Do basicão trivial a dicas insiders, tudo para facilitar a vida de quem quer fazer a mais barata das viagens
por Patricia FigueiredoAtualizado em 2 jul 2021, 15h12 - Publicado em
13 ago 2019
18h23
Dicas para economizar
Mochileiro que é mochileiro viaja com uma musa: a economia
Nestes tempos em que os perfis de viajantes se misturam, às vezes em uma mesma viagem, definir o que é um mochileiro é quase tão difícil quanto encontrar a teoria unificada do universo.
Mochileiros são os que viajam de mochila nas costas, por longos períodos, definem uns. Não, são os que vão de forma independente, mesmo que seja com uma mala de rodinhas, retruca outra turma. Mas há os que fazem viagens baratas e descomplicadas em roteiros definidos por agências, lembra alguém.
A única unanimidade nessa candente questão filosófica é a de que mochileiro merecedor da definição é o que se esforça para viajar barato. Aos que querem alcançar o nirvana da economia mochileira, umas dicas de arranque:
Esta serve para quase tudo na vida: defina prioridades. Mochileiro digno do posto vai precisar montar um orçamento econômico, depois olhar de novo para ele e fazer cortes – até transformá-lo em um orçamento hipereconômico. Na hora desse doloroso ajuste, é importante saber do que você não abre mão de jeito nenhum. Há quem valorize mais a alimentação, tem quem não aceite dormir em quarto sem banheiro ou ar-condicionado. Definir onde dói menos facilita o facão.
Um bom jeito de começar o planejamento financeiro de um mochilão é escolher uma hospedagem em cada destino que satisfaça minimamente as suas necessidades e cotar o custo médio da diária. Se o valor não cabe no orçamento, reduza a duração da viagem ou diminua as expectativas migrando para uma acomodação mais barata. A mesma lógica se aplica para estimar gastos com passeios ou transporte. Feito isso, dá para ter noção do gasto médio por dia.
Na ânsia de poupar tostões, mochileiros amadores são chegados em fazer economias pouco sábias. Pesquise a melhor época para visitar o destino escolhido. De que adianta pagar pouco em um hostel pé na areia se a tarifa baratinha só é válida no período chuvoso? Fugir da alta temporada é sempre boa ideia, mas cuidado para não ir parar em lugares com pinta de cenários pós-apocalípticos: tudo fechado, ninguém nas ruas, aquela zumbilândia…
É importante pesar os prós e os contras de viajar sem reservas de hospedagem e passagens: você ganha pontos em liberdade, mas perde em economia – reservar com boa antecedência geralmente garante melhores tarifas.
Ficar pouco tempo nos destinos, na ânsia de ver o maior número de lugares possível na mesma viagem, pode resultar em uma viagem apressada, cansativa e mais cara – o excesso de deslocamentos pode aumentar muito os gastos. Considere pelo menos duas noites em cada cidade para manter um ritmo confortável e seja generoso com grandes metrópoles, em que geralmente é possível passar semanas e ainda sair com a sensação de que faltou tempo. Na hora de montar o roteiro, encaixe bate e voltas a lugares que ficam até duas horas das bases e que podem ser visitados em uma tarde.
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Hospedagem
Em hostels de incrível custo/benefício, na casa de moradores, em campings...
Os protomochileiros lembram bem a cena: o viajante chegava em casas com dormitórios coletivos e cafés da manhã difíceis de engolir, mas geralmente muito baratos e em localizações excelentes, e mostrava uma carteirinha internacional para passar a noite. Eram eles os albergues – hits dos anos 80 e 90 e, na linha evolutiva das viagens, os avós dos atuais hostels moderninhos.
Agora, que beleza, é possível mesclar na mesma viagem uma parada nessas hospedagens com clima de balada, experiências nas casas de locais ou noites em campings cheios de infraestrutura. O importante é levar consagrados itens de primeira necessidade da mochilagem: toalha, cadeado, tapa-olhos, protetores auriculares.
Hostel
É a opção número 1 dos mochileiros gregários – dispostos a fazer amigos na estrada, trocar dicas, encarar baladas antes de dormir. A maioria das camas fica em quartos coletivos, que podem ser mistos ou separados por gênero, mas hostels mais arrumadinhos muitas vezes contam também com quartos duplos equivalentes a suítes de hotéis, só que mais descolados. Quanto maior o quarto, menor o valor por pessoa. Mas evite dormitórios com mais de oito ocupantes: o vai e vem noturno atrapalha o sono.
