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Um lugar na história para o povo sicán

Cultura lambayeque, que se desenvolveu paralelamente ao esplendor chimú, pode ser conhecida a partir de Chiclayo

Por Fábio Vendrame
Atualizado em 16 dez 2016, 08h20 - Publicado em 29 out 2012, 16h26
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  • A jornada ao litoral norte do Peru, berço das primeiras civilizações sul-americanas, prossegue na amistosa Chiclayo, capital do departamento de Lambayeque, a 205 quilômetros de Trujillo. A cidade tem cerca de 570 mil habitantes e conserva ares provincianos, embora tenha um trânsito alvoroçado e ruidoso. Com boa infraestrutura, serve de base para explorar a região de Sipán e do Bosque de Pómac, considerada por muitos uma espécie de parque de diversões dos fãs de arqueologia.

    Naquelas paragens foi realizada, há 25 anos, a mais importante descoberta arqueológica do fim do século passado: o Senhor de Sipán. Desde então, outras revelações continuaram sendo feitas, enriquecendo e ao mesmo tempo lançando novas perguntas sobre uma história com mais de dois mil anos. O trabalho arqueológico não tem data para terminar. E a equipe do arqueólogo japonês Izumi Shimada comprovou isso durante a década de 1990.

    Simultaneamente ao esplendor chimú, florescia também a cultura sicán (ou lambayeque) por volta de 700 d.C. Em Ferreñafe, a 40 minutos de Chiclayo, está o Museu Nacional Sicán, cujo acervo exibe os tesouros arqueológicos extraídos em meados dos anos 90 das tumbas encontradas sob as ruínas da Huaca El Loro. As instalações do museu são modernas e totalmente adaptadas a pessoas com dificuldade de locomoção.

    O artigo mais elaborado do acervo é a máscara mortuária, ou toucado ritual, do governante máximo sicán. Trata-se de uma peça suntuosa toda trabalhada em ouro e com esmeraldas incrustadas nos olhos. Outro item representativo é o tumi, faca cerimonial em forma de meia lua que traz a figura de Naylamp, o deus inspirador da cultura sicán.

    Depois de anexar o território sicán ao Tahuantinsuyo, os incas adotaram o tumi e preservaram seu uso ritual. Hoje em dia, réplicas da peça são vendidas nas lojas de souvenirs em Cusco como lembrança incaica, mas, na verdade, agora você já sabe que se trata de um artigo com a marca registrada sicán.

    Bastante didática e interativa, a exposição esmiúça os trabalhos desenvolvidos pela equipe liderada por Shimada. Além de resgatar relíquias inestimáveis e provar que os lambayecanos (sicáns) experimentaram grande evolução no manejo do ouro, da prata e do cobre, o arqueólogo japonês e seu time também foram os responsáveis por reivindicar um lugar na história para a cultura sicán – também chamada de lambayeque por conta da região em que se encontra.

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    Vale ressaltar que a denominação sicán nada tem a ver com Sipán: a primeira diz respeito a uma civilização específica, enquanto a segunda é o nome da região em que está a Huaca Rajada, onde foi encontrado o sarcófago do famoso governante da civilização moche.

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