Há exatamente um ano, em 1º de janeiro, o Brasil acordava com a notícia de uma tragédia. Após chuvas torrenciais, parte da encosta da Enseada do Bananal, na Ilha Grande, desmoronou, soterrando residências e a Pousada Sankay, a melhor da ilha, segundo avaliação do GUIA BRASIL 2010. Na tragédia, 32 pessoas morreram. Em Angra dos Reis, no Morro do Carioca, houve mais deslizamentos de terra. O paraíso havia se transformado em um inferno. Passado o pesadelo, hoje, felizmente, pode-se dizer que a Ilha Grande se recuperou do golpe e já voltou a seu ritmo.
Para este verão, a expectativa é o dobro de turistas em relação ao ano passado. “Fizemos uma série de ações em feiras de turismo para mostrar que a ilha está pronta para receber os visitantes”, explica Amanda Salazar, gerente de projeto da Fundação de Turismo de Angra dos Reis. Da tragédia, uma das marcas remanescentes é a Pousada Sankay, que permance interditada pela Defesa Civil. Os donos, Sônia e Geraldo Faraci, que perderam a filha Yumi, de 18 anos, fecharam o negócio por tempo indeterminado.
Mas esse triste capítulo ficou no passado. A Ilha Grande, de destino de mochileiros a hotspot de tantos gringos, tem algumas das praias mais bonitas e preservadas do Brasil. São dezenas delas – alguns falam em 106 –, que, dependendo da localização, só podem ser acessadas por barco ou trilhas. Para chegar à ilha, o trajeto em barco regular, partindo de Mangaratiba ou de Angra, dura uma hora e meia. O desembarque é na Vila do Abraão, o centrinho da Ilha Grande. Exatamente por isso o Abraão foi escolhido para sediar a festa de Réveillon. Uma queima de fogos e um palco de música ao vivo são as atrações da virada. Outra tradição de Ano-Novo, a procissão marítima de Angra dos Reis, também está confirmada. A última edição foi cancelada por causa da catástrofe. Em 1º de janeiro, embarcações decoradas e tripulantes fantasiados desfilam pela Baía de Angra dos Reis.
Quem visitar a Ilha Grande a partir de janeiro vai conhecer o novo cais da Vila do Abraão, que teve o deque refeito. Nas estações do Abraão e de Santa Luzia, em Angra dos Reis, catracas eletrônicas vão assegurar o controle de embarque dos passageitos. No Abraão há também uma nova pousada, a Yes Pousada (24/3361-5715, www.yespousada.com.br; diárias desde R$ 150; Cc: D, M, V), inaugurada em janeiro de 2010, com quartos com TV de LCD, cofre digital e frigobar.
Mas, se o seu negócio for sossego, fuja do bochicho do Abraão. Uma das praias mais próximas é a Grande das Palmas, que tem a vantagem de estar a meio caminho da belíssima Lopes Mendes e de suas ondas tubulares. Do Abraão até Palmas há uma trilha de uma hora – ou meia hora de barco. A areia clara e as águas verdes de Palmas se estendem por cerca de 600 metros. Lopes Mendes, com sua vegetação densa e predomínio de amendoeiras e abricós, não tem construções nem cais. O acesso mais comum é atracar na Praia do Pouso – a que sucede Grande das Palmas – e percorrer a trilha de uma hora. Em sua primeira visita, o americano Chad Nicholson ficou encantado com a ilha. “Não tem carros nem trânsito. O lugar é relaxante”, disse à VT.
Outro roteiro imperdível a partir do cais do Abraão é no sentido oeste para a Lagoa Azul. Os barcos cobram de R$ 30 a R$ 40 por pessoa e a navegação dura 40 minutos. Primeiro há uma parada na Cachoeira da Feiticeira. Após o desembarque, uma pequena trilha leva até os 15 metros de queda-d’água. A viagem segue então para a Lagoa Azul, que na verdade é uma pequena enseada formada por várias ilhas. É hora de mergulhar com os peixes e descobrir o colorido dos corais. O lugar é um dos melhores pontos para mergulho e snorkelling da ilha. Para terminar, há uma parada em Japaris, praia que parece uma espécie de “praça de alimentação” dos passeios de escuna, para o almoço.
Se a lembrança do deslizamento na Sankay incomodar, é bom saber que aquelas chuvas foram atípicas. A quantidade de água que caiu em 24 horas foi a maior nos últimos dez anos. Mas tenha em mente que chuvas ocorrem no verão no Sudeste. Segundo a meteorologista Patricia Diehl, da Climatempo, as chances de chover em dezembro e janeiro na Ilha Grande são grandes, principalmente por causa do calor e da chegada das frentes frias, frequentes nesta época do ano.