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Aéreas querem barrar quem não tomar vacina para covid

A Qantas anunciou que só embarcará quem estiver imunizado. Entidade mundial do setor aéreo quer instituir documento com dados de vacinação do viajante

Por Mirela Mazzola
Atualizado em 15 abr 2024, 18h23 - Publicado em 27 nov 2020, 12h56

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) anunciou que está em vias de lançar um documento digital que irá apoiar a reabertura das fronteiras. Segundo a entidade, que representa 290 companhias responsáveis por mais de 80% do tráfego aéreo mundial, a criação do IATA Travel Pass possibilitará compartilhar informações de saúde dos viajantes entre governos, companhias aéreas e laboratórios – o que incluiria os resultados de testes RT-PCR exigidos atualmente e, num futuro próximo, o comprovante de vacinação para a covid-19. A IATA quer lançar o documento no primeiro trimestre de 2021.

Por meio de um aplicativo, o IATA Contactless Travel App, os passageiros poderão criar um “passaporte digital” para guardar certificados de teste e vacinação e compartilhá-los com companhias aéreas e autoridades alfandegárias. Outra ferramenta, o Lab App, permitirá que laboratórios e centros de testagem credenciados compartilhem os certificados com os passageiros.

Obrigatoriedade da vacina para o embarque

O documento que a IATA deve instituir vem acompanhado por uma movimentação do setor aéreo que promete causar polêmica: a obrigatoriedade do passageiro apresentar antes de embarcar um comprovante de vacinação para covid-19, assim que o imunizante estiver disponível em escala global. A companhia aérea Qantas foi a primeira a anunciar que vai recusar a bordo quem estiver no exterior rumo à Austrália e não comprovar  ter tomado a vacina de covid-19. 

A declaração, feita pelo presidente da empresa Alan Joyce a um canal de TV, acende a questão sobre a exigência se tornar praxe para outras aéreas – o executivo disse ainda que conversas nesse sentido estão sendo conduzidas com dirigentes de outras empresas pelo mundo e que a medida pode se tornar comum no setor.

A Korean Air, maior aérea da Coreia do Sul, tem posicionamento semelhante e, por meio de porta-voz, disse que há uma possibilidade real de que as empresas exijam que os passageiros só possam embarcar se estiverem vacinados – lembrando que o país asiático, assim como a Austrália, foram bem-sucedidos até aqui no combate à pandemia. 

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Korean Air, da Coreia do Sul, também faz parte do clube que deverá exigir do passageiro o comprovante de vacina antes de embarcar (Public domain pics/Pixabay)

As americanas American Airlines e Delta, que operam no Brasil, foram mais cautelosas e preferiram não falar de imunização compulsória para embarque antes da chegada da vacina, segundo reportagem do site de inovação Fast Company. Uma porta-voz da American Airlines disse que, embora a companhia aérea esteja satisfeita com o avanço do desenvolvimento dos testes, ainda é cedo para falar em regulamentações aéreas relacionadas à vacina.

O professor Jeffrey Kahn, diretor do Johns Hopkins Berman Institute of Bioethics, em Baltimore, nos Estados Unidos, considera questionável o fato de empresas tomarem as rédeas de uma questão que diz respeito à saúde pública. “Tenho certeza de que as aéreas acatariam se fossem obrigadas a exigir a vacinação ante uma decisão federal. Por enquanto, não temos isso”, disse ele.

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O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma live no dia 26 de novembro que não tomará a vacina, mesmo que no momento o imunizante seja a única esperança para controlar uma pandemia que já matou mais de 1,4 milhão de pessoas em todo o mundo.

Procuradas pela VT, as brasileiras Azul, GOL e Latam não tinham se posicionado sobre o assunto até o fechamento da reportagem.

Atualização:

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A Azul informou que segue as recomendações das autoridades de saúde e que acatará as orientações definidas pela Anvisa quando houver a aprovação de uma vacina no Brasil.

Já a Latam ressaltou que atualmente segue as regras de embarque vigentes em cada país de origem e destino e que qualquer mudança dessas regras será comunicada oportunamente.

A Gol não se manifestou.

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