Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Comer bem em Lisboa: 3 novos restaurantes imperdíveis

Na contramão da pandemia, a capital portuguesa vê nascer (ou concretizar) projetos saborosos

Por Rachel Verano
Atualizado em 20 nov 2020, 19h09 - Publicado em 20 nov 2020, 15h50

É verdade que 2020 está sendo um ano desafiador para o setor de restaurantes não só em Portugal, mas no mundo todo. Aqui em Lisboa, dezenas tristemente sucumbiram à pandemia e fecharam definitivamente as portas, em meio a um cenário que ainda segue incerto e nebuloso. Por outro lado, na contramão, novos endereços abriram ou reabriram recentemente, com propostas especiais. Estes três, de perfis completamente distintos, merecem entrar na lista das novidades imperdíveis:

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A fachada do Drogaria: ares retrô (Bruno Barata/Reprodução)

Um achado para manter em segredo: Drogaria

Em um simpático largo formado por uma rua sem saída na Lapa, onde foram espalhadas poucas mesas estratégicas para a happy hour, encontra-se uma das melhores novidades. O nome é uma homenagem do proprietário Paulo Aguiar ao comércio tradicional do bairro da sua infância, nos anos 1970 – no imóvel que escolheu restaurar e manter os traços originais, funcionava a farmácia do senhor Albino, seu antigo vizinho.

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O pequeno bar do Drogaria: pequenino e aconchegante (Bruno Barata/Reprodução)

No pequeno ambiente aconchegante de ares retrô e traços art deco desfilam pratos preparados impecavelmente pelo prodígio David Casaca, chef de apenas 27 anos vindo da cozinha do hotel Ritz Four Seasons. São delícias como as bochechas de porco preto, que desmancham na boca, ou o polvo escoltado por acompanhamentos que brincam com as texturas e o mix de sabores. Para começar, são imperdíveis os croquetes de bacalhau com natas e de rabo de boi, além do gyoza de cozido português, ambos de uma delicadeza inesperada.

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Sequência de pratos do chef David Casaca: delicados e sutis (Bruno Barata/Reprodução)
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O menu promete mudar a cada estação, mas a marca registrada do chef permanece inabalada. “Minha comida é a portuguesa, mas à minha maneira”, diz David. Na prática, isso quer dizer uma reinterpretação moderninha de receitas clássicas, mas sem grandes mirabolâncias e de resultado sempre muito sutil e leve. Um jantar para duas pessoas, com entrada, prato e sobremesa, custa cerca de € 60 (sem vinho). Uma belíssima descoberta!

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O palacete do Verride Palácio de Santa Catarina: uma das melhores vistas da cidade (Bruno Barata/Reprodução)

Categoria UAU: Suba

Lisboa se faz de um sobe e desce infinito, e seus mirantes estão entre as suas maiores atrações. Um dos mais famosos fica na Bica, a poucos passos do Bairro Alto e do Chiado: o Miradouro do Adamastor. Mas se antes para curtir a vista arrebatadora sobre a Baixa, o Castelo e o Tejo as alternativas resumiam-se a um chope ou um café ao ar livre, nos últimos anos o Verride Palácio de Santa Catarina transformou o cenário numa verdadeira experiência.

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A vista do rooftop: 360º sobre Lisboa (Bruno Barata/Reprodução)
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Instalado em um belo palacete do século 18 totalmente restaurado, o hotel oferece agora a possibilidade de um jantar gourmet de camarote para o cenário. O programa pode (e deve!) começar com um drinque no rooftop, onde as vistas são de 360º e os coquetéis, super criativos.

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O salão: grandes janelas que se abrem sobre Lisboa: (Bruno Barata/Reprodução)

Já no salão, reserve uma mesa junto às enormes janelas que se estendem do teto ao chão e permita que os frames de Lisboa concorram à altura com as criações do chef Fábio Alves. Há opções a la carte e três menus degustação (€ 40, € 70 e € 90). No almoço, há também um menu executivo ao preço de € 25 com entrada, prato, principal, sobremesa e café. Espere espumas, fumaças e jogos de texturas em receitas como o foie gras com presunto de magret de pato e ruibarbo e o atum defumado com ostras.

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Sequência de pratos do Suba: texturas, espumas e fumaças (Bruno Barata/Reprodução)
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Para encerrar, uma sobremesa a la française que não tem erro: a clássica esfera de chocolate que derrete ao receber a calda quente (aqui, decorada com folhas de ouro).

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A entrada do OTRO: discrição nos arredores da Avenida da Liberdade (Bruno Barata/Reprodução)

Para badalar: OTRO

Atenção amantes de restaurantes que são pura badalação: Lisboa agora tem a sua versão comme il faut. Meia luz, sofás de veludo, música alta com curadoria de uma das DJs mais famosas do país (Poppy)… a combinação é perfeita para que fãs de nomes como Hôtel Costes, Byblos, Nikki Beach ou Bagatelle se sintam em casa, mesmo a centenas de quilômetros de Saint-Tropez, Paris ou Miami Beach. Com um plus: a cozinha aqui é levada a sério e comandada por um dos mais queridos chefs portugueses, Vítor Sobral. Ir jantar no OTRO é programa para aguçar os sentidos – não fosse um dos sócios Hugo Banha, o nome por trás de uma das perfumarias mais exclusivas da cidade, sempre ávido por desenhar experiências únicas (aqui é possível provar os perfumes numa ida ao banheiro e comprar um frasco para oferecer de presente dentro de uma redoma com direito a gelo seco e pirotecnias – pois é… Ainda que o valor ultrapasse os € 200).

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O ambiente do OTRO: veludo, meia luz e música alta (Bruno Barata/Reprodução)
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Perfumes na “casa de banho”: experiência sensorial (Bruno Barata/Reprodução)

Na cozinha, Vítor Sobral se rendeu a ingredientes como trufas, foie gras e caviar, mas a base continua sendo a culinária portuguesa. Da carta de entradas, o ceviche de polvo é especial. Entre os pratos principais, há diferentes opções de bacalhau (como a posta fresca confitada com foie gras, purê de batatas e trufas) e ótimas carnes maturadas.

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Pratos do OTRO: menu by Vítor Sobral, com ingredientes portugueses e toques internacionais (Bruno Barata/Reprodução)

As sobremesas, não raro meras coadjuvantes, aqui reinam soberanas – inesquecível o levíssimo e aveludado pudim de chá verde com notas de gengibre. O grand finale fica por conta do queijo amanteigado da Ilha do Pico, nos Açores, escoltado por amêndoas torradas e mel trufado. Uma refeição para duas pessoas custa a partir de € 80 (sem vinho).

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