O que deveria ter sido uma viagem rotineira e sossegada se tornou um pesadelo para uma passageira que decidiu reclinar o assento em que estava sentada. Bastou isso para que o homem que viajava atrás começasse a bater e sacudir a poltrona da “infratora” – situação que ela expôs em suas redes sociais e suscitou uma discussão acalorada sobre a etiqueta dentro do avião. Veja abaixo:
O incidente aconteceu em um voo da American Airlines, de New Orleans para Charlotte, nos Estados Unidos. A passageira, Wendi Williams, registrou o momento em que o rapaz empurra seu assento para frente e para trás repetidamente e postou o vídeo no Twitter, agora com mais de um milhão de visualizações.
A versão da passageira
Wendi conta que já havia reclinado o assento quando o homem pediu que ela retornasse à posição vertical para que ele pudesse comer – o que ela atendeu. Assim que ele terminou a refeição, ela deitou novamente a poltrona. E foi quando começou o auê.
“A partir desse momento [do reclinar da poltrona], ele começou a bater”, ela tweetou. “Foi então que comecei a gravar e tentei chamar a comissária de bordo”. Segundo ela, o passageiro socou fortemente as costas da cadeira por nove vezes e só parou quando percebeu que estava sendo filmado. Na sequência, ele passou a chacoalhar insistentemente a poltrona, como pode ser visto no vídeo.
Para piorar a situação, de acordo com Williams, a comissária não ajudou. “Ela revirou os olhos para mim e disse ‘O que foi?’”, escreveu. Na sequência, a aeromoça teria oferecido rum de cortesia ao homem e exigido que a passageira excluísse o vídeo. Wendi ainda conta que recebeu uma advertência da funcionária e foi ameaçada de ser escoltada para fora do voo.
A American Airlines disse, em nota, que está ciente da situação. “A segurança e o conforto dos nossos clientes e funcionários é a nossa principal prioridade e nosso time está investigando o caso”, comunicou a companhia.
A voz do povo
O tribunal do Twitter, sempre à postos, ficou dividido. Um dos pontos levantados em defesa do passageiro socador foi o fato dele estar sentado na última fileira do avião, com espaço reduzido e sem possibilidade de reclinar a própria poltrona – a atitude da passageira alvo dos sopapos, assim, foi considerada como falta de consideração por muitos.
“Você reclinou sua poltrona. O assento dele era fixo e não reclinava, então ele está esmagado naquele espaço”, comentou um usuário da rede social. “É injusto que a pessoa da frente deite seu assento quando o passageiro sentado atrás não consegue”, opinou outro.
Já apoiadores de Wendi argumentaram que reclinar a poltrona faz parte do que a companhia vende e está incluso no preço da passagem. “Você pagou como qualquer outra pessoa para estar naquele avião e deveria poder reclinar o seu assento. Se ele precisava de espaço extra, que tivesse comprado em outra fileira”, escreveu uma internauta.
Reclinar ou não reclinar, eis a questão
No geral, quem defende a atitude da passageira tem o seguinte argumento: se os assentos do avião são projetados para reclinar, por que os passageiros não teriam direito de fazê-lo? Mas essa opinião não é unânime: outros perfis declararam que deitar a cadeira é grosseiro e não fazê-lo é uma questão de etiqueta e bom senso. “É sinal de cortesia olhar atrás de você e, se tiver alguém, não reclinar. Você está invadindo o espaço alheio e, às vezes, as pessoas não têm a oportunidade de pegar um assento melhor”.
Alguns usuários foram menos radicais, afirmando que as pessoas têm o direito de reclinar, mas só depois de pedir permissão. Até mesmo o CEO da aérea Delta se envolveu: “A coisa certa a fazer é virar para trás e perguntar ao passageiro se tudo bem reclinar”, disse em entrevista à CNBC.
Diante de tantas divergências, uma posição foi praticamente unânime: a raiz do problema está nos espaços cada vez mais apertados das aeronaves. “Não é culpa do passageiro que as companhias aéreas encolheram o espaço dos aviões para caber mais e mais gente nos últimos anos”, tweetou um perfil. “As companhias não deveriam disponibilizar assentos que reclinam tanto a ponto de perturbar excessivamente a pessoa que está atrás”, comentou outro.
E algumas empresas estão de fato tomando consciência do problema. Bem, pelo menos uma: no ano passado, os assentos da Delta (tanto na econômica quanto na primeira classe) tiveram sua inclinação reduzida com a intenção de evitar atritos como o que ocorreu na American Airlines.
No fim das contas, não existe um manual e muito menos regras para lidar com uma situação como a que ocorreu no voo da American Airlines. O importante é analisar a situação e agir com o máximo de bom senso possível – e, definitivamente, jamais tentar resolver a situação socando o assento alheio.