Além-mar

Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Portugal: a experiência de ir a um show depois de meses de lockdown

Lugares marcados, sentados, algum distanciamento, máscara o tempo todo, fiscalização. E um arrepio de emoção mal as luzes se apagaram

Por Rachel Verano
Atualizado em 22 Maio 2021, 17h45 - Publicado em 22 Maio 2021, 17h30
Cervejaria Trindade: o clássico de 1836 está de volta ao Chiado, em Lisboa
A banda The Gift no palco: emoção (Aline Arantes/Arquivo pessoal)

Ir a shows nunca foi muito a onda da empresária Aline Arantes, dona da agência de viagens Handmade Vacations, mas, desde que a pandemia impôs uma série de restrições, ela tem sentido desejo de fazer coisas coletivas que nunca tinha tido muita vontade. “É aquela velha história: a gente não pode, então a gente quer”, brinca.

E foi assim que ela decidiu ver de perto a sua banda portuguesa preferida, The Gift, num show no Campo Pequeno, espaço cultural instalado numa antiga praça de touros na região central de Lisboa. A vontade só aumentou quando veio o último lockdown e o show teve que ser remarcado. Mas poucos dias atrás, com o desconfinamento progressivo em Portugal, as atividades culturais finalmente tiveram a luz verde para voltar e o show aconteceu numa animada sexta-feira da primavera. A seguir, ela conta detalhes de como foi a experiência depois de tanto tempo de restrições.

Cervejaria Trindade: o clássico de 1836 está de volta ao Chiado, em Lisboa
Depois do lockdown, a trégua: shows permitidos em Lisboa, com regras de segurança (Aline Arantes/Arquivo pessoal)

“Eu conheci melhor ‘os’ The Gift, como se diz em Portugal, durante a pandemia, e me apaixonei. Eu já estava muito feliz de ir ao show, mas mesmo assim não esperava que fosse me emocionar tanto!

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Cheguei com bastante antecedência e ainda deu tempo de tomar uma cervejinha num dos bares que ficam ali em volta do Campo Pequeno. Não tinha fila para entrar e nem aglomeração – havia vários pontos de entrada, distribuídos de acordo com a numeração do lugar. Tinha muita criança, muita família – eu fiquei surpresa, não esperava!

Lá dentro achei tudo organizado. Não tiraram temperatura, mas a gente teve que ficar de máscara o tempo todo. Os lugares eram marcados e havia espaçamento entre os grupos (pessoas que haviam comprado ingressos juntas). Eu comecei a me sentir emocionada só de ver aquele monte de gente num lugar esperando para assistir a um show, aquele escurinho, todas aquelas pessoas esperando para ver uma coisa em comum.

Quando a banda subiu ao palco e começou com uma música instrumental que eu amo, com aquela cantora maravilhosa, eu fiquei toda arrepiada. Foi tipo: ‘uau, eu estou vendo um show, eu estou convivendo, me emocionando com outras pessoas ao mesmo tempo!’ É muito diferente isso, estava muito fora do nosso cotidiano!

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Ao longo do show, eu fiquei com a sensação de que se fosse no Brasil, a galera ia estar mais de pé. Ficou todo mundo sentado e comportado até quase o final; só nas últimas músicas as pessoas começaram a levantar, a se empolgar. Rolou cantar, dançar, acender o celular, aquela dinâmica toda de show. Reparei que havia uns seguranças que ficavam virados de costas para o palco fiscalizando o comportamento de todos.

A interação entre a banda e o público foi muito legal. Eles comentavam a situação em que estávamos, a alegria de estar ali de volta. A vocalista perguntou se dava para cantar de máscara, porque ela queria muito ouvir. O vocalista agradeceu mais de uma vez por estarmos ali ajudando a mostrar que a cultura é segura. Achei isso muito importante porque sim, eu acho que a gente tem que voltar a viver, ir a show, viajar, sempre mostrando que dá para fazer tudo de forma segura! Para mim, pessoalmente, isso é essencial, sendo dona de uma agência de viagens – isso também foi uma coisa que me emocionou.

A saída, ao final, foi bem tranquila e organizada, fila por fila. O tempo todo me senti bem segura. De maneira geral, eu não tenho medo de ficar doente, medo do covid. Isso não é uma coisa que me domina no dia a dia, eu não me preocupo em fazer alguma coisa sempre que ela é permitida. Fiquei realmente muito feliz de poder ver uma banda portuguesa que eu gosto tanto, num lugar tão bonito – e com segurança!”

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