Dia 1
9h: logo cedo
Uma imersão na cultura palermitana passa, necessariamente, pelos típicos mercados da cidade. O Ballarò, o mais tradicional, fica no bairro de Albergheria, o mais antigo de Palermo. A região é histórica, mas foi duramente atingida por bombardeios na Segunda Guerra Mundial e nunca se recuperou – ainda hoje é uma área degradada. Mas, próxima da estação central e uma esticada da Piazza Casa Professa ao Corso Tukory, a feira tem atmosfera única: vendedores aos gritos, barracas com frutas multicoloridas e produtos do campo ou do mar.
O lugar é famoso pelas comidinhas: cebolas e legumes assados ou cozidos, cazzilli (típicos croquetes de batata), ricota em tachos com pinoli ou pistache, polvo na grelha e a sicilianíssima frittola (carne de vitela frita). As rifas também são parte do folclore local: um senhor vende os números e, assim que acaba o boleto, pede para um dos vendedores dali revelar o vencedor – que fatura produtos ou dinheiro.
11h: cruzamento
Suba pelas vias Formaggi e dell’Università até chegar à Maqueda, rua só para pedestres cheia de restaurantes e pontos comerciais. Vire à direita na Piazza Bellini, que guarda as igrejas de San Cataldo e Santa Maria dell’Ammiraglio, de pé desde o século 12 e com douradíssimos mosaicos bizantinos bem conservados.
O local fecha das 13h às 15h30. Sempre reto, à esquerda, fica o entroncamento Quattro Canti, as quatro construções do século 17 na multidecorada Piazza Villena. São elas: Palazzo Reale, Monte di Pietà, Castellamare e Tribunali, cada uma com um bairro em suas costas, Albergheria, Seralcadio, La Loggia e Kalsa, nessa ordem.
12h30: de respeito
Para uma refeição rápida e barata, siga pela Via Vittorio Emanuele até o número 102 – é o bar Franco u Vastiddaru. Simples, com paredes azulejadas e poucas mesas, serve sanduíches recheados com frango ou miúdos fritos (os pani ca meusa são uma das comidas de rua mais celebradas em Palermo).
14h: cannoli!
O complexo da GAM (Galleria di Arte Moderna) fica a 500 metros do boteco na Via Sant’Anna. A galeria tem obras de artistas de todo o sul da Itália, mas com foco nos locais. Os arcos e as colunas do pátio interno, que recebe concertos, são joias arquitetônicas. Aproveite e passe na Antica Focacceria San Francesco. O lugar tem 183 anos e faz um dos mais famosos cannoli da cidade (é moralmente condenável passar pela Sicília sem provar o canudo de massa recheado com ricota). Peça um expresso para acompanhar.
16h: Fera do barroco
O grande gênio da escultura barroca siciliana forjou em Palermo as obras-primas de uma vida. Os oratórios de Giacomo Serpotta têm pé-direito altíssimo, semblantes alvos e poucos detalhes dourados. O Oratorio di San Lorenzo fica a 40 metros da Via Alessandro Paternostro, na Via Immacolatella, e tem uma cópia do quadro perdido de Caravaggio: Natività con i Santi Lorenzo e Francesco d’Assis, roubado nos anos 1960.
Dali, na Via Bambinai, está o Oratorio del Rosario di San Domenico. O quadro no altar é do belga Antoon van Dyck. Já o Oratorio di Santa Cita, na Via Valverde, tem a cena da Batalha de Lepanto e é a obra católica mais importante de Palermo.
20h: Jantar sulista
O restaurante Piccolo Napoli, de 1951, é um ícone do típico bairro Borgo Vecchio. Serve peixes e frutos do mar, mas a caponata, feita com berinjela, cebola, tomate e azeitonas, o alçou ao posto de destaque.
Dia 2
9h30: ruínas
A antiga cidade greco-romana de Solunto fica a 20 km de Palermo e tem o sítio arqueológico mais bem conservado da Sicília. Do Monte Catalfano, a vista do Mediterrâneo é linda. Para chegar lá, pegue um trem regional na estação central de Palermo e desça em Santa Flavia.
12h30: almoço leve
Volte à estação central e vá no ônibus 101 até a parada Don Bosco – são 30 minutos. O Bar e Pasticceria Alba serve arancini a granel, sanduíches e saladas. Vá de cuscuz de atum ou de salada de frutos do mar e guarde espaço para um sorvetinho no final: um copo grande (beeem grande).
14h: tom teatral
Dali até o Teatro Politeama Garibaldi são 30 minutos a pé pela Via della Libertà (ou 15 minutos com o ônibus 806). A construção neoclássica recebe montagens com a Orquestra Sinfônica de Palermo – compre ingressos para concertos via online. A entrada lembra arcos romanos se unindo depois ao corpo ovalado.
15h: e tem mais
O maior teatro do país, conhecido graças a O Poderoso Chefão 3, fica a dez minutos do Politeama Garibaldi. O site do Teatro Massimo, que recebe óperas e balés, divulga sua agenda. Mas dá para vê-lo por dentro até as 18h, diariamente.
16h30: muito ouro
Pegue o ônibus 108 para chegar mais rápido ao Palazzo dei Normanni, que já foi palácio real e hoje abriga a assembleia regional (o ponto fica na Piazza Castelnuovo). A fachada maciça contrasta com a extravagância da Capela Palatina, ricamente decorada com mosaicos bizantinos, ornamentação que começou a ser instalada no século 12.
18h: mais um docinho
Contorne a Piazza Indipendenza e vire na Via Colonna Rotta para provar outras delícias da confeitaria siciliana na Pasticceria Cappello. A pleno vapor há mais de 70 anos, a casa tem muffins ultramacios. E a torta freschezza di bosco, com musse de chocolate branco e frutas vermelhas, é inesquecível. A casa tem torrones embalados, ótima opção para presentes.
20h30: addio!
O bar Bocum Mixology tem um clima de speakeasy nova-iorquino e cardápio de inspiração asiática. É muito frequentado por locais para o aperitivo e pelos amantes de vinho. É uma despedida à italiana, ma non troppo.
Mais de bizâncio
Sim, as construções religiosas mais antigas têm inspiração bizantina. Mas, em Palermo, fica o suprassumo da referência: Monreale. Não existe no mundo igreja com mais mosaicos: praticamente toda a superfície é coberta por aquele tom de ouro, privilégio que apenas prédios muito antigos têm.
A igreja começou a ser edificada no século 12, e fica a 20 km do Centro. É estritamente proibido entrar na basílica com roupas curtas – mas funcionários disponibilizam um abrigo descartável aos desavisados.
Quando ir
O clima é agradável na primavera, de maio a junho, e no outono, de setembro e outubro. Julho e agosto são muito quentes. Na Toscana, vale ir no verão para ver campos de girassóis. Em Milão, a vida noturna ferve no verão. Mas Roma lota e tem calorão.
Documentos
Brasileiros não precisam de visto para ficar até 90 dias.
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