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Califórnia: roteiro pelas garagens e empresas do Vale do Silício

A casa do Mark Zuckerberg e do Steve Jobs, o quartel do Google, a garagem onde nasceu a HP, a loja diferentona da Apple e uma seleção de hotéis fantásticos

Por Gabriela Erbetta e Bárbara Ligero
Atualizado em 15 dez 2023, 19h47 - Publicado em 15 dez 2023, 14h03
Google Visitor Center, Mountain View, Califórnia, Estados Unidos
O Google possui um complexo dedicado a receber visitantes em Mountain View (Google/Divulgação)
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Como você acha que vivem os bilionários pontocom no Vale do Silício, na Califórnia? Guaritas, muros altos, cerca elétrica, seguranças armados até os dentes? Nada disso. Steve Jobs, por exemplo, morava em uma casa de tijolinhos, rodeada por uma cerca baixinha, no número 2101 da Waverley Street, em Palo Alto (confira o mapa no final da matéria).

Tirando proveito da aparente desproteção da casa, não é incomum aparecer carros rodando devagarinho pela rua, com curiosos apontando a propriedade transformada involuntariamente em atração turística porque pertenceu ao homem-símbolo da marca mais valiosa do mundo.

O criador da maçã não foi o único ícone da tecnologia a se fixar em Palo Alto: Mark Zuckerberg, do Facebook (agora Meta), é outro residente ilustre. Com pouco mais de 60 mil habitantes, a cidade é o epicentro do Vale do Silício, conhecido como o berço de algumas das mais famosas e rentáveis empresas de tecnologia do planeta. 

Também é o melhor ponto de partida para, em dois ou três dias, percorrer a região em um legítimo geek tour, com direito a visitar o ótimo Computer History Museum, encarar um test-drive nos modelos elétricos da Tesla Motors ou fazer comprinhas numa Apple Store diferente.

Primeira providência: alugar um carro. Embora algumas cidades da área sejam servidas pelo Caltrain – com confortáveis vagões que fazem a linha San FranciscoSan José, no norte da Califórnia –, o Vale do Silício é melhor de ser explorado quando você está na direção. 

Andar motorizado permite deslocamentos fáceis em Palo Alto e ao longo de municípios como Menlo Park, Cupertino e Mountain View, todos vizinhos, próximos e ligados pela Interstate 280. E a melhor notícia: não é preciso fazer apenas um bate-volta de San Francisco. Nos últimos anos surgiram excelentes hotéis, que você encontra ao final da reportagem. 

Palo Alto

Durante as andanças pelo Vale do Silício, você verá em todo lugar estações de recarga para carros elétricos. É muito provável que cruze, ainda, com um Model S, o cobiçadíssimo veículo do gênero fabricado pela Tesla Motors. Repare: ele não tem maçaneta. Bem, pelo menos não de uma forma convencional. Para saber a razão disso e descobrir como o apetrecho funciona, agende um test-drive no showroom da marca, em Palo Alto

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Depois, vale dar uma olhada na garagem da 367 Addison Avenue, onde surgiu a Hewlett-Packard, ou simplesmente HP, e dali seguir para a residência de Mark Zuckerberg, no número 1456 da Edgewood Drive – consta que o garoto-prodígio do Facebook comprou as quatro propriedades que rodeiam a sua. E, como voyeurismo pouco é bobagem, vale também espiar o endereço onde viveu Steve Jobs, na 2101 da Waverley Street.

Garagem da HP, Palo Alto, Califórnia, Estados Unidos
A garagem onde nasceu a HP (Oysterboy9/Wikimedia Commons)

Quem quiser conferir – apenas por fora – a garagem em que Jobs e Steve Wozniak criaram os primeiros computadores da Apple, em 1976, precisa rodar um pouco mais, até a 2066 Crist Drive, em Los Altos

De volta a Palo Alto, a Universidade de Stanford foi celeiro de iniciativas que resultaram na criação de símbolos tecnológicos como a HP e o Google, entre outros, e também apresenta uma face mais, digamos, erudita. 

O acervo do Cantor Arts Center, museu instalado dentro do campus, reúne antiguidades egípcias, máscaras africanas, artefatos de povos primitivos americanos, telas, fotografias e também uma das maiores coleções das obras de Auguste Rodin fora da França.

