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Aruba de 4×4

Aruba: um rolê pela ilha do papiamento, no sul do Caribe, longe das excursões, da pressa e da badalação. E com economia

Por Manoela Sobral
Atualizado em 16 dez 2016, 09h11 - Publicado em 15 set 2011, 17h07

A companhia perfeita, um mar azul-turquesa e… nuvens implacáveis. Quando eu e Guilherme, meu marido, chegamos a Aruba, nossos planos de passar uma semana inteira torrando ao sol, entre drinques e mergulhos, caí­ram por terra. Surpreendidos pelo céu fechado, que se precipitou em chuvas torrenciais durante dois dias consecutivos, decidimos refazer a programação. Ao melhor estilo quem-sai-na-chuva-é-para-se-molhar, alugamos um jipe 4×4 e fomos explorar a ilha. Sorte nossa. Com 184 quilômetros quadrados, Aruba é daqueles lugares que você revira de ponta a ponta rapidinho. O território autônomo holandês é 11 vezes maior que Fernando de Noronha, mas tem só metade do tamanho de Ilhabela. Localizada a 20 quilômetros da costa venezuelana, no sul do Caribe, a ilha não está na rota dos furacões, que costumam se formar mais ao norte. Seus predicados, típicos da região, incluem temperatura média anual de 28 graus, praias de areia branquinha e um mar de águas calmas e cristalinas, com corais e peixes coloridos a poucas braçadas da orla – e a um palmo da máscara de mergulho. Resorts, cassinos e lojas duty-free dão os toques que faltam. Mesmo nos meses de mais úmidos, entre outubro e dezembro, Aruba não é muito chuvosa – mas algum dia tinha de chover…

Por 30 mil milhas Smiles cada um, nossas passagens para Aruba saíram “de graça”. Assim, optamos por viajar de forma independente, sem recorrer a operadoras, apostando nas facilidades de um lugar que respira turismo. Segundo o World Travel & Tourism Council, 92% da população economicamente ativa do país trabalha em bares, restaurantes, agências receptivas, lojas ou em um dos 27 hotéis e resorts da costa oeste da ilha. Dois em cada três turistas que vão ao destino são americanos, e eles contam com uma área de embarque exclusiva no aeroporto Queen Beatrix. Se atende a contento os exigentes turistas ianques, Aruba também não nos deixaria na mão.

Conseguimos diárias de resort com 30% de desconto no site www.hotwire.com, que extrai milagres dos estabelecimentos conveniados ao comercializar os quartos sem ocupação prevista. Mas há um “truque”: é o serviço que escolhe o hotel, não a gente. Cabe ao usuário indicar a região de estadia, a categoria (geralmente quatro e cinco-estrelas, a preços de duas), o valor das diárias e as conveniências desejadas, como estrutura de resort, proximidade da praia, cassino, academia, piscina etc. Somente após o pagamento, via cartão de crédito e sem parcelamento, o cliente descobre onde ficará instalado, mas as barganhas compensam o suspense.

A ilha particular do Renaissance, idílica e exclusiva, revelou-se o grande diferencial do resort escolhido pelo Hotwire. De início, a localização do hotel, em Oranjestad, no centro da ilha, causou-nos receio quanto a um possível isolamento das atrações turísticas. Dos grandes resorts internacionais, o Renaissance é o único fora de Palm Beach, a praia mais badalada de Aruba. Na prática, porém, o barco que partia a cada 15 minutos em direção à sonífera ilhota tranformou-se no passaporte para um mundo perfeito, com flamingos a colorir uma paisagem de areias reluzentes e águas cristalinas.

Alugamos um jipe Wrangler na Budget, por dois dias, a US$ 195, seguro e taxa incluídos. Tudo começou com aquele céu nublado e a vontade de rodar a ilha protegidos das intempéries. O melhor de Aruba são suas praias, inclusive a do hotel – seja ele qual for. Mas o que tornou nossa viagem inesquecível foi pegar um carro e explorar as enseadas afastadas dos resorts. Excelentes rodovias atravessam o território, em que pese a falta de sinalização. Para se orientar, fica a dica dos locais: como o vento sopra do oceano para a Venezuela, as árvores pendem na direção de Palm Beach, a oeste, rumo indicado também pelo pôr do sol.

