Pode parecer estranho, mas você pode não pisar uma única vez no calçamento de pedras do Centro Histórico de Paraty e ser extremamente feliz. Alguns dos bons motivos, listo abaixo: praias belíssimas, banhos de cachoeiras, fazendas históricas, alambiques e alta gastronomia em lugarzinhos perdidos na mata.
Praias
1 – Trindade
Após a divisa com São Paulo, o litoral fluminense entra mostrando suas garras em uma região de lindas praias. Vila de pescadores, o povoado de Trindade foi um dos pioneiros da moçada bicho grilo durante os anos 70 e 80. O asfaltamento da estrada de acesso contribuiu para o atual público diversificado. As fortes ondas da praia do Cepilho servem de aperitivo para quem está entrando na vila: ao mesmo tempo que assustam pela violência das águas (praticamente só surfistas encaram), encantam pela beleza.
Mais centrais, as praias dos Ranchos e do Meio são boas para quem viaja com crianças. A primeira pela oferta de quiosques e a segunda pela limpidez e mansidão do mar. Repare no formato da praia, em forma de coração. Por uma tranquila trilha de 20 minutos a partir da praia do Meio, chega-se ao Cachadaço, a cereja do bolo de Trindade. Uma extensa faixa de areia branquinha encostada na Mata Atlântica. É verdade que o mar pode ser traiçoeiro devido á correnteza, mas quem chega ao final da praia – e encara outra pequena trilha – é recompensado com uma piscina natural cheia de peixinhos e com uma vista reconfortante.
2 – Praia do Sono
Imersa em meio a Mata Atlântica, a praia do Sono é uma das mais belas da região. Para chegar lá, há duas opções: os mais bem preparados fisicamente podem encarar uma trilha de 3 km com dificuldade média (há muitos aclives e declives e pedras escorregadias), mas um mirante que propicia a melhor panorâmica da praia. Demora cerca de 1h40 para percorrê-la. Quem vai com crianças ou são sedentários podem pegar um barco no Condomínio Laranjeiras (em média custa R$ 25 por pessoa). A recompensa é uma praia de areia branca e fofa com águas calmas e transparentes. Principalmente nos fins de semana, há alguns restaurantes super simples a servir um peixe fresquinho. Quer passar uma noite por lá e aproveitar para conhecer praias vizinhas também apenas acessíveis por trilha? Sem problema, mas vai dormir acampado em campings improvisados nos fundos das casas dos pescadores.
O caminho até Laranjeiras – onde sai a trilha para o Sono – é a mesma de Trindade. Há uma bifurcação na estrada de acesso.
3 – Antigos/Antiguinhos
Na sequência da Praia do Sono, as duas praias estão entre as mais preservadas de Paraty. Colabora o fato de ficar em área de proteção ambiental, logo não há barracas ou área de camping e ainda é proibido fazer fogueiras. Outra barreira é a trilha que sai da Praia do Sono e vai até Antigos: íngreme e totalmente aberta, feita em aproximadamente 30 minutos.
Os poucos frequentadores têm a disposição uma praia de areias fofas, águas mornas, porém violentas. Antiguinhos tem um mar mais amigável e uma pequena cachoeira na mata. A partir de Antigos, a trilha é rápida e sossegada.
Quem preferir pode vir de barco a partir de Laranjeiras (R$ 60, em média por pessoa), em um percurso de 30 minutos, com algum desconforto causado pelas marolas.
4 – Cajaíba
Formada pelas praias Pouso, Grande, Ipanema e Itaoca, a região da Cajaíba é uma das preferidas do povo mais descolado, que curte um camping ou dorme na casa dos pescadores, para um contato maior com o povo caiçara. Não há energia elétrica por lá, tudo funciona a base de lanternas e geradores.
Para chegar à região, é preciso pegar um barco no cais central (1h40) ou em Paraty-Mirim (40 minutos). As praias são interligadas por pequenas trilhas, com dificuldade moderada. Com mais estrutura, o desembarque geralmente é feito na praia do Pouso, com águas calmas e esverdeadas.
No canto direito da Praia Grande, caminha-se 30 minutos em uma trilha até se deparar com duas cachoeiras bem gostosas para o banho. Como o trecho é preciso encarar um trecho de mar aberto, os barqueiros não gostam de levar pessoas para a Praia Grande, tem que encarar a trilha.
5 – Saco do Mamanguá
Um cenário norueguês em pleno Brasil tropical. Pode isso, Arnaldo? Em Paraty, pode. Único fiorde em terras brasileiras, um braço de mar avança por 8 km no continente ladeado por altas montanhas. Por esse pedaço de terra, que já serviu de cenário para o filme Amanhecer, da saga Crepúsculo, escondem-se 33 praias e oito comunidades caiçaras.
