Pelourinho: passeios fundamentais para se fazer em um dia
Um passeio de oito horas pelo que há de imperdível da parte mais histórica e colorida de Salvador
Quando meus amigos programam uma viagem a Salvador e perguntam sobre o Pelourinho, sempre afirmo que, para explorar bem a região mais histórica da cidade, são precisos, no mínimo, dois dias. Pois bem, ninguém jamais seguiu minhas recomendações: é um dia e olhe lá.
Pensando nisso, resolvi montar esse post com o essencial do Pelourinho, com as atrações, restaurantes e comidinhas imperdíveis por lá. Um programa para ser feito entre 9h e 17h, porém, pela logística da cidade, quem estiver hospedado longe, dificilmente chega no Pelô às nove da matina. Dicas básicas para visitar a região: nada de adereços nos pulsos e garganta e muito cuidado com bolsas, carteiras e equipamentos eletrônicos.
Com fácil acesso, o Largo do Terreiro de Jesus servirá como ponto de partida e chegada do passeio, repleto de casarões coloridos. Lá estão três igrejas (Catedral Basílica, São Pedro dos Clérigos e Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão) e alguns bares. Olhando à direita, você verá a uns 200 m, um cruzeiro esculpido e uma igreja com uma fachada até meio tímida. Pois não se engane, ali está uma das joias do barroco brasileiro e a mais importante atração do Pelourinho.
Então, antes que algum imprevisto aconteça, comece seu dia pela Igreja e Convento de São Francisco. A quantidade de ouro na nave principal deixa qualquer mortal de queixo caído, não há um só lugar ali em que não reluza o dourado. E o detalhamento das imagens só reforçam o encantamento.
No claustro, 55 mil azulejos portugueses (alguns em péssimo estado) contam a história de São Francisco de Assis, cenas pagãs e epígrafes do poeta romano Horácio. A visita não é guiada, mas na entrada proliferam guias independentes – eu sou contra esse tipo de serviço, mas se optar por eles, negocie direitinho o preço antes de entrar na igreja.
O calor inclemente do final da manhã convida a um sorvetinho. Em frente a Igreja de São Francisco, a Le Glacier Laporte tem sabores convencionais, mas é famosa pelas suas misturas, como mel e gengibre ou coco e cachaça.
De volta ao Terreiro de Jesus (não, ainda não é hora de ir embora), a Catedral Basílica é a igreja número dois do Pelô. Revestida em pedra de lioz, tem teto altíssimo em relevo e colunas renascentistas.
Nessa altura do relato, você deve estar se perguntando: “Ué, mas me falaram que no Pelourinho só tem ladeira. Até agora nada?”
Chegou a hora do sobe e desce. Basicamente, o Pelourinho tem três ruas paralelas principais que, além de ter dois nomes (Portas do Carmo/Alfredo de Brito, Maciel de Cima/João de Deus e Maciel de Baixo/Gregório de Matos), são autênticas ladeiras. Três pequenas ruas as cortam. A grosso modo, na primeira se concentram lojas de artesanato popular e nas outras duas, museus e restaurantes.
A fome bateu e aqui vão, algumas opções: se você quiser comer um repleto self-service de comida baiana, desça uma das três ruas até chegar ao restaurante do Senac; se apenas uma caprichada moqueca te satisfaça, se mande para o Axego, na Rua João de Deus; agora se você quer um cardápio em que possa optar entre a comida brasileira e a internacional, fique com o Cuco Bistrô, ao lado do Terreiro de Jesus.
Para melhor digestão, deixemos o período vespertino para museus, lojas e ateliês. Na Rua Maciel de Cima, o Solar do Ferrão/Museu Abelardo Rodrigues é o mais emblemático do Pelourinho apresentando quatro coleções: artes sacra, popular e africana, além de uma seção de instrumentos musicais.
Ao lado do Solar do Ferrão, fica o ateliê de Enock Silva, um dos pintores e escultores mais representativos de Salvador – suas obras abusam da estética figurativa. Na paralela Rua Maciel de Cima, Menelaw Sete expõe suas telas multicoloridas em um ateliê abarrotado de obras.
Sabe aquela camiseta do Olodum tão vista pelo mundo afora? Que tal comprar uma original e ajudar a famosa companhia? Basta seguir para a Rua das Laranjeiras, onde um grupo mantém uma escola/loja.
De volta ao Terreiro de Jesus, a pedida é terminar a jornada de uma forma etílica, provando uma das cachaças aromatizadas do sempre lotado bar O Cravinho. Se vier acompanhada de uma porção de moela, a combinação fica perfeita.