O banheiro pode ficar dentro das acomodações ou no corredor. Armários individuais nos quartos guardam pertences de valor dos hóspedes – daí a importância de ter cadeado. Na maioria das vezes, não é preciso pagar pelo uso de lençóis, mas o aluguel de toalhas é cobrado. É comum hostels com bares e bufês de café da manhã, ambientes bons pra integração entre hóspedes. Os mais legais podem ter piscina, restaurante e organizar festas ou tours guiados pela cidade e arredores.
Cidades brasileiras que recebem grande fluxo de estrangeiros, como Rio de Janeiro, Florianópolis e Foz do Iguaçu, reúnem os hostels mais bem equipados do Brasil.
Difícil imaginar um hostel com spa? Então pense em um que tem ainda uma bela piscina no pátio interno. O pátio, aliás, é uma característica dos riads, tipo de construção comum nas cidades marroquinas. O Equity Point organiza jantares especiais ali, com comida e música típicas, e tours pelos arredores de Marrakech.
Um prédio com mais de 150 anos de história às margens do Rio Moika abriga um dos hostels mais premiados do mundo. Vencedor em várias categorias do Hoscars, o Oscar dos albergues promovido pelo site de reservas Hostelworld, o Soul Kitchen tem inesperados quartos com decoração clássica e ótimo serviço.
Inaugurado em 2015, esse endereço nasceu para acabar com a má fama dos albergues franceses. O lounge no terraço tem vista para a Torre Eiffel, e o bar do térreo reúne turistas e moradores em busca de tábuas de charcuterie e boas cervejas. Nos quartos, espere encontrar colchões feitos sob medida nos beliches protegidos por cortinas individuais.
De frente para o Miradouro de São Pedro de Alcantâra, um dos mais bonitos da cidade, ocupa um prédio do século 19 e tem restaurante premiado, com menu de almoço por um preço acessível. A capital portuguesa, aliás, é coalhada de bons hostels: entre os mais recomendados estão o Living Lounge, o Travellers House e o Goodmorning Lisbon.
Decorado naquele estilo industrial chique que é a cara da capital alemã, o Generator é tão descolado que recebe exposições e shows em seu porão. A localização é outro ponto forte, no coração do bairro mais cool da cidade. A rede também conta com unidades em Florença e Londres, além de uma recém-inaugurada em Paris.
Couchsurfing
Para orçamentos apertados e espíritos aventureiros, as redes sociais onde moradores oferecem, de graça, um cantinho em suas casas para viajantes podem ser uma boa opção. O ideal é demonstrar interesse na troca de experiências e não encarar a plataforma apenas como um meio de obter hospedagem grátis. Mulheres devem ter cuidado redobrado na hora de selecionar suas opções: vale desconfiar um pouco de perfis que só listam comentários de outros homens e pedir detalhes do anfitrião para hóspedes anteriores. Na dúvida, melhor optar por anfitriãs. Além do site Couchsurfing – plataforma online mais popular do gênero, existem também grupos no Facebook dedicados à prática.
Acampar é daquelas experiências sem meio-termo: quem já experimentou ou ama, ou odeia. Há certas dicas que podem aumentar suas chances de pertencer ao primeiro grupo. Para começar, procure um camping bem equipado, com banheiros coletivos estruturados, cozinha e postes com saída de energia.
Além disso, invista em uma boa barraca, de tamanho adequado (para viajar a dois, leve uma barraca para três ocupantes, por exemplo), impermeável (procure as que suportam mais de 1 200 milímetros de chuva) e bem leve (as melhores pesam até 3 quilos). Embora não seja viável em qualquer tipo de viagem, acampar é uma boa alternativa às hospedagens tradicionais em destinos de praia e aventura aonde se chega através de trilhas a pé ou de carro.
O casario colonial preservado se soma à belezas das praias dos arredores e resulta em um combo matador para qualquer mochileiro. Quem quer ficar perto do agito prefere o Camping do Rappa, logo à entrada da cidade, equipado com TV a cabo e wi-fi. Se a ideia é curtir isolamento total e praias praticamente desertas, procure os campings nas vizinhas Trindade, Praia do Sono e Pouso da Cajaíba.
Chapada dos Veadeiros (GO)
O clima dos passeios por cachoeiras e grutas combina muito com esse tipo de acomodação. Por isso, os campings são abundantes no entorno de Alto Paraíso e São Jorge, principais portas de entrada ao parque nacional: os campings Taiuá Ambiental e Viveiro são os mais queridos dos mochileiros.