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Cantor Arts Center, Stanford University, Palo Alto, Califórnia, Estados Unidos
O Cantor Arts Center guarda uma das maiores coleções de Rodin fora da França (Facebook/Reprodução)

Quem sai da escola pela Palm Drive cai direto na University Avenue, centrinho de Downtown, com lojinhas, bares e restaurantes enfileirados, como a lanchonete Sliderbar (número 324). Para um autêntico café da manhã ao estilo dos diners americanos, com direito a bacon e ovos, experimente o Palo Alto Creamery (566 Emerson Street), que conserva na fachada o letreiro de quando se chamava Peninsula Fountain & Grill.

Menlo Park

Sheryl Sandberg, braço-direito de Mark Zuckerberg, mora na 1265 San Mateo Drive, em Menlo Park. Sua casa, uma enorme construção moderna de linhas retas, destaca-se em meio à arquitetura mais tradicional da vizinhança. 

Na mesma cidade, o quartel-general da Meta passou por um processo de expansão em 2018 e ganhou prédios assinados pelo badalado arquiteto canadense-americano Frank Gehry, que projetou o Guggenheim de Bilbao e o Walt Disney Concert Hall de Los Angeles. 

Não é permitido entrar nos edifícios, mas os visitantes podem admirá-los do lado de fora enquanto caminham ou passeiam de bicicleta pelos quase nove hectares do Meta Park. Aberto em janeiro de 2022, o parque fica entre os prédios 21 e 22 (o acesso é pela 1 Facebook Way). 

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Meta, Menlo Park, Califórnia, Estados Unidos
Frank Gehry projetou os prédios da Meta, em Menlo Park (Meta/Divulgação)

Cupertino

A cerca de 25 quilômetros de Palo Alto, em Cupertino, fica a sede da Apple. Chamado de Apple Park, o complexo consiste em um prédio circular revestido por painéis de vidro curvos, que lembra muito uma nave espacial. 

Quem não trabalha ali só consegue ver um pedacinho do prédio ao longe, a partir do centro de visitantes. Ali há um café e uma loja, a única da marca que, além de iPads e iPhones, vende casacos, bonés, canecas, garrafas e lembrancinhas enfeitados com a maçã.

Apple Park Visitor Center, Cupertino, Califórnia, Estados Unidos
O centro de visitantes da Apple é cercado por paredes de vidro (Apple/Divulgação)

Mountain View

Saindo dali, pegue a State Route 85 em direção a Mountain View e reserve uma tarde para curtir o acervo do Computer History Museum, que vai dos ábacos dos primórdios da tecnologia ao advento da internet. 

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Repleto de vídeos e gravações (dá para ouvir Steve Wozniak, sócio de Jobs, contando como foi produzido o Apple II, por exemplo), tem também algumas experiências interativas, como um ancestral jogo de Pong no protótipo de um Atari. 

Computer History Museum, Palo Alto, Califórnia, Estados Unidos
O Computer History Museum ajuda a entender como se desenvolveram as tecnologias tão presentes no cotidiano de hoje (//Divulgação)

Pertinho dali, vale dar uma caminhada pelos gramados do campus do Google, conhecido como Googleplex, para ver as bicicletas coloridas que servem de meio de transporte para os funcionários, a quadra de vôlei de praia, esculturas de artistas locais e a reprodução de um esqueleto de tiranossauro rex em tamanho natural.

Os visitantes são recebidos em um dos prédios mais belos do complexo, o Gradient Canopy, cujo telhado ondulado capta a energia solar. Ali dentro, o Google Visitor Experience reúne café, espaço onde são realizados workshops (veja a programação aqui) e uma loja com produtos Google – há desde celulares, tablets e fones da marca Pixel até produtos feitos por artesãos e pequenos empreendedores locais.

Google Visitor Center, Mountain View, Califórnia, Estados Unidos
O café do Google é colorido como o logo (Google/Divulgação)
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Half Moon Bay e Santa Cruz

Missão geek cumprida, é hora de aproveitar as outras atrações da região. Se sobrou fôlego, ou tempo, estenda a viagem até uma das praias. A menos de 40 quilômetros de Palo Alto, a minúscula e pacata Half Moon Bay recebe um trânsito constante de surfistas corajosos o suficiente para encarar os Mavericks – ondas a partir de seis metros para havaiano nenhum botar defeito. 

Ao sul da baía de San Francisco, outro point de surfe é Santa Cruz, que guarda resquícios da era flower power e o divertido Santa Cruz Beach Boardwalk, um parque de diversões centenário instalado à beira-mar. 

