Queijaria: um oásis em Lisboa inspirado nas fromageries francesas
Em pleno Príncipe Real, prateleiras exibem exemplares raros, garimpados nos quatro cantos do país (e da Europa), ao lado de produtos gourmet especiais
Veludo: um queijo de cabra de casca enrugada fabricado na Península de Setúbal que lembra o francês Saint-Félicien. Tenras fatias da estrela da Ilha de São Jorge, com excepcionais 48 meses de cura. Uma massa tipo chèvre francês, de casca enrugada com cinzas vegetais e penicillium, um tipo de fungo especial.
A discreta portinha que ocupa o número 40 da Rua do Monte Olivete, no Príncipe Real, guarda verdadeiras preciosidades no seu interior. Ali, as prateleiras frigoríficas exibem sempre 15 ou 20 variedades do melhor queijo português e outras tantas joias importadas de outros países europeus como a França, a Suíça, a Inglaterra, a Itália.
Esqueça os exemplares pasteurizados, fabricados em série e encontrados nas gôndolas dos supermercados. O foco, aqui, está nos pequenos produtores. “Eles tratam melhor o queijo”, brinca o proprietário da Queijaria, Pedro Cardoso, que depois de 20 anos na publicidade resolveu mergulhar no universo que é a sua verdadeira paixão.
Inspirada nas fromageries francesas, a Queijaria conta com uma seleção criteriosa do que melhor se produz em Portugal. Estão lá os queijos mais famosos, claro, em versões superespeciais, caso do Serra da Estrela e do Azeitão, cuja versão artesanal custa € 9,20 (ao que Pedro acrescenta dicas de como consumi-los: “o Serra da Estrela é ideal para ser comido às fatias, com a casca, pois ela é muito especial; já o Azeitão pode ser degustado às colheres”). Mas junto deles há raridades garimpadas nos quatro cantos.
Um belo exemplo é o Brilhante, um queijo de leite cru, de vaca, extremamente cremoso, fabricado na Ilha das Flores, nos Açores (€ 3,78 cada 100g). Detalhe: ele só é comercializado no inverno, que é quando se consegue preservar melhor a sua consistência cremosa. Outro exemplo é o Dona Amélia, de cabra, curado, fabricado na Beira Baixa (€ 2,25 cada 100g).
Entre os estrangeiros, a seleção inclui belos queijos azuis (do francês Roquefort ao italiano Gongonzola), Brie francês com trufas, Stilton inglês e um Emmental suíço com 18 meses de cura. Da Itália ainda vêm bons exemplares de Pecorino, Taleggio e Parmigiano Reggiano.
Para acompanhar a festa, o sommelier Manoel Moreira fez uma seleção especial de vinhos – a sua maioria brancos, claro. Há, ainda, crackers feitos com uma delicada (e neutra) massa de grão de bico, perfeitos para degustar queijos, doces e compotas. A marmelada branca artesanal (€ 2,93 cada 100g) tem uma consistência impecável e é deliciosa. Por fim, não deixe de levar pra casa o pudim Abade de Priscos, a melhor versão que jamais encontrará no país.
Pedro faz, ainda, algumas experiências de cura de queijo in loco e pesquisa embutidos artesanais de norte a sul – durante a nossa visita, havia salsichão, chouriço de porco de bolota, paio do lombo, presunto de vaca do Alentejo… tudo em fatias delicadas feitas na hora.
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