Garopaba (SC)
Conhecida entre surfistas, a praia fica a apenas 90 quilômetros de Florianópolis e tem atrações além das ondas, como dunas e cachoeiras. O camping Lagoamar é dos mais completos da região: tem até recreação infantil na alta temporada. Já no inverno, quando começa a baixa temporada, as baleias-franca chegam ao litoral catarinense e dão show para quem está na areia. De carro, dá para esticar até a agitada Praia do Rosa e também a quase intocada Guarda do Embaú.
Ilhabela (SP)
A ilha do litoral norte paulista se transforma de acordo com a época do ano. Na alta temporada, o agito e os preços altos prevalecem, mas, na baixa, a tranquilidade impera nas praias, especialmente nas mais isoladas. São muitos os pontos de camping espalhados pela costa: o Pedra do Sino, na praia de mesmo nome, é dos mais estruturados, com sala de TV e piscina. Já os campings da Praia do Bonete, localizada na face sul da ilha, são mais simples, mas descortinam vistas para uma das praias mais intocadas da região.
Airbnb e quetais
A mais famosa ferramenta de acomodação na casa de moradores do mundo contabiliza, hoje, milhões de hospedagens em seu portfólio. Além dele, sites como Alugue Temporada e até mesmo o TripAdvisor ajudam a reservar quartos na casa de locais ou propriedades inteiras só para você e seu grupo – um jeito eficaz de sentir por alguns dias a rotina dos lugares.
Todos os sites funcionam como mediadores entre o proprietário que publica a oferta e o viajante que reserva, garantindo mais segurança para ambos. Antes de fazer a reserva, leia todo o anúncio com cuidado para entender o que está comprando e tire todas as dúvidas mandando mensagens ao anunciante.
Motorhome
Em países da América do Norte e Oceania, é possível combinar hospedagem e transporte em uma viagem de motorhome. Esses veículos, que acomodam de dois a sete ocupantes, compensam para roteiros de mais de 15 dias, e possuem minicozinha, chuveiro e camas rebatíveis.
À noite, é necessário estacioná-los em campings ou estacionamentos específicos – some os valores deles às diárias do veículo para chegar ao custo final. Para alugar, basta possuir a Permissão Internacional para Dirigir (PID). Procure locadoras regionais para reservar e deixe fora do roteiro destinos urbanos, em que os motorhomes perdem em praticidade.
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Transportes
De apps de carona até truques para encarar companhias low-cost
Definir a melhor opção de deslocamento para ir de uma cidade a outra é uma tarefa nem sempre simples – porém, muito bem recompensada. As opções variam enormemente de acordo com o destino: para um mochilão na África do Sul, carro alugado pode ser uma boa opção, enquanto que, no Sudeste Asiático, nada bate as scooters, práticas e econômicas.
Avião
Muitas vezes é em um voo que começam e terminam os mochilões mais longos. Para economizar na passagem a partir do Brasil, o jeito é ficar de olho nas promoções das companhias aéreas: sites como Melhores Destinos monitoram as ofertas, enquanto buscadores como Skyscanner e Kayak permitem que o usuário seja avisado sempre que a tarifa cair.
No exterior, use e abuse das empresas low-cost, mas fique ligado nas pegadinhas: os bilhetes não incluem bagagem despachada, os limites de peso e tamanho para a mala de mão são rigorosos e os aeroportos usados pelas companhias costumam ser mais distantes do Centro que os principais. Não deixe de calcular quanto vai gastar com transporte até o local de embarque e inclua na conta as eventuais taxas para despachar a bagagem para confirmar se a tarifa low-cost realmente vale a pena.
Se, na Europa, os trens são velozes, modernos e frequentemente caros, em várias regiões da Ásia são opção de deslocamento segura e econômica. No Sudeste Asiático e na Índia, prefira os vagões da primeira e da segunda classe – os da terceira são desconfortáveis. Diferente dos europeus, os bilhetes dos trens asiáticos não precisam ser adquiridos com antecedência; deixe para comprá-los já na estação e fuja de intermediários.
Para roteiros pelo continente europeu que incluem deslocamentos em trens de alta velocidade, pesquise ferrovias low-cost, como Ouigo e Izy, ou compre os bilhetes nos sites oficiais das empresas pelo menos três meses antes da viagem para encontrar promoções.
