Este inverno em Portugal está delicioso. Tem chovido pouco e, durante o dia, é comum os termômetros atingirem temperaturas acima dos 20ºC. Aproveitando esta primavera antecipada, rumamos para o Alto Alentejo no último fim de semana para curtir uns dias de preguiça ao ar livre. O destino? Arredores da Serra de São Mamede, a pouco mais de 2h de Lisboa. No roteiro, cidades históricas como Crato, Portalegre, Castelo de Vide, Marvão.
Ainda no caminho, belas surpresas: campos verdinhos, muitas vezes forrados com tapetes coloridos de flores vermelhas, roxas, amarelas. Aqui e ali, grandes ninhos de cegonhas já se equilibrando no alto dos postes. Nem uma única nuvem no céu. Até o ar-concidionado virou artigo obrigatório debaixo do sol inclemente.
Escolhemos nos hospedar na Herdade da Rocha porque achamos a combinação perfeita: bom preço (diárias a cerca de € 100, com café da manhã), poucos quartos, uma piscina bonita, um mar de vinhedos, vinhos de produção própria, oliveiras e sobreiros até onde a vista alcança, quarto com vista.
O que ainda não sabíamos é que a realidade seria, num desses raros acasos do destino, melhor do que a expectativa gerada pelas fotos que vasculhamos loucamente na web.
Aos fatos: são apenas oito quartos, de duas categorias: com vista dos vinhedos ou com uma salinha que acomoda uma terceira pessoa (e sem vista). Ficamos na primeira, e confesso: quase não saímos da varanda, e nem da sua extensão para um pequeno olival, para onde a cesta com uma manta e as almofadas, estrategicamente pousadas ao pé da cama, ficavam sempre gritando para serem levadas.
A água da piscina (que tem um cantinho providencial de hidromassagem com espreguiçadeiras cavadas na pedra) ainda estava gelada demais, então a lista do que fazer incluiu dormir muito, ler debaixo das oliveiras, se perder de bicicleta pelo terreno, caminhar pelas novas passarelas de madeira que descortinam belas vistas da propriedade, dormir mais um pouco, comer bem e… provar vinhos, claro – no restaurante, à beira da piscina, na varanda. No nosso caso, tinto e rosé.
No penúltimo dia ainda fomos conhecer a adega, de ares futuristas do lado de fora e moderninhos por dentro, onde são produzidos azeite (250 garrafas de 250ml por ano) e vinho (40 mil garrafas por ano, entre 5 rótulos de tinto, dois de branco e um de rosé). Este foi um dos pontos baixos do fim de semana, já que a visita, que eu geralmente amo fazer, foi bem básica – sem qualquer tipo de informação e, pior ainda, sem uma prova dos vinhos.
Compensamos a decepção no jantar, quando o tinto Couto Saramago Selection 2016 foi uma agradável surpresa, com uma ótima relação custo-benefício (€ 15). Foi a companhia perfeita para as bolinhas de alheira com mel e nozes, a açorda alentejana com ovo escalfado e o bife de carne maturada acompanhado de migas de aspargos selvagens, ovinhos de codorna fritos e chips de batata doce. O grand finale ficou por conta de um trio de sobremesas conventuais.
O dia seguinte já era o de ir embora, mas o hotel, já vazio, ainda deu um golpe de misericórdia: café da manhã servido na hora que quiséssemos, onde bem entendêssemos.
Foi assim que uma bandeja recheada de croissants crocantes, pains au chocolat, presuntos, queijos, ovos mexidos, frutas, café e suco de laranja foi pousada – onde mais? – a nossa varanda quase na hora do almoço. Desnecessário dizer: o check-out precisou ser adiado ali para o meio da tarde…
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