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Cobrança de bagagens não reduziu preço das passagens aéreas

Estudo aponta para aumento ou estabilidade no preço das passagens após a medida

Por Victória Martins
Atualizado em 23 mar 2018, 17h57 - Publicado em 20 mar 2018, 19h11

Uma reportagem  publicada pelo Estadão em março (18) concluiu que a cobrança das bagagens despachadas não resultou na queda dos preços das passagens. Segundo o jornal, das dez rotas mais movimentadas do Brasil, seis tiveram estabilidade ou alta nos preços e quatro ficaram mais baratas nos primeiros meses após a adoção da medida.

O jornal fez uma comparação do preço dos bilhetes em outubro de 2016 e outubro de 2017 e também novembro de 2016 com novembro de 2017, com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A rota Guarulhos-Curitiba, por exemplo, teve 31,2% de aumento entre novembro de 2016 e novembro de 2017; no mesmo período, o trecho Congonhas-Curitiba registrou aumento de 20,1%.

A redução de preço mais evidente ficou com a rota Congonhas-Porto Alegre, que registrou queda de 23,7% entre novembro de 2016 e 2017. O eixo Guarulhos-Salvador teve redução de 10,2% no período.

Custos

De acordo com o Estadão, para além da cobrança das bagagens despachadas, outros fatores também pesam na precificação dos bilhetes, como a oferta, a demanda e o combustível.

O jornal apontou, por exemplo, que na rota Guarulhos-Curitiba a alta entre novembro de 2016 e novembro de 2017 pode ter relação com a queda na demanda por voos (o volume de assentos vendidos reduziu mais de 40%). Para a mesma rota Guarulhos-Curitiba e mesmo período, a VT apurou, também com base em dados da ANAC, que a Latam teve 4,8% de aumento da oferta e a Avianca, 10,8%, contra os 30,4% de queda da Azul e os 26,1% da Gol.

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Além disso, o Estadão afirma, com base em dados da Abear, que o combustível representa cerca de 26% do que a aérea gasta, sendo este o maior custo para as empresas. Números da Associação mostram que, em 2015,  o combustível representou 28,8% dos gastos das companhias, valor seguido pelo arrendamento, manutenção e seguro das aeronaves (25,8%), tripulação (9,8%) e outras demandas operacionais (9,8%).

Segundo o Estadão, a ANAC afirmou em nota que analisar os efeitos da nova regra agora é algo “prematuro e pode induzir a conclusões precipitadas” e que os benefícios aparecerão com mais tempo.

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Efetividade

Desde que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) passou a permitir que as companhias aéreas cobrassem pelas bagagens despachadas, em dezembro de 2016, circulam promessas de que os valores das passagens cairiam com a medida.

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Tendência internacional, a proposta faz sentido: com ela, o preço do despacho, antes diluído no valor da passagem, se tornaria opcional e aqueles que decidissem não despachar suas bagagens pagariam menos nos bilhetes.

A medida entrou em vigor em abril de 2017. Azul, Gol e Latam começaram a cobrar pela bagagem em junho e a Avianca aderiu à novidade em setembro do mesmo ano.

Existe, porém, uma confusão sobre o real efeito da medida nos preços de passagens. No fim de setembro de 2017, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) divulgou um estudo revelando que o preço médio das passagens teria caído entre 7% e 30% nas aéreas que haviam adotado a cobrança.

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Segundo o Estadão, a Abear fez o levantamento considerando as tarifas mais econômicas entre junho e o início de setembro, em comparação com os valores de 2016. Pouco depois, porém, o Ministério da Justiça instaurou uma averiguação sobre o estudo, suspeitando de “inconsistências”.

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados no mesmo período, por exemplo, apontam o contrário: aumentos de 16,9% e 35,9%, respectivamente. As divergências nos dados dos dois estudos aparecem pela diferença de metodologia em relação à rotas, datas das viagens e inclusão da bagagem nas tarifas analisadas.

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