Os coletivos são comuns em quase todos os destinos turísticos e oferecem bom custo/benefício. Para pesquisar viações na Europa, visite o site Omio, que compara ainda trens e aviões. Na América Latina, há sites específicos para cada país. No México, por exemplo, tente o site ClickBus; na Bolívia, veja o TicketsBolívia. Na América do Sul e no Sudeste Asiático, vale usar sites só para ver rotas e horários e deixar para comprar os bilhetes na rodoviária ou em agências de rua. Na Europa, é o oposto: difícil é achar guichês das principais empresas e os tíquetes online são mais em conta.
O esquema de fazer sinal na beira de estrada ainda funciona, mas não é dos mais seguros nestes tempos de possibilidades mais high-tech. Hoje, há sites como o Carona Fácil e o RoadSharing, além de grupos no Facebook em que as caronas podem ser combinadas previamente. Um mercado em franca expansão é o de caronas pagas. O BlaBlaCar, presente no Brasil e conhecidíssimo na Europa, é o pioneiro nessa modalidade: o site reúne usuários que oferecem as viagens e mostra ainda detalhes do carro e avaliações do motorista. Os preços costumam ser mesmo mais amigáveis que os de ônibus ou trens.
Como transformar a conexão do seu voo em um destino extra
Vários destinos queridinhos de mochileiros não são servidos por voos diretos do Brasil: chegar ao Caribe quase sempre inclui uma paradinha nos Estados Unidos ou em Bogotá; viajar para a Índia pode requerer um pit stop em Abu Dhabi ou Dubai.
As conexões, inevitáveis nesses casos, podem ser transformadas em stopovers – conexões com mais de 24 horas de duração. Um stopover só é vantajoso quando o valor da passagem for similar ao do voo com conexão rápida – nesse caso, ele vira uma maneira de acrescentar um destino a sua viagem sem aumentar os gastos. Muitas companhias não cobram extras pela conexão mais longa e algumas até estimulam o cliente a fazer um stopover.
A Air Maroc fornece traslado e hotel grátis em conexões com pernoite. A Emirates transformou Dubai em pit stop de viajantes rumo ao Sudeste Asiático. Antes de fechar a passagem, veja se é preciso emitir visto extra para sair do aeroporto na conexão. Para achar passagens com stopover: o mais prático é usar a ferramenta “Múltiplos Destinos”, nos sites das aéreas, ou buscadores como Kayak e Skyscanner, selecionando a opção de viagens com conexão.
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Segurança
Mochilão é pra relaxar, mas não pra vacilar
Nunca deixe todo o seu dinheiro no mesmo lugar. Guarde um pouco na mochila, outro tanto no tênis, e deixe uma parte na doleira.
Leve sempre um extra para emergências, além de um cartão de crédito habilitado para compras no exterior: se tudo der errado, é ele que vai te salvar.
Evite circular com passaporte. Guarde o documento original na sua hospedagem, protegido por um cadeado ou cofre, e ande com uma cópia acompanhada de um documento de identidade brasileiro, como RG ou CNH.
Deixe seu itinerário com alguém de confiança no Brasil, e informe a pessoa de qualquer alteração no roteiro. Caso algo dê errado, é importante que alguém saiba onde você está e até quando.
Respeite as leis e os costumes locais. Em muitos países muçulmanos, o álcool só é permitido em hotéis e restaurantes turísticos. Em várias cidades da Europa, da América do Norte e da Oceania, é proibido consumir bebida alcoólica na rua. Nos locais em que a maconha é permitida, cheque em quais lugares ela pode ser consumida e se pode ser adquirida por estrangeiros.
Faça um esforço para se misturar aos moradores para não ser facilmente identificado como estrangeiro, considerado presa fácil em qualquer lugar do mundo.
Em destinos turísticos, furtos são bem mais comuns que assaltos violentos. Redobre a atenção quando estiver em áreas muito movimentadas e mantenha seus pertences sempre junto de você.
Suspeite de pessoas muito simpáticas te abordando na rua. Muitos golpes contra turistas começam assim. Em outros casos, o morador simpaticão pode querer te cobrar pela ajuda no final.
Faça upload de fotos dos seus documentos, passagens e reservas em sites como Google Drive ou Dropbox. Assim, caso algo aconteça com os papéis, você ainda terá uma cópia dos arquivos online.
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Saúde
Ô ditado certeiro: prevenir é melhor do que remediar
Seguro de viagem
Por mais econômico que seja o seu orçamento, não deixe de contratar um seguro de viagem antes de embarcar. O seguro é a única salvação quando acontecem imprevistos graves, como internações e fraturas – coisas que, vale ressaltar, podem rolar até com o mais experiente dos mochileiros.
