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Novidades fresquinhas para visitar em Nova York

Uns dias sem respirar, de tanta coisa para ver em NY. E de lá pra Chicago, Boston e Washington. As vizinhas são pertinho, são incríveis - vai, que vale!

Por Betina Neves
Atualizado em 16 dez 2016, 07h45 - Publicado em 3 dez 2014, 20h25

É delírio?

A cidade mais novidadeira do planeta muda o tempo todo, pra todos os lados. Áreas inteiras recauchutadas, lojas, alta cultura, cultura pop, comida, bebida, soluções urbanas. NOVA YORK tem sempre tanta coisa fresquinha e incrível pra ver que às vezes parece até um estado de alucinação.

Na comédia Depois de Horas,dirigida por Martin Scorsese em 1985, o protagonista é um sujeito que acaba sendo atraído às ruas então escuras e perigosas do SoHo à procura de uma mulher. Ele a encontra no lof de uma artista e passa uma noite surreal entre punks e outros tipos. Quem diria que aquele é o mesmo SoHo em que hoje você faz comprinhas na Prada e na Victoria’s Secret?

E daria para contar essa mesma historinha de vários outros bairros. Muito da frenética energia que fui pelas veias de Nova York tem a ver com o interminável fuxo de ideias de artistas, músicos, empresários e restaurateurs incentivados pela gentrifcação (aquele processo em que o boom imobiliário faz as pessoas procurarem regiões com aluguéis mais baratos) que metamorfoseia regiões inteiras, o tempo todo. É o motivo pelo qual o Brooklyn está bombando e pelo qual, não importa quantas vezes você já tenha visitado a cidade, vai ter sempre um cantinho antes dominado por traficantes/galpões industriais/imigrantes que agora está cheio de boas novidades. E, é claro, seus clássicos, que serão sempre clássicos. Aqui, um resuminho do que você precisa saber para ir a Nova York… AGORA!

Já faz algum tempo que o Downtown gentrificou, mas a parte sul de Manhattan mantém e recicla seu brilho. Minha sugestão é que você saia da zona de conforto e das lojas mainstream do SoHo e suba para a Bleeker Street, percorrendo a rua desde West Village até a Bowery. Mil e uma lojinhas legais, muitas independentes, como o complexo The Market NYC, com banquinhas de designers vendendo roupas e objetos de decoração. Uma vez na Bowery, veja o fabuloso New Museum, que ocupa o prédio desde 2007. Ele está de cara para Nolita, um microbairro de butiques onde dá pra fcar a tarde toda passeando. Pare no café da livraria McNally Jackson Books ou no descoladinho Café Habana para um lanche.

A região de Tribeca vai virando cada vez mais alto padrão. Um de seus maiores embaixadores é Robert De Niro, que abriu o Greenwich Hotel e criou o Tribeca Film Festival, em abril. Hoje ele é só uma das celebridades que têm apartamentos por ali (como Meryl Streep e, pasmem, Murilo Benício), e o bairro virou point de ótimos restaurantes. Perto dali, o complexo do National September 11 Memorial & Museum está quase pronto, com o One World Trade Center, o terceiro mais alto prédio do mundo, tinindo de novo. Quando o museu abrir, em abril, os visitantes poderão ver, por exemplo, a “escadaria dos sobreviventes”, por onde muita gente conseguiu escapar dos prédios em chamas no atentado de 11/9. O memorial, dois enormes “cubos” com água descendo pelas laterais e os nomes daqueles que morreram, gravados é comovente. Para 2015 está prevista a estação World Trade Center, desenhada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Parte dela, uma passagem para pedestres com 30 metros, já está aberta ao público.

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O Lower East Side, antigo bairro de imigrantes, virou moda na última década e atraiu lojinhas e galerias. Mas o negócio ali é mesmo a vida noturna, ainda mais tendo East Village como vizinha. Eis um pequeno roteiro: comece no Momofuku Milk Bar, do chef coreano David Chang, que hoje tem um império de momofukus pela cidade. Ali ele se gaba de ter feito um milkshake com o gosto com que o leite fca quando o cereal acaba. Aí siga para uma happy hour no McSorley’s Old Ale House, um pub de 1854 que os turistas parecem não ter descoberto. As regras da casa: só dois tipos de cerveja, escura ou clara, e, se estiver cheio, você vai ter de dividir a mesa com estranhos. Tudo parte da experiência. Para o jantar, faça reserva no Pearl & Ash, que abriu no ano passado. Pequeno e estiloso, tem música alta (e boa) tocando, carta de vinhos top e pequenos pratos para dividir. Os drinques podem ser no Cake Shop, mais desencanado, ou no Attaboy, mais arrumadinho. O lanchinho da madrugada é no Pommes Frites, onde o pessoal faz fila para comprar cones de papel com batatas fitas belgas e uma variedade curiosa de molhos, como maionese de berinjela defumada. “Nós, nova- iorquinos, só fazemos fla quando algo é muito bom”, me disse meu amigo produtor de eventos Leland Fischer, enquanto abocanhava um punhado de batatas com ketchup com curry.

