O visual vintage-chic do Boca Chica
Faz tempo que não falo da vida noturna de Barcelona. E ainda que quase todos os bares desta lista ainda estejam valendo (prova de que as modas em Barcelona, e na Europa em geral, não se reciclam tão freneticamente como em São Paulo ou em Nova York), alguns lugares roubaram a cena nos últimos tempos:
Mais que um bar, o lugar é quase uma Disnelylândia de adulto. O toque excêntrico começa pelo nome (uma homenagem ao pintor-boêmio-subversivo-travesti José Pérez Ocaña – 1947 a 1983 – que vivia no edifício vizinho ao bar); passa pelo hostess latin lover com camisa aberta até o meio do peito goteando de suor; e culmina na decoração extravagante, que faria Phillippe Starck parecer recatado. Mistura de café, bar, coquetelaria, restaurante e club (de quinta a sábado o bar abriga festas com DJs e coisa e tal), o lugar é o maior responsável pelo renascimento da Plaça Reial, que andava decadente de dar pena. É, também, um dos poucos bares do Barrio Gótico para quem está na casa dos 30 e cansou de lamber as calçadas encardidas do coração do centro antigo de Barcelona.
MUTIS
É um dos dois bares de Barcelona que integram a badalada lista dos World’s 50 Best Bars (o outro é o clássico Dry Martini, que não está na minha lista por ser um clássico da cidade, e não um bar da moda). Ótimo, incrível, cool, forrado de veludo e móveis vintage, blablablá. O único porém é que, caso você não seja a Angelina Jolie, terá que rastejar no chão como um verme para conseguir entrar. Este bar “secreto” e insuportavelmente blasé fica no primeiro andar do mesmo edifício onde funciona o famoso Bar Mut e pertence ao mesmo dono, o todo-poderoso Kim Diaz. A julgar pela amabilidade sulfúrica do bar de tapas aberto ao público – como constatou, estupefata, a nossa sempre ótima e saudosa Constance Escobar neste post – você já pode imaginar o quão receptivo é o andar de cima a estrangeiros anônimos. Mas é isso aí… para ser in é preciso sofrer.
O lugar é tão imponente e elegante que quase não parece Barcelona. No nível de desprendimento que ando atualmente, precisaria tomar três banhos e passar a tarde fazendo compras para me sentir bem lá dentro. Mas você, acostumada a sair de salto, vai fundo que é sucesso garantido. O endereço é deluxe, na Passatge Concepció, uma ruazinha elegante entre o Passeig de Gràcia e a Rambla Catalunya. O visual é lindamente pseudo antigo, com sofás de veludo, lustres suntuosos e iluminação cuidada. O bar é anexo ao igualmente hypado restaurante Boca Grande.
Um templo dedicado à bebida que está obsessivamente na moda em Barcelona, o gin-tonic (clique aqui para ler o meu post sobre as obsessões do momento). No deliciosamente boêmio bairro de Gràcia, é cool sem ser pretensioso e leva a arte da coquetelaria a sério. Tem mais de 60 tipos de gin e comidinhas bacanas para acompanhar. Me gusta.
É uma pena. Mas o Raval, meu ex-bairro favorito, anda decadente. De uma hora pra outra, os bares esvaziaram a noite ficou devagar. Uma das poucas exceções é este bar que não tem nada de muito especial (a não ser drinques a ótimos preços), mas vive lotado de gente moderna e divertida. Combina mais com inverno: é pequeno e meio inferninho.
Visual moderninho do ótimo Negroni
Outro sobrevivente do Raval, quase vizinho ao Betty Ford. Vive lotado e o motivo aqui é evidente: capricho absoluto nos drinques, boa variedade de gin-tonics e serviço simpático e profissional, pelas mãos dos barmen Daniel Gómez e Javier Cejas.
BAR CALDERS
Ô delícia de lugar. Você mataria por um lugar no terracinho ao ar livre, acredite. É um dos melhores representantes do pedacinho mais cool da cidade neste momento, o eixo Poble Sec-Sant Antoni. Serve boas comidinhas com sotaque mexicano para acompanhar bebidas – sim, servem cons gin-tonics. (Carrer Parlament, 25)
Siga @drisetti no Twitter