Cote online em sites como Real Seguro. Vale lembrar que, para viagens aos países europeus membros do Tratado de Schengen, o seguro de viagem é obrigatório, e a cobertura mínima deve ser de 30 000 euros. Quem pretende se aventurar em esportes radicais precisa encontrar um seguro que cubra acidentes decorrentes da prática: empresas estrangeiras como a World Nomads e a April têm planos mais abrangentes.
Vacinas
Obrigatório para entrada em vários países da África subsaariana, do Sudeste Asiático e também para Austrália, Bahamas, Barbados, Bolívia, Costa Rica, Honduras, Panamá e Cuba, o certificado da vacina contra febre amarela é um desses documentos que todo mochileiro precisa ter sempre à mão.
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Não deixe para tomar a vacina em cima da hora: a imunização deve ter ocorrido, pelo menos, dez dias antes do embarque para ser reconhecida como válida pelos oficiais de imigração. Uma vez aplicada a dose, é necessário emitir o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), único comprovante aceito em todo o mundo. Opte por aplicar a vacina em um posto da Anvisa, onde o CIVP é feito na hora, ou emita seu comprovante pela internet.
Além da febre amarela, outras doenças comuns aos viajantes, como tétano e viroses, podem ser evitadas com vacina: certifique-se de estar com a carteirinha de vacinação sempre em dia.
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Verifique se a região a ser visitada é foco de alguma epidemia. A malária é endêmica na África subsaariana, que concentra 88% dos casos da doença. Não existe vacina, mas remédios para reduzir o contágio podem ser recomendados. O subcontinente indiano registra 85% das ocorrências de febre tifóide. Duas vacinas, oferecidas em clínicas particulares, dão proteção parcial contra a doença; evitar contato com água contaminada é mais eficaz.
Pequenos toques
Antes de embarcar, não custa nada fazer um check-up médico e verificar se as vacinas estão em dia. Aproveite para preparar um kit de medicamentos. Leve junto com você as receitas dos remédios que só podem ser vendidos com prescrição.
Água contaminada é a principal fonte de viroses e doenças gastrointestinais. Em países onde o saneamento básico é precário, compre garrafas de água mineral e verifique se elas estão devidamente lacradas. Nesses lugares, evite também consumir saladas, alimentos crus, bebidas com gelo e frutas com casca.
Álcool gel é o melhor amigo do mochileiro. Leve sempre com você, não importa qual o seu destino. Em algumas regiões, papel higiênico é uma raridade; por isso, tenha também lenços de papel sempre à mão.
Repelentes evitam não apenas as irritantes picadas de inseto mas também doenças como malária, dengue e zika. Procure os concentrados, que têm mais de 20% de princípio ativo.
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Trilhas
O pé não costuma falhar
O Homo sapiens tem uma vontade atávica de sair andando por aí, a ponto de transformar esse pendor em um tipo de turismo. Os trilheiros mais experientes só precisam de um conselho: não ache que já sabe tudo – e tome cuidado sempre. Para os inciantes, a mais basicona das dicas é a mais valiosa: intercale trechos de trekking com outros meios de transporte ou inclua trilhas apenas para alguns passeios no meio da viagem.
Não é seguro se aventurar em rotas muito avançadas se o condicionamento físico não for dos melhores. Até quem está acostumado a caminhar pode levar sustos, especialmente quando as condições de clima e altitude não jogam a favor. O mal de altitude, por exemplo, é bem comum em trekkings nos nossos vizinhos andinos, que o chamam de soroche. Dê tempo para o corpo se acostumar ao ar rarefeito antes de começar as trilhas em regiões altas: para se adaptar a uma altitude de 5 mil metros, o corpo leva, em média, sete dias.
Repouso, hidratação e remédios naturais à base de folha de coca ajudam a contornar os sintomas, que incluem dor de cabeça e náusea. Já os males causados pelo clima podem ser evitados com equipamentos adequados: procure lojas especializadas em artigos de trekking e compre equipamentos e roupas que segurem a onda das condições climáticas do destino.
4 destinos perfeitos pra fazer trekking
Noruega
Fiordes altíssimos, montanhas vertiginosas debruçadas sobre o mar, formações rochosas de formatos inusitados: é difícil encontrar paisagens semelhantes às norueguesas. Junte-se aos locais, aficcionados por trekking, mas se prepare para condições climáticas desafiadoras e relevo muito acidentado.
