Existem atrações em Nova York que são tão famosas que a gente nem precisa indicar: Central Park, Times Square, Grand Central e tantas outras. Por outro lado, algumas são menos conhecidas até mesmo por quem vive na cidade. Apesar de encantadoras, não figuram na maioria dos roteiros de quem vem turistar.
Uma delas é The Morgan Library & Museum. E falo por experiência própria: mesmo revirando essa cidade de cima a baixo, admito que visitei poucas vezes e não é um lugar que me vem à mente facilmente quando preciso dar uma dica a alguém – shame on me. Por isso fiquei feliz quando me propuseram essa pauta, um ótimo motivo para revisitar esse local levemente negligenciado por mim e por mais um mundaréu de gente.
A Biblioteca e Museu Morgan abriga uma das coleções mais importantes do mundo de manuscritos, livros raros, músicas, desenhos, obras de arte antigas e outros itens. Sua história começa em 1890, quando o financista, colecionador e benfeitor cultural Pierpont Morgan começou a reunir manuscritos literários e históricos, primeiros livros impressos e desenhos e gravuras de antigos mestres.
A biblioteca do Sr. Morgan, como ficou conhecida, foi construída entre 1902 e 1906, adjacente à sua casa em Nova York, na Madison Avenue com a 36th Street. Considerado sua obra-prima, o prédio foi projetada por Charles McKim, do escritório de arquitetura McKim, Mead & White, e lembra um palácio em estilo renascentista italiano, com três salas exuberantes que simbolizam a Era da Elegância da América.
Sala Oeste da Morgan Library
Mas seria um desperdício manter tudo isso para uso privado. Por isso, em 1924, onze anos após a morte de Pierpont Morgan, seu filho, J. P. Morgan Jr. realizou o sonho de seu pai e disponibilizou a biblioteca e seus tesouros para acadêmicos e a comunidade, transformando-a em uma instituição pública e um dos presentes culturais mais importantes da história dos Estados Unidos. Ao longo dos anos, por meio de compras e doações generosas, a biblioteca continuou a adquirir materiais raros, porém sem perder o caráter doméstico.
A instituição passou por reformas e ampliou consideravelmente o seu espaço físico. Em 1928, foi construído um edifício na esquina da Madison Avenue com a 36th Street, substituindo a residência de Pierpont Morgan. O anexo conectava-se à biblioteca original por meio de uma galeria e em 1988, a antiga residência de Jack Morgan – uma casa de arenito de meados do século XIX na Madison Avenue com a 37th Street – também foi adicionada ao complexo. O Morgan Garden foi construído em 1991 e esse belo jardim une os vários elementos do campus Morgan. Ele passa por reformas no momento e deve ser reaberto na primavera de 2024.
Sala Leste da Morgan Library
A maior expansão na história da Morgan foi concluída em 2006 e adicionou quase 7 mil metros quadrados ao espaço, mais de 50% da área e acrescentou importantes comodidades para os visitantes, como uma nova sala de espetáculos, uma entrada acolhedora na Madison Avenue, um café, um restaurante, uma loja e uma nova sala de leitura e armazenamento de coleções. Esse projeto integrou os três edifícios históricos da Morgan com três novos pavilhões de aço e vidro, onde um imponente pátio central conecta os edifícios e serve como ponto de encontro com ares de uma piazza italiana. Hoje, The Morgan Library & Museum cobre meio quarteirão da cidade.
Mas, afinal, o que podemos encontrar nesse tão celebrado acervo? Entre as inúmeras preciosidades da coleção permanente estão desenhos, gravuras e artefatos que datam de 4.000 a.C. ao século XXI; a Bíblia de Gutenberg; uma das 23 cópias originais da Declaração de Independência dos Estados Unidos; a partitura manuscrita de Mozart da Sinfonia de Haffner; as obras coletadas de Phillis Wheatley, o primeiro poeta afro-americano conhecido; o manuscrito de Lady Susan de Jane Austen; a partitura do Bolero de Ravel; o único manuscrito existente de Paraíso Perdido de Milton; uma carta de Van Gogh para Paul Gauguin; uma caderneta de anotações de Isaac Newton; o rascunho de Ulysses de James Joyce; o manuscrito de O Diário de Dorian Gray de Oscar Wilde; a ilustração Three Studies of a Dancer de Edgar Degas; a obra Christ Presented to the People de Rembrandt; uma coleção de diários de Henry David Thoreau; o manuscrito de A Christmas Carol de Charles Dickens. E só essa pequena lista já é capaz de convencer qualquer um a visitar esse patrimônio cultural.
Além disso, o museu tem programação de exposições temporárias ou sazonais, sempre muito interessantes. Em 2019, visitei uma sobre J.R.R. Tolkien que era a mais extensa exibição pública de material original do autor em várias gerações, com fotografias e recordações de família, ilustrações originais, mapas, rascunhos de manuscritos e designs de suas obras O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. E eu, que li alguns desses livros, vibrei diante de tantas peças raras.
Como em todo museu, esse também conta com uma loja de presentes, a Morgan Shop, que vende itens relacionados às coleções e fica no antigo prédio do J.P. Morgan Jr. Um ótimo lugar para encontrar um presente único e especial.
Para tornar a sua visita ainda mais interessante, vale a pena a parada no Morgan Café, situado no Gilbert Court, seja para um brunch, almoço casual ou chá da tarde. A luz entrando pelos vidros dá um charme ao momento.
Serviço
The Morgan Library & Museum abre às terças, quartas, quintas, sábados e domingos, das 10h30 às 17h, e às sextas, das 10h30 às 19h.
Os ingressos custam US$ 22 para adultos, US$ 14 para pessoas com 65 anos ou mais e US$ 13 para estudantes mediante apresentação de carteirinha (adquira com antecedência aqui). A entrada sempre é gratuita para crianças até 12 anos acompanhadas por um adulto. Às sextas-feiras, das 17h às 19h, a entrada é gratuita para todos mediante reserva (faça com uma semana de antecedência aqui).
A entrada nas salas históricas da Biblioteca J. Pierpont Morgan é gratuita às terças e domingos, das 15h às 17h, sem necessidade de reserva. Em qualquer dia e horário, não é necessário comprar ingresso para visitar a Morgan Shop e o Morgan Café.
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