De solução urbana engenhosa, o High Line virou ponto turístico, cheio de gente posando para fotos. No caminho com bancos entre jardins que revitalizou um trilho de trem elevado fora de uso, a parte mais gostosa é o Diller-von Furstenberg Sundeck, onde tem umas espreguiçadeironas de madeira e vista para o rio. O último trecho, que será aberto ainda neste ano, vai completar a extensão total de 2,4 quilômetros e custará US$ 76 milhões. Chamado de High Line at the Rail Yards, sua marca será a Spur, uma estrutura em forma de tigela gigante lotada de árvores. Ali dá para espiar a tão falada nova sede do Whitney Museum of American Art, que vai abrir em 2015 um espaço de 6 mil metros quadrados projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano. O Chelsea continua sendo o distrito das galerias de arte contemporâneas.

Você pode já ir com algumas em mente, como a David Zwirner ou a Pace Gallery, ou simplesmente zanzar pelas “vitrines” das ruas 19, 20, 21 e 22 e entrar na que te apetecer mais. Ele fca do lado da excêntrica combinação de lojas tipo Tory Burch, Apple e Stella McCartney e dos prédios decrépitos do Meatpacking District. O almoço é inevitavelmente no Chelsea Market e seus temperos, sorvetes, tacos, queijos e lojas como a Anthropologie. Prove o brownie da Fat Witch Bakery.

Falando em doces: você já ouviu falar do cronut? Trata-se de um misto de croissant com donut que um sujeito chamado Dominique Ansel inventou e virou febre em 2013. Admito que eu não consegui chegar à sua padaria no SoHo a tempo para provar (aparentemente, pra garantir tem de chegar às 7 da manhã e ainda pegar fla). E essa é só uma das reinterpretações do donut, que está ganhando versões gourmet por todo lado. O pioneiro foi o Doughnut Plant, mas os mais inventivos são os da Doughnuttery, onde você escolhe o sabor do açúcar que vai cobrir seus minidonuts: o Cheeky Peach, por exemplo, é de pêssego, framboesa e pétalas de rosa.

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Overwhelming, uma palavra que signifca mais ou menos “algo tão intenso que sufoca”, poderia adjetivar quase tudo em Nova York, da vida cultural ao skyline. Mas principalmente sua cena gastronômica, cuja vastidão é difícil de acompanhar. Para provar os nomões do momento, você não precisa necessariamente consumir menus degustação de mais de US$ 200 (ainda que sejam um bom investimento). Daniel Humm, por exemplo, dono do melhor restaurante da cidade, o Eleven Madison Park, também assina o menu do hotel NoMad, que tem preços amigáveis. Gastropubs e restaurantes com pratinhos para dividir, como o Alder, o Estela e o Acme, viraram tendência. Os italianos, como a Osteria Morini, do talentoso chef Michael White, estão sempre na moda e sempre com novas adições, como o Carbone. Mexicanos moderninhos também pipocam, como o Mission Cantina, do chef de San Francisco Danny Bowien, e o Empellón Cocina. E o Sudeste Asiático está tendo seus 15 minutos de fama graças ao sucesso do Pok Pok New York, do chef Andy Ricker.

Não, não dá pra deixar de revisitar os museus clássicos. Não sei você, mas eu iria ao Museum of Modern Art (MoMA) de novo e de novo – até saber de cor a ordem das obras. O tamanho do Metropolitan Museum of Art (MET) assusta um pouco; em vez de fazer um tour só pelos highlights eu escolheria uma galeria para ver bem. Explorar a de pinturas e esculturas europeias dos séculos 19 e 20, por exemplo, e depois ir ao MoMA é uma aula de história da arte que te ajuda a entender como fomos de Delacroix a Andy Warhol. O PS1, ala de arte contemporânea do MoMA em Long Island City, parece fora de mão, mas está a apenas duas estações de metrô de Midtown. No Guggenheim e seu bacanérrimo prédio em espiral, há uma megaexposição de futurismo italiano rolando até setembro. São mais de 360 obras, algumas expostas pela primeira vez fora da Itália. Está lá Formas Únicas de Continuidade no Espaço, de Umberto Boccioni, aquele famoso homem-robô de bronze. Pertinho do museu, na Madison Avenue, acabou de abrir uma filial da Perrotin, a megagaleria de arte parisiense. Para iniciados, vale tentar o Museum of Arts and Design, em Upper West Side, ou o Cloisters, que guarda a coleção de arte e arquitetura medieval do MET num adorável parque pra lá do Harlem, com vista para o rio Hudson.

Você pode até não amar musicais, mas depois de ver algum há de concordar que os espetáculos da Broadway são quase sempre excepcionais, pelo menos em relação à produção. Já estão rolando algumas novidades, como Rocky (sim, do flme) e Aladdin, que dispensa apresentações. Matilda, considerado um dos melhores em 2013, é uma fofura só, e a atuação das crianças é chocante. Shakespeare tem sido o foco de diversos espetáculos Broadway e off-Broadway, como Twelfh Night e o favorito Sleep No More. A partir deste mês também está de volta Here Lies Love, a aclamada peça de David Byrne e do Fatboy Slim sobre as Filipinas durante a ditadura de Ferdinand Marcos. Você vai se movendo com o correr da apresentação, num ambiente de discoteca. A oferta de espetáculos é tão imensa que é fácil se perder. Nova York requer escolhas o tempo todo.

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