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A trilha mais famosa do país é a que leva até Trolltunga, uma pedra em formato de língua que parece flutuar sobre um lago. O caminho de 22 quilômetros começa nos arredores da cidade de Odda e pode ser percorrido de junho a setembro, quando há menos neve acumulada. Outro trekking celebrado é o que leva até Preikestolen, uma rocha em forma de púlpito visitada por 200 mil pessoas todos os anos. O percurso, de 8 quilômetros, é considerado leve e pode ser vencido em menos de duas horas.
Peru
O trekking mais procurado por brasileiros no país é a clássica Trilha Inca, que vai de Cusco a Machu Picchu. O ideal é visitar a região de maio a setembro, quando as chuvas cessam, mas se prepare para temperaturas negativas entre junho e agosto. Apesar de longa, a trilha é considerada de grau de dificuldade intermediário. É possível fazer o trecho por conta própria, mas o mais comum é contratar agências locais, que têm pacotes de duas a quatro noites e fornecem barraca e alimentação.
Recomenda-se que cada viajante leve seu saco de dormir (escolha um que resista a baixas temperaturas) e seus bastões de caminhada, que podem ser comprados em Cusco. Iniciantes podem contratar carregadores para levar suas mochilas, mas o peso da mala não deve ultrapassar o limite determinado pela agência.
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Brasil
De longas expedições a pequenas trilhas bastante acessíveis, estamos cheios de boas rotas para trekking. Trilheiros experientes morrem de amores pela região do Monte Roraima, platô de 2 800 metros na fronteira com a Guiana e a Venezuela que só pode ser visitado com guia.
Agências como a Pisa Trekking e a Desviantes têm pacotes com pernoites em barracas no topo do monte. Menos cansativas são as caminhadas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Apesar dos trechos íngremes, a maioria das trilhas tem menos de 5 quilômetros e pode ser desbravada sem guia.
Ao final delas, há sempre uma bela cachoeira ou um riacho. Para quem está começando, uma boa é explorar as trilhas que descortinam o Rio de Janeiro de novos ângulos. A trilha até o topo do Morro Dois Irmãos, cartão-postal máximo do Leblon, começa no final do Morro do Vidigal e tem menos de 2 quilômetros de extensão.
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Itália
Os caminhos que conectam as pequenas cidades litorâneas da Cinque Terre compõem um dos cenários mais românticos do mundo. A rota mais popular é chamada de Sentiero Azzurro, o Caminho Azul, e liga todas as cinco cidadelas costeiras em uma grande trilha de 12 quilômetros.
O parque nacional abriga as trilhas que cobram entrada e tem boa sinalização, o que dispensa a necessidade de guias. No inverno, muitos trechos ficam fechados por risco de deslizamentos. O ideal é planejar a viagem de abril a maio, quando a maioria das trilhas já está aberta mas o calor e as multidões ainda não chegaram.
As vistas são mais impressionantes para quem começa em Riomaggiore e vai em direção a Monterosso. Iniciantes podem concluir o percurso em Corniglia, no meio do caminho, e pegar um trem para concluir a viagem.
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Apps
Resolva tudo na ponta dos dedos
PLANEJAMENTO
TripIt: agrega reservas de hospedagem e transportes em um só lugar e organiza tudo em um roteiro limpo e fácil de administrar.
Oanda: melhor app para conversão de moedas – atualiza as cotações em tempo real.
Melhor Câmbio: pesquisa as cotações em diversas cidades do Brasil.
Google Tradutor: traduz até textos de imagens quando você fotografa com o app.
Drive: guarda na nuvem arquivos importantes, como reservas, passagens, cópia de documentos.
Viajantes no Exterior: o app oficial da Receita Federal tem informações sobre isenção de imposto e declaração de bagagem.
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TRANSPORTES
CityMapper: funciona em 39 cidades e calcula rotas de ônibus, bike, táxi, metrô, Uber, balsa…
Google Maps: o melhor serviço de mapas da web, reúne milhões de pontos de interesse e calcula rotas.
Maps.me: tem mapas offline – vantagem para viajantes que não possuem plano de dados no exterior.
My Train Companion: desenvolvido pela RailEurope, mostra itinerários de trens de alta velocidade e regionais na Europa.
Uber: substitui o táxi com economia em centenas de cidades.
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Rentcars.com: pesquisa, compara e reserva locadoras de carro em mais de 100 países.
All Subway (Android | iOS): junta em um só lugar mapas de metrôs de mais de 200 cidades do mundo.
VOOS E AEROPORTOS
Hopper: calcula a variação no preço da passagem e alerta o usuário do bom momento para comprar.
