Hotel em Mumbai conjuga luxo e alta gastronomia sem ostentação
O famoso The Taj sofreu um atentado, passou por renovações e continua sendo cartão-postal de uma Índia sempre surpreendente
O The Taj está para Mumbai assim como o Copacabana Palace está para o Rio de Janeiro: é o hotel que ajudou a definir o panorama turístico e cultural da maior cidade da Índia. Inaugurado em 1903 como um ícone (na altura, um dos edifícios mais modernos do país e o primeiro a ter eletricidade), mantém sua aura de luxo ainda hoje.
Não é difícil entender por que: desde a entrada com os elaborados arranjos e colares florais (muitos deles em oferta aos deuses), passando pelas escadarias largas que tomam o interior da construção, os uniformes impecáveis dos encarregados e até a piscina rodeada de plantas e coqueiros. Ainda há a vista para o mar, que se estende pela Porta da Índia, o monumento que é um arco triunfal voltado para o mar.
Tudo é sofisticadamente clássico, impressionantemente opulento — mas sem nunca descambar para a ostentação.
Os quartos têm móveis de madeira clássicos, decoração elegante, carpete por toda extensão e mármore nos banheiros. As fotos dos hóspedes ilustres que cobrem o corredor principal são prova do papel histórico do The Taj (antes, conhecido como The Taj Mahal Hotel, depois rebatizado só com o nome inicial e mais sonoro): artistas de Hollywood (e Bollywood, claro), políticos de todos os espectros, cantores que lotaram casas de show pelo mundo — e pela Índia.
Muita coisa aconteceu ali: o Taj se converteu em um hospital de campanha para socorrer os soldados da I Guerra Mundial, foi palco do anúncio da independência da Índia em 1947 e sofreu um ataque terrorista que deixou o mundo em alerta. Era o ano de 2008 e o grupo Lashkar-e-Taiba decidiu desferir “um golpe contra um símbolo da riqueza e progresso indiano” e escolheu o hotel mais emblemático do país. Ao todo, 31 das 167 mortes nos atentados daquele novembro foram dentro do hotel; havia 450 pessoas hospedadas.
O episódio ganhou as notícias e virou filme, mas desde então os proprietários e diretores tentam apagar a lembrança do triste episódio da história do hotel. O Taj investiu para isso e para voltar ao topo onde sempre esteve. Recentes obras lhe deram uma nova torre e mais quartos, colocando-o de novo como um hotel cobiçado por indianos e turistas.
Uma das apostas para isso foi a proposta gastronômica: são 9 restaurantes de assinatura, muitos deles comandados por chefs famosos, como o Wasabi, de Masaharu Morimoto, conhecido pelo programa Iron Chef, e tido como o melhor restaurante de comida japonesa da cidade — e um dos melhores de toda Índia.
Alguns peixes e muitos dos ingredientes vêm direto do Japão e o famoso chef serve pratos que se tornaram sua assinatura, como carpaccio de peixe branco, o bacalhau preto no missô e o creme brulée de wasabi.
Também está ali o Golden Dragon, uma referência em cozinha cantonesa e de Sichuan, na Índia, com um menu extenso de suculentos dim sums e algumas iguarias autênticas chinesas, como o famoso Pato à Pequim e o caranguejo com pimenta fresca e molho de coentro.
Há, ainda, restaurantes de gastronomia indiana, claro, que tentam abarcar do norte ao sul do país. Um deles de alta cozinha e outro que celebra a influência do país na culinária da Inglaterra, além de uma pâtisserie francesa e um espaço dedicado às receitas do Oriente Médio, o Souk.
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Cruzando a rua havia um restaurante
Mas a verdade é que meu restaurante preferido ao qual se pode ir jantar sem precisar sequer pegar o carro está a algumas dezenas de metros do saguão principal do The Taj. O Bademiya fica na parte traseira do hotel, no bairro de Colaba, e está aberto desde 1946.
Começou com um lugar de comida de rua, onde as pessoas passavam para comer e montavam a “mesa” sobre os capôs dos carros para se deliciar com os shish kebabs (o cordeiro ao estilo tuco), rumali rotis (os pães achatados) feitos na hora e espetos de tikkas picantes, além de vegetais, claro, como dita a cozinha indiana.
O espaço ganhou fama e se desenvolveu como um “restaurante”, ou quase isso: em uma garagem, há mesas de tampo branco e cadeiras de metal onde as pessoas se reúnem — e às vezes esperam um bom tempo na porta — para comer.
Em pratos plásticos coloridos, garçons sempre com pressa atravessam a rua freneticamente e servem ovos mexidos com cérebro de cordeiro, pratos com língua de cordeiro e molhos, limões e cebolas para completar. Nos doces, há pudim de arroz com água de rosas (phirni) e um tipo de um creme espesso de leite condensado, cardamomo e umas notas de açafrão.
Há garfo e faca, mas com uma fatia de pão rumali roti nas mãos, ninguém precisa deles para entrar no clima e comer à moda indiana, em sua melhor tradução: farta, deliciosa e democrática.
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