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Fui confundida com gringa e senti como o Rio trata os turistas

Moro na França há quatro anos e, confundida com uma gringa, senti como o Rio de Janeiro trata os turistas estrangeiros – e a sensação não foi boa

Por Luiza Damásio
Atualizado em 10 dez 2018, 15h56 - Publicado em 5 out 2016, 14h38
Quem vai querer abacaxi? (Latinstock/)
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Em abril de 2014, eu trouxe o meu namorado francês e mais um casal de lá para conhecer a minha pátria-amada-Brasil – moro na França há três anos, e a saudade às vezes aperta.

Após um périplo por Minas Gerais, onde mora a minha família, e 327 pães de queijo depois, partimos, uhu, rumo ao Riôdejanerrô! A chegada de avião pelo cênico aeroporto de Santos Dumont garantiu uns 15 uh-lala, com aquela pista colada ao mar e o Cristo de braços abertos para nós.

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No Rio de Janeiro, subimos felizes ao Corcovado, mergulhamos em Ipanema e tomamos muitos mates gelados. Mas fiquei com a triste sensação de que nós, turistas, sobretudo os estrangeiros, somos muito mais do que boas iscas para a malandragem na Cidade Maravilhosa.

Somos peixe grande. E nem falo daquela malandragem caricatural à la Zé Carioca: é abusada mesmo. Falo de um taxista que decide colocar o taxímetro em bandeira 2 numa quinta-feira ao meio-dia por causa do idioma estranho que ele escuta dentro do seu carro, ou de outro que ficou dando voltas mesmo depois de eu ter indicado o caminho exato – e em bom português!

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Teve também o cara que aluga cadeiras na praia que cobra um valor na chegada e outro diferente na saída (e que triplica o preço no sábado).

Alguns amigos riram, falando que afrancesei demais. Talvez ali, naquela hora em que eu quis enterrar na areia a Dona Lurdinha, vendedora de camarão no palito que mandava ver nas cordas vocais enquanto eu tentava curar a ressaca das caipirinhas com uma cochiladinha…

Mas a verdade é que fiquei muito incomodada com tanta gente querendo me fazer de boba no meu próprio país, só porque eu estava meio disfarçada de gringa ao lado de uma turma de gringows.

Também fiquei encucada com o preço das coisas. Poxa, Dona Lurdinha, abaixa o preço desse camarão, vai? E o açaí, “gostosooooooo”, segundo a voz quase sexy do vendedor, docinho e crocante com aquela granolinha, mas salgado para o bolso!

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Era ano de Copa? Era. Mas em cima da gente, dessa forma tão descarada, pega mal! O Rio poderia tratar melhor seus visitantes. Assim ninguém vai querer voltar!

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