Kayak: busca passagens em múltiplos destinos e traz descontos exclusivos nas buscas pelo celular.
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Skyscanner: funciona de modo similar ao Kayak e cria gráficos para mostrar tarifas disponíveis no mês.
FlightTrack: monitora atrasos e alterações em voos comerciais por todo o planeta.
Decolar: cobra taxas extras na hora de fechar a compra, mas é útil para pesquisar voos nacionais.
Infraero Voos Online: funciona com o FlightTrack, mas só reúne informações de voos domésticos.
Momondo: buscador de voos bom para voos em low-costs europeias.
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SeatGuru: classifica os melhores e os piores assentos de cada avião das principais companhias aéreas.
COMUNICAÇÃO E GUIAS
FourSquare: app de resenhas, cria guias das cidades com base nos lugares em que você já fez check-in.
WhatsApp: o app de mensagens mais usado no Brasil permite também chamadas de voz e envio de imagens ou vídeos.
Yelp: bastante usado na Europa e nos Estados Unidos, reúne grande quantidade de resenhas de restaurantes e bares.
TripAdvisor: também é alimentado com resenhas e fotos de viajantes, e funciona especialmente bem na hora de selecionar hospedagens.
Skype: ligue pra dar notícias sem gastar com roaming e DDD.
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Grana
A difícil arte de economizar no planejamento financeiro
Apps como o Splitwise e o Plates são uma mão na roda pra dividir despesas de viagem com amigos. É possível criar grupos, incluir os gastos coletivos e quem deve pagar. Os apps simplificam contas e quantidade de transferências entre os membros do grupo.
O app TransferWise permite transferências de dinheiro entre pessoas físicas de países diferentes com tarifas mais baixas que as cobradas pelos bancos para movimentações internacionais. A ferramenta é uma boa solução para quem tem um amigo ou parente com conta bancária no exterior. Nesses casos, dá para usar o app para comprar moeda estrangeira, transferindo dinheiro para a conta do seu conhecido e trocando por moeda local.
Viajar com muito dinheiro em espécie pode não ser a opção mais cômoda, mas é certamente a mais econômica. O IOF para compra de moeda estrangeira em espécie é de 1,1%, contra 6,38% para compras com cartão de crédito e recargas de cartão pré-pago.
Uma saída para os precavidos é levar a maior parte do orçamento em dinheiro, mas reservar uma parcela da grana para recarregar um cartão pré-pago e deixar o cartão de crédito habilitado para compras no exterior com limite disponível para emergências. Abaixo, os prós e os contras de cada um.
Cartão de crédito
Prós
Segurança: o cartão requer senha ou assinatura na hora das compras e pode ser cancelado facilmente em caso de extravio.
Compras online: para reservar passagens de low-cost, comprar bilhetes de trem online ou reservar hostels, é imprescindível ter um cartão internacional válido.
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Câmbio: os bancos convertem dólar e euro para real com cotação ligeiramente mais vantajosa que a cotação turismo das casas de câmbio.
Contras
Custo: o IOF de 6,38% encarece qualquer operação feita no exterior e em sites sediados fora do Brasil.
Imprevisibilidade: é impossível determinar qual será o câmbio no dia do fechamento da fatura, quando os gastos em moeda estrangeira feitos no mês são convertidos para reais.
Pré-pago
Prós
Estabilidade: as recargas no cartão são feitas com o câmbio do dia.
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Segurança: é protegido por senha, o saldo pode ser bloqueado em caso de extravio e um novo cartão é enviado em até sete dias úteis.
Contras
Custo: desde o fim de 2013, também incide sobre cada recarga de cartão pré-pago o pesado IOF de 6,38%. Além disso, ao usar o pré-pago para saques em caixa eletrônico, o usuário paga uma taxa que varia entre 3 e 10 dólares, dependendo do caixa e da administradora do cartão.
Variedade: na maioria das casas de câmbio, esse tipo de cartão só pode ser carregado em dólar, euro ou libra esterlina, o que o torna mais vantajoso em países que utilizam essas moedas. Em lugares em que a moeda corrente é diferente da do cartão, o usuário paga por duas operações.
Dinheiro vivo
Prós
Custo: é a opção mais barata, com IOF de apenas 1,1% e grande variedade de casas de câmbio que não cobram taxas de entrega das notas.
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Praticidade: por mais bem-aceita que seja a bandeira do seu cartão, nada bate a popularidade do dinheiro vivo, aceito de ambulantes a taxistas.