Santa Cruz Beach Boardwalk, Califórnia, Estados Unidos
Terminado o roteiro geek, há ainda praias para explorar. Na foto, a montanha-russa do Santa Cruz Beach Boardwalk (//Divulgação)

SERVIÇO

ONDE FICAR

É comum conhecer o Vale do Silício em bate-voltas de San Francisco: são cerca de quarenta minutos de carro até Palo Alto. Porém, a região que concentra empresas de tecnologia viveu um boom de hotéis luxuosos que valem uma estadia mais longa.

A própria Palo Alto ganhou, no final de 2020, um hotel da rede Nobu (nota 8,4/10 no Booking). Assim como as outras unidades da rede espalhadas pelo mundo, a hospedagem possui quartos inspirados nos ryokans japoneses, janelas que vão do chão ao teto e uma paleta de cores neutras que prometem relaxar mesmo os mais estressados figurões da big tech. Como não poderia ser diferente, ali há uma unidade do restaurante Nobu.

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O Four Seasons  (nota 8,7/10) é outra rede de luxo a ter uma unidade em Palo Alto. O prédio contemporâneo, a poucos minutos da Universidade de Stanford, tem spa e piscina na cobertura. Para uma estadia mais despretensiosa, veja o Hotel Citrine (nota 8,7/10), hospedagem boutique e eco-friendly aberto em 2021: foi construído com materiais sustentáveis e disponibiliza bicicletas aos hóspedes.

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A tendência sustentável também está presente no novo The Ameswell (nota 9,2/10), em Mountain View, que almeja ser a hospedagem mais “verde” do Vale do Silício. O hotel, que abriu as portas em 2021, está caminhando para se tornar neutro em emissão de carbono e eliminou 96% dos plásticos, além de filtrar e reutilizar todo o óleo de cozinha. Os hóspedes encontram quartos de design moderno, com toques de azul e laranja na decoração.

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Ainda em Mountain View, o Hyatt Centric (nota 8,7/10), de 2019, tem acomodações minimalistas e faz homenagens às paisagens californianas na decoração: atrás do balcão da recepção, um painel mostra imagens das colinas da região e os corredores dos quartos são repletos de fotografias dos vales e montanhas de Santa Cruz. 

Em Menlo Park, o Park James (nota 8,7/10) tenta resgatar o passado da cidade antes da chegada das empresas de tecnologia: madeira por todos os lados, poltronas de madeira e quadros de cavalos remetem à época em que a região era dominada por ranchos. 

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Já o Rosewood Sand Hill tem dimensões e amenidades de um resort: fica em meio a um jardim de seis hectares em Menlo Park, com suítes espaçosas, um restaurante, dois bares, piscina e spa.

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Busque outras opções de hospedagem no Vale do Silício

ONDE COMER

O Bird Dog é um dos restaurantes mais badalados de Palo Alto desde a sua abertura: fusiona culinária asiática e californiana. 

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Já no Ettan, a cozinha da Califórnia se mistura com a da Índia nas mãos do chef Srijith Gopinathan, que conquistou duas estrelas Michelin no restaurante Campton Place, em San Francisco.

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No Tamarine, a inspiração vietnamita está tanto nas obras que decoram o salão quanto no menu, onde também figuram drinques bem preparados.

O clima é mais descontraído no Local Union 271, que mantém uma rede de produtores locais (como fazendas, laticínios, padarias, pesqueiros e vinícolas) para servir refeições saudáveis feitas com ingredientes orgânicos.

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Não deixe de provar os lámens do Ramen Nagi, que abriu as portas primeiro em Palo Alto e hoje possui unidades espalhadas pela Califórnia. O Bevri, por sua vez, foi o primeiro restaurante da região dedicado às tradições gastronômicas da Geórgia: experimente o khachapuri, espécie de esfirra em formato de canoa, acompanhado de um vinho georgiano.

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Também é hit na cidade a Manresa Bread, que mói a própria farinha e utiliza fermentação natural para fazer pães, doces, croissaints, pain au chocolat e cookies. Outra opção é a Mademoiselle Colette, com unidades em Palo Alto e Menlo Park, de pastelaria francesa.

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Para drinques, considere o sofisticado Zola.

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O mapa a seguir mostra todas as atrações (azul), hotéis (verde) e restaurantes (vermelho) citados na matéria:

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