a impressão de que as pessoas estão presas nos padrões impossíveis de M.C. Escher. Na sequência, uma outra sala tem espelhos circulares que produzem reflexos infinitos. A última, mais lúdica, foi preenchida com balões espelhados, posicionados em diferentes alturas. Como há espelhos por toda parte, inclusive no chão, a recomendação é não usar saias no dia do passeio.
Depois de pirar nas criações do Kenzo Digital, a visita continua em uma estação batizada de “Levitation”. Como o nome já sugere, a proposta aqui é sentir que está levitando dentro de cabines com chão de vidro, que se debruçam para fora dos limites do prédio a 324 metros de altura. A proposta é a mesma do SkyDeck de Chicago e do recém-inaugurado Sampa Sky. Quer mais emoção? Pagando US$ 20 a mais no ingresso, é possível embarcar em um elevador com chão de vidro à la Willy Wonka, o “Ascent”.
Por fim, o 93º andar guarda o bar Après, com um lounge coberto e um terraço ao ar livre. Desnecessário dizer que a experiência inclui mais janelões de vidro. Aqui, a gastronomia ficou por conta do restaurateur Danny Meyer, dono de restaurantes nova-iorquinos famosos como o Union Square Café e o Shake Shack.
Tá, mas e a vista?
O mundo vem ganhado cada vez mais atrações desenhadas especialmente para que os turistas tirem selfies. Não é o caso do Summit. Apesar das instalações do Kenzo Digital serem bastante fotogênicas, elas valorizam e de certa forma até reproduzem as paisagens do entorno, que são o objetivo de um observatório.
“Com o Air, eu quis criar um espaço onde a sensação inebriante que Nova York me proporciona fosse compartilhada com você, o visitante; um lugar que presta homenagem a tudo que Nova York é, pode ser e será. O Air é uma imersão na natureza no coração de Manhattan, um Central Park no céu. Seja ao nascer ou pôr do sol, céu azul ou nuvens, chuva ou neve, os padrões climáticos são ampliados”, explica Kenzo.
Fora essa caráter artístico, o principal diferencial do Summit é provavelmente a sua vista para os concorrentes: de lá é possível admirar o Empire State Building, o Top of the Rock e também o Edge Observation Deck em Hudson Yards. O novo mirante ainda proporciona uma visão única dos detalhes do Chrysler Building, um dos mais bonitos da cidade do ponto de vista arquitetônico. Para completar, também fazem parte do cenário o prédio da ONU, o Central Park e o Hudson River.
A brasileira Martha Sachser, que mora em Nova York e publica dicas da cidade, visitou o Summit antes da abertura oficial ao público e deu a dica: no outono, a faixa horária entre 18h e 20h garante a luz perfeita para tirar fotos e permite admirar tanto o visual diurno quanto o noturno. Porém, a atração cobra US$ 10 adicionais para visitas ao pôr do sol. No vídeo abaixo, ela mostra como foi a sua visita:
Serviço
Os ingressos devem ser adquiridos com antecedência pelo site e custam a partir de US$ 39, dependendo do horário e do tipo de visita. São cobrados US$ 10 a mais para conhecer o mirante durante o pôr do sol e US$ 20 a mais para andar no elevador “Ascent”.
O mirante exige a apresentação de um comprovante de vacinação e recomenda que os visitantes sigam um certo dress code: nada de sapatos que possam danificar os pisos de vidro, como sandálias de salto alto, e roupas que possam acabar revelando mais do que deveriam nos espelhos no chão. A presença dos materiais reflexivos por todo lado também faz com que a luz se intensifique muito, então é recomendado levar óculos de sol.
Dono um dos observatórios mais tradicionais de Nova York, o Rockefeller Center já deu indícios de que pretende se atualizar para não ficar para trás dos novatos. Acima do Top of the Rock serão instalados dois novos mirantes. O primeiro reproduzirá “Almoço no topo de um arranha-céu”, de Charles C. Ebbets. A icônica foto tirada 80 atrás, durante a construção do edifício, mostra trabalhadores sentados em uma viga a 69 andares do chão com o Central Park ao fundo. O segundo, batizado de “Top of the top”, será uma plataforma com mosaico no piso e ferramentas audiovisuais. Ainda não há previsão de inauguração dessas atrações.
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