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Nossa repórter está hospedada em um hotel à beira do caos

Funcionários entraram em greve e falta comida para os hóspedes: leia o relato da situação do Itacaré Eco Resort, na Bahia

Por Anna Laura Wolff, de Itacaré, na Bahia
Atualizado em 21 jul 2021, 17h22 - Publicado em 11 out 2015, 01h23
Itacaré Eco Resort, na Bahia
Itacaré Eco Resort, na Bahia (/)
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Sabe aquele pensamento meio assustador que costuma vir à nossa mente antes de uma viagem? E se o carro quebrar no caminho do aeroporto? Ou se o voo for cancelado? Ou ainda se não houver reserva nenhuma no hotel?

Desta vez, algo ainda mais bizarro aconteceu: segundo os funcionários, após três meses de enrolação com a folha de pagamento (e vários atrasos que vêm ocorrendo há pelo menos um ano), quase todo o pessoal do Itacaré Eco Resort decidiu entrar em greve.

O resort está entre os melhores cotados da costa da Bahia, e sua estrutura conta com 56 apartamentos de alto padrão, três piscinas e praia privativa. Uma vez que os bens do dono do hotel, João Cavalcanti, foram apreendidos com ajuda da Policia Militar na última sexta (9), seria difícil ver a cor desse dinheiro perdido tão cedo. Então tomei uma decisão: fiquei. E não estou sozinha: há mais 15 famílias que resolveram fazer o mesmo.

Pra não mentir que estamos sem estrutura, há cinco santos funcionários que estão trabalhando de graça e revezando turnos pra atender os hóspedes – até montaram um café da manhã improvisado neste sábado (10) depois de o dono aparecer e prometer um acerto das contas.

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Só que ele não resolveu muita coisa, já que o bar da praia, por exemplo, continua fechado porque não pagaram a conta de luz. No restaurante principal (sem cardápios porque os funcionários levaram embora), colocaram um cozinheiro e um garçom, mas os ingredientes estão em falta, a demora é absurda e o serviço, caótico, óbvio – e eles ainda estão cobrando o valor normal dos pratos, mesmo não tendo servido jantar, incluso na diária, até o momento.

Minha sorte foi ter alugado um carro. Assim posso me deslocar até Itacaré (o resort fica a cerca de 20 minutos) e comer no centrinho da cidade. Na sexta (9), não tinha nem garrafinha de água no hotel. O restante dos hóspedes está se virando com táxi e com a van do hotel, que não tem motorista fixo e horários malucos.

Não há shampoo e condicionador nos quartos, pois parece que os funcionários decidiram levar todos os amenities quando resolveram entram em greve – nada mais justo, afinal, seria a desforra dos funcionários em levarem as tranqueiras do hotel que eles tanto veem os hóspedes levar.

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O sinal da TV a cabo deve ser cortado amanhã, segundo o aviso da SKY no aparelho do meu quarto. Torçam por mim pra que não cancelem também o wi-fi!

À noite, um carro da polícia local fica parado em frente à recepção pra garantir o mínimo de segurança para os hóspedes – isso porque o hotel, reservado no meio da mata, tem acesso desde a famosa Prainha, cuja trilha desde Itacaré já teve vários relatos de violência. E nesta última noite de sábado, a energia elétrica foi cortada e estamos sendo abastecidos por um gerador movido a óleo diesel. Resta saber quanto óleo ainda temos…

Pra tornar mais real o “drama” de se hospedar em um hotel à beira do caos e quase fantasma, vou mostrar em uma sequência de posts minha estadia por aqui, a começar por fotos desse resortão incrível que virou meio cenário de Walking Dead – e vai ficar assim até sei lá quando.

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