Conhecemos Aruba inteira pela costa, às vezes por estradas de terra, chegando a praias como Arashi, ao norte, e a graciosa Baby Beach, ao sul, entre outras menos conhecidas – e desertas. Sem as paradas, a ilha toda poderia ser percorrida em três, quatro horas. A cada quilômetro, a paisagem muda: planícies áridas, penhascos de pedra contornados pela água azul do Caribe, praias de areia branca, restingas. Nunca achei possível ver tantos cenários diferentes em tão reduzido espaço. Ainda de jipe, visitamos o Parque Nacional Arikok, criado para preservar um legado cultural de Aruba. A área compreende cavernas repletas de pinturas rupestres, feitas pelos índios que habitavam a ilha antes da colonização. Na visita, o guia explanava em inglês e espanhol, os idiomas correntes, e um pouquinho em português, por causa das semelhanças com o papiamento, a língua mais falada nas ruas. No parque, ao contrário de Palm Beach, as praias são voltadas para o alto-mar, com águas agitadas e de inúmeros tons. Também em Arikok fica a famosa piscina natural de Conchi. À atração, uma das mais bonitas da ilha, só se tem acesso por trilhas guiadas, cavalgadas ou veículos 4×4 (êêê!), nossa opção. Diversas empresas promovem passeios pela ilha, em roteiros com paradas cronometradas. De carro alugado, fizemos nosso próprio itinerário sem a menor pressa, com tempo livre em todos os lugares.

Para baratear a viagem, fomos a um supermercado ao lado do hotel e compramos salgadinhos, cenoura baby e suprimentos em geral, substitutos do almoço nas praias. Cada bebida custa de US$ 6 a US$ 8 nos bares à beira-mar, contra US$ 1,50 da lata de cerveja no mercado. Adquirimos também um isopor, onde colocávamos gelo e as bebidas. Para o jantar, Aruba elenca vários restaurantes de franquias americanas. Nossa melhor experiência, no entanto, foi no italiano Gianni’s, bem em frente ao hotel Radisson. Ali, o espaguete é servido dentro de um grande pedaço de queijo parmesão que derrete e se incorpora à pasta. É bom, viu?

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Perfumes, bebidas e roupas estão entre os artigos importados mais baratos que são vendidos na ilha. Por isso, antes de ir embora, fomos às compras, pagas em cartão de crédito e em dólares americanos, a moeda oficial do turismo. Quase tudo em Aruba vem de fora, até as frutas e verduras. Os eletrônicos têm preços menores que no Brasil, mas não se comparam aos de Miami e da Cidade do Panamá. Entre as poucas coisas produzidas na ilha estão a água dessalinizada, a cerveja Balashi, forte e saborosa, e os produtos que levam aloe vera, planta cultivada em Aruba e um orgulho nacional. A maior quantidade de lojas duty-free e de grife encontra-se em Oranjestad, e não em Palm Beach, como seria de supor. Na volta para casa, embarcamos no voo semanal da Gol para Guarulhos, que chega às 6 da manhã de segunda-feira, a tempo de exibir o bronzeado no escritório (fez sol nos últimos dois dias da viagem!). E, infelizmente, descer das nuvens.

Con ta bai?

Em Aruba, até a língua é divertida

“Bon bini!”, o popular bordão do Parque Hopi Hari, no interior de São Paulo, significa bem-vindo em papiamento, o idioma mais falado nas ilhas caribenhas de Aruba, Bonaire e Curaçao. Formada pela mistura de 11 línguas como holandês, inglês e português, essa fusão de origem crioula soa familiar a ouvidos brasileiros. O espanhol, o inglês e o holandês também são ensinados nas escolas locais, isentando os turistas de se aventurar no simpático papiamento. Mas por que resistir? Ban dal un trip?

Bon bini – Bem-vindo

Bon dia – Bom dia

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Bon tarde – Boa tarde

Bon nochi – Boa noite

Con ta bai? – Como vai?

Mi ta bon – Eu vou bem

Y bo? – E você?

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Trankilo – Tudo calmo

Por fabor – Por favor

Pakiko? – Para quê?

Papia – Conversa

Cu mi – Comigo

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Di unda bo ta bini? – De onde você é?

Hopi bon – Muito bom

Hopi hari – Muita alegria

Mi tin sed – Estou com sede

Awacero – Chuva

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Sigur – Certeza

Masha danki – Muito obrigado

Di nada – De nada

Ayo – Tchau

Ban dal un trip? – Vamos viajar?

Leia mais:

Aruba de 4×4 – Onde é melhor

Aruba de 4×4 – O essencial

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