Chega-se ao Saco do Mamanguá através de barcos a partir de Paraty-Mirim (30 minutos) ou naquelas travessias pesadérrimas. O cenário é composto por velas, pranchas de stand-up paddle e caiaques – o Mamanguá é considerado um dos melhores locais do mundo para a prática de caiaque oceânico.
Cartão-postal da região, o Pico do Pão de Açúcar pode ser acessado por uma trilha muito íngreme de uma hora – o início da caminhada fica na praia do Cruzeiro.
6 – Jurumirim
A 25 minutos de barco do cais de Paraty, Jurumirim é uma das mais encantadoras praias mais próximas do centrinho histórico. Não há bares ou quiosques, só uma casa de veraneio da família Klink. As tranquilas águas esverdeadas parecem uma continuação das amendoeiras que garantem a sombra. Os momentos de relax total são quebrados apenas para observar as tartarugas-marinhas que gostam de dar caras por ali.
7 – São Gonçalo
A praia mais extensa da parte norte de Paraty tem muita areia, mas pouca estrutura, apenas algumas barracas. O que garante momentos de tranquilidade para quem resolve passar umas horas por lá – exceto na alta temporada quando o movimento é intenso. O carro é deixado às margens da Rio-Santos e atravessa-se um rio de barco ou, se a maré estiver baixa, a pé mesmo. O mar é bem tranquilo com água esverdeada. Não raro você pode ver pranchas de stand-up paddle deslizando pelas águas.
A 10 minutos de barco (R$ 20 por pessoa), a Ilha do Pelado garante momentos de ainda mais tranquilidade.
Cachoeiras
8 – Cachoeira Pedra Branca
A queda d´água fica próxima a uma antiga hidrelétrica, com algumas ruínas a contar parte da história. Do lado da construção, o primeiro poço tem o sugestivo nome de Usina. Com 6 m de profundidade, deve ser evitado por crianças.
A cachoeira propriamente dita, está rio acima, alcançada em 5 minutos de trilha, com duchas e piscina natural – o banho aqui é uma delícia.
Com acesso pela Estrada Cunha/Paraty, o trecho final, após a Ponte Branca, é por uma estradinha de terra cheia de pedras e chatinha em dias chuvosos
Onde fica: acesso pelo km 4,5 da Estrada Cunha/Paraty (Ponte Branca).
9 – Cachoeira do Tobogã/Poço do Tarzan
Ao chegar na cachoeira, a 3 minutos de caminhada da estrada, você provavelmente verá uma molecada descendo o escorregador natural fazendo manobras de pé. Nem tente “seguir os mestres”, eles são locais e nasceram deslizando por essas pedras. Faça o simples e desça sentado, garantindo uma descida divertida.
Uma trilha de 100 m em subida leva ao Poço do Tarzan, uma piscina natural com um banho delicioso. Ao lado do poço há um bar
Onde fica: Estrada Cunha/Paraty, km 8 (Penha)
Alambiques
10 – Coqueiro/Destilaria Engenho d’Água
Fundada em 1803, é a destilaria mais antiga em atividade na região. A visita é rápida, há apenas um pequeno numa sala e a lojinha onde pode-se degustar os rótulos produzidos pela fazenda. Fica a 7 km do Centro Histórico, com acesso pela BR-101 no sentido de Ubatuba. Da BR até lá, tem que encarar uma estrada de terra meio esburacada.
Onde fica: acesso pelo km 583 da BR-101 (Fazenda Cabral)
Horário: diariamente, das 8h às 18h
Informações: 24/3371-0016
11 – Engenho d’Ouro
Entre os alambiques paratienses tem uma das propostas mais interessantes. Apesar do pequeno porte, o turista visita o alambique em um tour guiado, degustado as boas cachaças produzidas por lá.
De quebra, há um restaurante para almoçar, onde é montado um bufê com pratos de fazenda – a galinhada é bem famosa.
A Cachoeira do Tobogã fica lá perto, dá para casar os dois programas sem problema.
Onde fica: Estrada Cunha/Paraty, km 8
Informações: 24/98858-4212
Fazendas/Passeios
12 – Fazenda Bananal (antiga Fazenda Murycana)
A tradicional Fazenda Murycana vivia momentos de total decadência nos últimos anos, com um restaurante apenas razoável e um jeitão constrangedor de abandono. Vendida para os proprietários da Pousada Literária, no Centro Histórico, a fazenda passou por uma reforma total e se tornou a grande novidade paratiense de 2017.
Literalmente rebatizada de Fazenda Bananal, afinal esse foi o primeiro nome do local, sai de cena o antigo alambique, dando lugar a uma fazenda cuja proposta é ser 100% orgânica e sustentável. É lugar para se passar o dia, sem pressa de ir embora.
