Melhor que conhecer um lugar é conhecer as pessoas que vivem nele
Um relato do dia em que conheci Themba, um gigante sul-africano que me mostrou Johannesburgo a partir da visão de vida dele - e foi inesquecível
Good morning, sir. How are you? My name is Themba! Assim se apresentou o gigante sul-africano que me esperava no saguão do hotel, ao mesmo tempo que me estendia a mão, para logo depois fazer aquele cumprimento clássico ao estilo zulu, no qual os homens se dão as mãos três vezes, a primeira no modo convencional, a segunda cruzando as mãos no estilo queda de braço e a terceira voltando ao início e chacoalhando com energia.
Eu fui até Johannesburgo para um evento e, como teria um dia livre, solicitei um carro com um motorista que fosse também um guia turístico. O que eu não sabia é que, de todos os lugares que conheceria, o mais interessante seria Themba.
Um traço é comum aos locais e às conversas na África do Sul: a coragem. Na visita ao Lesedi, uma espécie de parque temático antropológico, enaltece-se a coragem dos guerreiros das tribos que compõem a essência daquele povo, e o mesmo acontece na casa de Mandela, onde os guias não se cansam de falar das qualidades do Madiba.
De coragem em coragem, o dia passou rápido graças à presença do meu guia. Conheci bastante da história do país por meio da história de Themba.
Com 52 anos, ele viveu a segregação racial, foi humilhado, mas sente-se feliz por ter vivido para ver o fim do apartheid. Reconhece a importância de Nelson Mandela e também de Frederik de Klerk, o presidente branco que oficializou o fim do regime odioso. Muito lúcido, o meu motorista.
E, acima de tudo, dono de uma alegria contagiante. Enquanto almoçávamos, ele filosofou, dizendo que coragem depende de confiança. Quem não confia em si e em seus companheiros nunca será corajoso.
Quando nos despedimos, no final da tarde, mais uma vez ele me deu a mão no estilo zulu, seguido de um forte abraço. Viagens são assim. Conhecemos lugares, mas o melhor mesmo é quando conseguimos conhecer as pessoas.