Uma penitenciária desativada e uma cidade-museu na Austrália
Um visual incrível, uma boa história - com as ruínas da penitenciária por ali - e acesso a uma cidade que é um museu a céu aberto
Lá no finalzinho da Austrália está o Estado da Tasmânia, uma ilha a 240 km da costa e com pouco mais de 500 mil habitantes. A capital do Estado é Hobart, de onde você pode sair para fazer um passeio bem interessante, explorando uma penitenciária desativada e uma “cidade-museu”. Que tal?
Estou falando de Port Arthur, considerado patrimônio nacional e uma das maiores áreas de museu ao ar livre. Nessa cidade, a 60 km da capital Hobart, foi construída uma prisão, que funcionou de 1843 a 1877. Apenas presos reincidentes eram mandados pra lá, onde existia um dos mais altos esquemas de segurança do sistema prisional britânico da época (a Austrália era colônia britânica nesse período).
A arquitetura da penitenciária é considerada um modelo bem-sucedido, com um centro de vigilância de onde se tinha a visão de todas as alas. O local também ficou conhecido por substituir os castigos físicos por castigos psicológicos, como redução de comida e lei do silêncio, por exemplo. A península onde Port Arthur está localizada é naturalmente segura, por estar cercada por água. O lugar era considerado como “inescapável”, sendo comparado mais tarde a Alcatraz, nos Estados Unidos.
Uma pequena cidade foi construída ao redor da penitenciária para dar a devida estrutura aos que trabalhavam ali. Casas, escola e igreja foram erguidos. A pedras usadas na igreja, por exemplo, foram lapidadas pelos detentos.
Poucos acreditaram no potencial turístico do lugar, apesar da paisagem natural maravilhosa ao redor. O prédio principal da penitenciária pegou fogo em 1897. Mas, ao contrário das ruínas, a cidade ao redor começou a evoluir com a chegada de pessoas interessadas em pesca, esportes náuticos e na beleza da natureza. A região veio a receber fundos, então, em 1979 como um destino turístico tradicional.
Considero a visita a Port Arthur um passeio completo. Você tem um visual incrível, uma boa história, com as ruínas da penitenciária por ali, e ainda tem acesso a uma cidade que é um museu a céu aberto. Grande parte das casas estão mantidas, mas sem moradores, como peças de um museu. Você entra nas casas, onde contam partes da história, e que estão mobiliadas, como se os moradores tivessem acabado de sair dali. A sensação é bem forte, pois é como se fosse tudo muito recente e a qualquer momento você fosse ser surpreendido por alguém perguntando o que você está fazendo em sua residência. Você tem acesso à casa do comandante, ao consultório médico… Tudo muito bem conservado.
Ali estão também os sinais da primeira mina de carvão da Austrália.
Você pode apenas visitar Port Arthur ou comprar um pacote para fazer um passeio de barco mais extenso antes e depois finalizar o dia por ali. Existe também a opção de visitar a cidade à noite, em uma busca por atividades “sobrenaturais” (sim, tem corajoso para tudo nesta vida).
Infelizmente, Port Arthur foi palco de um capítulo bem triste em sua história recente. Em 1996, um homem matou 35 pessoas e feriu outras 25, entre turistas e funcionários. O local conta com um memorial em homenagem a essas pessoas. Após esse episódio, a segurança por ali ficou mais restrita e o lugar é bem seguro. Um episódio à parte.
Como chegar
Você pode ir de carro. Vai levar em torno de uma hora de Hobart até lá.
Pode também comprar um passeio conhecido como Tasman Island Cruise que inclui a visita à Port Arthur depois de algumas horas de passeio de barco.
É bom reservar umas 3 horas para ficar por ali.
Preços
O ticket principal custa 39 dólares australianos (em torno de R$100) e dá direito à entrada por dois dias consecutivos, um mapa, uma visita guiada de 40 minutos, um cruise de 30 minutos e acesso aos mais de 30 prédios/casas históricos.
Existem pacotes especiais para famílias e para quem quer uma visita especial, como a de “caça fantasmas” no período noturno.
E aí, tem coragem?