O casarão de 1846 foi minuciosamente reformado, retornando às formas originais. Lá, o visitante entra em contato com a história da fazenda e de Paraty.
Na área externa da fazenda fica até difícil decidir o que ver: na horta, 60 itens são produzidos ao longo do ano; na agro-floresta podemos ver a plantação de alimentos a torto e rodo; o galinheiro exibe ovos caipiras fresquíssimos (e as aves não são abatidas); no Jardim dos Beija-Flores observamos atentamente o movimento dos pássaros.
Evidente que há um restaurante por lá, cujos ingredientes são todos produzidos no local. O cardápio acompanha a safra e só aparecem nele os produtos em voga na estação.
Detalhe importante: não há comercialização de produtos alimentícios no local.
Onde fica: Estrada Pedra Branca/Paraty (Pedra Branca)
Horário: diariamente, das 10h às 18h
Informações: 24/3371-0039
13 – Caminho do Ouro
A caminhada acontece num percurso de 3,5 km da Estrada Real, utilizada para escoar o ouro de Minas Gerais para o Oceano Atlântico durante os séculos 17 e 18. Esse trecho passa pelo antigo calçamento da estrada feito com pedras. A presença de um guia detalhando a história do Ciclo do Ouro na região não só é recomendada, como obrigatória. Não há um passeio regular, o turista deve contratar um guia por conta própria e aqui vale a máxima: quanto mais pessoas, menor fica o valor da diária por cabeça.
Onde fica: Estrada Cunha/Paraty
Informações: 24/3371-7547 (Casa da Aventura) e 24/3371-1327 (Paraty Tours)
Restaurantes
14 – Le Gite d’Indaiatiba
A Paraty praiana está ao longe, no limite do olhar. O clima que predomina é o de montanha. Pudera, o restaurante – e pousada – está imerso na Serra da Bocaina, em uma área verde repleta de bromélias.
Após fazer os pedidos, os comensais são convidados, pela proprietária Valéria Menezes, a tomar um banho de cachoeira enquanto os pratos são preparados. Revigorados, retornam cerca de 40 minutos depois para provar as receitas do francês Olivier de Corta, marido de Valéria.
No enxuto cardápio, brilha o robalo que pode ser provado em um ceviche como entrada ou junto com um molho de manga, como prato principal. O ravióli de taioba é outro campeão de audiência.
Para chegar lá, pegue a BR-101 rumo ao Rio de Janeiro e, no km 562, fique atento à placa indicando Graúna. Entre a esquerda e suba a estradinha asfaltada.
Onde fica: acesso pelo km 562 da Rio-Santos (Sertão de Indaiatiba)
Horário: Segunda-feira e quarta a domingo, das 13h30 às 21h. Fecha às terças-feiras e no mês de maio
Informações: 24/99999-9923
15 – Voilá Bistrot
Anexo à Pousada Caminho do Ouro, na estrada para Cunha, o Voilà Bistrot conquistou um lugar no coração – e no estômago – dos pombinhos apaixonados. Tudo conspira a favor: a decoração esmerada, o crepitar das velas na mesa, a romântica música francesa e o barulho do rio que corre metros abaixo. Para completar, o capricho no preparo dos pratos franceses – os principais servindo duas pessoas. As receitas são trocadas a cada estação.
São apenas 7 mesas e não há segundo turno. Ou seja, a mesa é sua durante as horas em que o restaurante fica aberto – a reserva é imprescindível. Menores de 12 anos não são aceitos e grupos de mais de quatro comensais devem consultar disponibilidade.
Onde fica: Estrada Cunha/Paraty km 4 (Ponte Branca)
Horário: Quinta-feira a sábado, das 19h às 22h, domingo, das 13h às 15h. Fecha de segunda à quarta-feira
Informações: 24/3371-6548
16 – Bistrô dos Amigos
Às margens da BR-101, no sentido para o Rio de Janeiro, a 7 km do centrinho, atente-se para a pequena placa na rodovia. O restaurante – que só funciona mediante reserva – está escondido no meio da mata. São apenas duas mesas, decoradas com flores e velas, em um quiosque simples completamente integrado com a natureza, onde os sons dos pássaros e das árvores dominam o ambiente
O simpático proprietário Ismael Souza recebe os comensais com abraços e histórias – se precisar, te espera na rodovia, para você não passar reto. Enquanto isso, sua esposa Maria do Rosário capricha no menu-degustação de quatro etapas (duas entradas, prato principal e sobremesa). Claro que os pescados é quem mandam no menu.
O estacionamento fica em um terreno do outro lado da rodovia, logo redobre a atenção na hora de atravessá-la.
Onde fica: BR-101 para o Rio de Janeiro, km 565 (Barra do Corumbê)
Horário: não há um horário fixo, ele é decidido no ato da reserva
Informações: 24/99918-6715