MAC USP: um museu a ser redescoberto
Dos seis andares reservados para receber exposições, apenas o térreo está aberto à visitação, com a mostra gratuita <em>O Tridimensional no Acervo do MAC: Uma Antologia</em>
MAC – Museu de Arte Contemporânea da USP
Onde: Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, São Paulo
Quando: 3ª/dom 10h/18h
Quanto: grátis
Mais informações: 11/3091-3039, 11/5573-932, www.mac.usp.br
Corredores lotados, filas intermináveis, balcões repletos de documentos e cartazes pendurados nas paredes, em sua maioria, com informativos burocráticos. Esse cenário caótico do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) cedeu espaço ao Museu de Arte Contemporânea (MAC USP), que ganhou uma nova casa no dia 28 de janeiro, no imponente prédio projetado por Oscar Niemeyer, em frente ao Parque do Ibirapuera.
O conjunto arquitetônico recebeu um investimento de R$ 76 milhões da Secretaria de Estado da Cultura e foi repassado à Universidade de São Paulo (USP), responsável pela implantação e manutenção do complexo. Além da reforma em toda a estrutura, foram construídos outros dois edifícios anexos, totalizando uma área de 30 mil metros quadrados de arte.
Dos seis andares reservados para receber exposições e o acervo de 10 mil obras de Picasso, Matisse, Kandinsky, Tarsila do Amaral, Volpi e outros artistas, apenas o térreo está aberto à visitação, com a mostra gratuita O Tridimensional no Acervo do MAC: Uma Antologia. De acordo com Tadeu Chiarelli, diretor do museu, as obras serão implantadas paulatinamente até outubro de 2012. “Consideramos importante que o público fosse se familiarizando aos poucos com o novo espaço, o que também nos dá o tempo necessário para que a Secretaria de Estado da Cultura possa finalizar com alguma tranquilidade os andares que ainda precisam ser finalizados”, diz.
A professora de artes plásticas Rosângela Rodrigues, que aproveitou seu tempo livre para conhecer a nova sede do MAC USP, critica a estrutura. “Sinceramente estou decepcionada, porque esperava explorar mais o espaço. A impressão que eu tenho é que a inauguração foi improvisada”, diz. “Sei que não tem comparação, mas já visitei muitos museus na Europa e tive a oportunidade de conhecer acervos que não estavam expostos. No caso do MAC, existem várias obras guardadas que muitos nunca viram e que poderiam estar aqui”, complementa.
Ao visitar a exposição inaugural, com 17 esculturas sobre a crise que atravessam as artes visuais entre os anos de 1940 a 1990, o estudante de direito Elon Herrera reclamou da falta de monitores e das placas de identificação das obras. “Em plena a semana de abertura, estranhei não ter monitores para explicar sobre as peças expostas”, afirma. “A maioria das placas são ruins, pois não são detalhadas, só consta o nome da obra e do autor. Quem não entende de arte fica perdido”.
Hoje são necessários somente quinze minutos para conhecer tranquilamente todas as obras do térreo. Em maio, a visita deve render mais: estão prometidas as aberturas de três exposições dos artistas Rafael França, Julio Plaza e León Ferrari. Na ocasião, alguns andares serão liberados no edifício principal.
O fim dos espaços na Bienal e na Cidade Universitária
Desde 1963, o MAC USP ocupa o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, e um espaço na Cidade Universitária. Segundo Chiarelli, os dois lugares serão desativados. “Pretendemos oportunamente entregar à prefeitura o espaço no Parque do Ibirapuera. A sede na Cidade Universitária deverá passar por uma reforma para abrigar as atividades que atendem mais diretamente o perfil acadêmico do museu, como salas de aula para as disciplinas de graduação e pós-graduação, salas para pequenas exposições, salas de pesquisa, arquivos e a biblioteca”.
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