Contra
Segurança: não há como reaver o dinheiro em caso de roubo ou perda. Em alguns países, é comum receber notas falsas de troco.
Com que grana eu vou?
Para os Estados Unidos, Inglaterra e países da Zona do Euro, a regra é simples: leve dólar, libra e euro, as toda-poderosas moedas locais.
Em países onde a moeda é “fraca”, o ideal é viajar com dólares ou euros e trocá-los na chegada.
É melhor levar a moeda americana pra mochilões no Sudeste Asiático, na África subsaariana e na América Central. Ou em países como Bolívia, Colômbia, México e Peru. Já o euro é bom pra quem vai para o Leste Europeu, o norte da África e para Cuba.
Viajar com reais só é vantajoso quando há mercado para eles no destino. É assim em Bogotá, Buenos Aires, Santiago e Montevidéu. Mas atenção: em cidades menores, a cotação costuma não ser vantajosa; então, faça o câmbio nas capitais ou leve dólares. Via de regra, as casas de câmbio dos aeroportos têm as piores cotações; troque o mínimo possível nelas e deixe para negociar o resto em casas na região central das cidades, que funcionam só em horário comercial.
Para comprar as moedas “fortes” no Brasil sem perder dinheiro, pesquise e fique atento às movimentações do mercado financeiro. Para se proteger das variações cambiais, o melhor é fazer compras de tempos em tempos, que, no final, resultam em um preço médio vantajoso. Utilize o site oficial do Banco Central (pesquise pelo Ranking do VET) para achar as casas de câmbio da sua cidade – da mais barata à mais cara.
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Causos
Quatro mochileiras e as lições que aprenderam na estrada
Sempre preste atenção no visto
“Viajei para o Japão pra visitar meu namorado que morava lá. O plano era passar uns dias no Japão, ir de avião até a Coreia do Sul e voltar pra Tóquio. Mas meu visto era de só uma entrada no Japão. Animados com uma promoção de passagens, nem pensamos em visto. Resultado: na volta pra Tóquio, fui barrada. Fiquei bastante nervosa. Eles escanearam os meus documentos, ligaram para a embaixada. No fim, me deixaram entrar com a condição de que eu fizesse uma carta pedindo e pedindo, por favor, para me deixarem entrar. Aí escrevi, em inglês, e fui liberada com um novo visto no limite pra minha volta ao Brasil.”
Amanda Vianna, estudante de administração, 21 anos
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Passagem é coisa para checar e rechecar
“Em Paris, eu e um amigo fomos pegar um trem até Amsterdã e chegamos com antecedência na estação. Só pouco antes de partir, vimos que tínhamos baixado no celular a minha passagem duas vezes, em vez de baixar a minha e a dele. Não tínhamos 3G, e o trem partia em cinco minutos. Meu amigo foi caçar um wi-fi e resolvi esperar fora do trem. Ele não chegou a tempo. Pelo menos, não o abandonei sem a mala. O dinheiro que economizamos dormindo num colchonete fininho no quarto de um conhecido em Paris foi gasto em novas passagens para Amsterdã.”
Nahia Nader, relações-públicas, 25 anos
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Olho na localização
“Fechei um Airbnb no Japão sem ver direito a localização. Cheguei a Quioto e vi que estávamos afastados do Centro, do outro lado da montanha. O dono da casa ofereceu uma bicicleta. Olhei no Google Maps, vi que dava pra andar por uma hora até o Centro e recusei a bike. Péssima ideia: passamos por uma rodovia sem atalho pra pedestres. Não volta, às 20 horas, não havia mais ônibus, não tinha Uber nem táxi, nada – a rodovia estava fechada. Voltamos por um caminho macabro para pedestres, sem iluminação, andando por quase uma hora e meia. Passamos por um túnel escuro com morcegos e goteira.”
Lohaine Trajano, analista de mídias sociais, 22 anos
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Tenha cópias dos seus documentos
“Na muvuca da Calle Florida, em Buenos Aires, furtaram a minha carteira com os meus documentos. Fiquei desesperada porque era sexta-feira, 18 horas, e eu voltaria ao Brasil no domingo de manhã. Os vendedores de uma loja me encaminharam até a Delegacia do Turista, e lá um policial português me ajudou. Ele ligou para o Consulado brasileiro, que abriu excepcionalmente no sábado de manhã para me atender, e fizeram um documento provisório para que eu pudesse embarcar no dia seguinte. Foi muito estressante – aprendi a andar sempre com documentos reservas.”