Um grupo de japoneses se imortaliza em frente ao Partenon. Uma mulher na Piazza San Marco dispara sua câmera digital alheia aos pombos pousados sobre ela. Uma turma tenta “desentortar” a famosa torre de Pisa. Um mar de celulares registra o sorriso mais enigmático da história da arte exposto no Louvre. Uma senhorinha em trajes pink e de costas para uma pirâmide maia no México fotografa alguma coisa que não sabemos o que é.
Todos nós, em alguma medida, já vivemos ou presenciamos algumas das cenas descritas acima, mas nas imagens de Martin Parr, um dos grandes nomes da fotografia do cotidiano, é como se uma lente de aumento pairasse sobre nossas fotos de viagem e dissessem: como somos patéticos! A exposição Parrtificial, que ficou em cartaz no MIS em São Paulo em 2016, foi inesquecível!
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Não se trata de torcer o nariz para as atitudes mundanas que envolvem o turismo ou assumir aquela altivez blasé de quem não se considera um turista. Longe disso. O que Martin Parr faz é uma refinada crítica social através de suas lentes e de seu afiado humor britânico. Olhamos aquelas imagens, nos identificamos, rimos. Dos outros e da gente mesmo. As fotos transmitem uma certa artificialidade, um tanto de absurdo, mas que são o mais puro registro fotográfico do “instante decisivo”.
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Três das coleções eram especialmente interessantes para o mundo das viagens. A primeira delas é o Labirinto de Parr, com cenas do cotidiano em pontos turísticos consagrados como Machu Picchu, Veneza e o Grand Canyon. Diz o curador: “o turismo é praticado como um ato compulsivo, desprovido de qualquer envolvimento entre nativo e estrangeiro, a não ser pelo ato de fazer compras, filas e fotos”. Veja algumas das imagens:
A coleção intitulada Bored Couples (Casais Entediados) é auto-explicativa. Quem nunca olhou para a mesa ao lado e pensou: será que estão entediados ou será que a intimidade é tanta que nem precisam mais conversar? Em uma balsa que faz a travessia entre Helsinque e Estocolmo, Martin Parr registrou casais com aquele olhar vazio ou dançando numa espécie de embate. Impossível saber se eles estão entediados ou não, mas é justamente a ambiguidade que faz a graça das imagens.
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Na sala Life’s a Beach, com chão coberto de areia, o fotógrafo fez um inventário da maneira como ingleses, mexicanos, espanhóis, indianos, japoneses e, claro, brasileiros, vivem seu ócio muito particular.
Veja também o site do artista.