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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Nova prefeita de Barcelona estuda maneira de frear turismo de massa

O número de turistas em Barcelona quase triplicou na última década. Hoje em dia, mais de 7,5 milhões de pessoas visitam a capital catalã ao ano

Por Adriana Setti
Atualizado em 26 set 2019, 15h28 - Publicado em 11 jun 2015, 15h14

Barcelona vive um dilema. A cidade foi tão eficiente em projetar-se ao turismo internacional nos últimos 20 anos que, vítima de seu sucesso, agora discute uma forma de conter a avalanche. Esse foi o tema de uma reportagem (clique aqui para ler) recém publicada pela revista britânica The Economist. E esse vem sendo o tema de muitas discussões na cidade ultimamente.

O número de turistas em Barcelona quase triplicou na última década. Hoje em dia, mais de 7,5 milhões de pessoas visitam a capital catalã ao ano. A esse número somam-se 2,5 milhões de cruzeiristas, que desembarcam anualmente (para passar o dia) numa cidade de 1,6 milhões de habitantes. Para que se tenha uma ideia, o Brasil INTEIRO recebe cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros ao ano.

Visitei Barcelona pela primeira vez em 1998. Mudei de mala e cuia pra cá em 2000 e sou testemunha ocular desse boom turístico. Assisti de camarote alguns bairros sendo totalmente modificados pelos novos hotéis e apês de aluguel de temporada (o exemplo mais dramático é a Barceloneta: clique aqui para ler o post) e deixei de frequentar uma série de lugares por causa da superlotação.

Pode parecer mimimi. Afinal de contas, que os visitantes geram emprego e renda todo mundo sabe. Mas, por outro lado, o turismo de massa acarreta uma série de efeitos colaterais nocivos (especulação imobiliária, saturação dos meios de transporte, gentrificação, entre outros) que devem ser avaliados e controlados para o bem de todos – inclusive dos turistas. E é isso que a nova prefeita de Barcelona pretende fazer.

Em 2013, durante protestos contra os despejos por falta de pagamento de financiamentos (um dos maiores dramas que resultaram da crise econômica que a Espanha atravessa desde 2008), uma estudante de filosofia vestida de Mamãe Noel foi arrastada por policiais armados e ganhou as páginas dos jornais. Era Ada Colau, 41 anos, a nova prefeita de Barcelona, eleita com 25% dos votos nas eleições municipais de maio de 2015. Líder do movimento em defesa dos afetados pela crise do financiamento imobiliário, ela conseguiu impedir centenas de despejos e é uma cara do novo cenário político espanhol, em que os novos partidos, fundados a partir do Movimento dos Indignados, vêm ganhando terreno sobre as grandes forças políticas tradicionais.

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Vejam o que ela disse em entrevista ao jornal El Periodico (clique aqui para ler na íntegra):

-Se o turismo invadiu a cidade, como se deve corrigir a situação?

-O turismo é um ativo da cidade, uma fonte econômica. Mas é necessário governá-lo. Deve-se evitar guetos que afugentam os moradores, como por exemplo o centro histórico. A situação de bairros como Ciutat Vella, Barceloneta e os arredores da Sagrada Família é insustentável. É preciso decretar moratória de novas licenças, fazer um levantamento exaustivo dos alojamentos turísticos de todo tipo, combater a ilegalidade e incentivar o legal. Temos que reverter a taxa turística nos bairros que mais sofreram com o turismo de massa. E sobretudo traçar um plano estratégico contando com os moradores, coisa que nunca foi feita.

Pode parecer tudo meio utópico, mas falar sobre isso já é um bom começo. Outro dia, conversando com a responsável de comunicação do turismo de Amsterdã, ela me contou que a prefeitura da cidade subsidia o aluguel de vários edifícios no centro justamente porque não quer deixar que esses apartamentos valorizadíssimos caiam na mão de especuladores e terminem por fazer com que o bairro perda o seu caráter. Se eu já tinha uma admiração enorme pelos holandeses, eles subiram ainda mais no meu conceito.

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Antes de ser eleita, Ada Colau também andou dizendo que gostaria de fazer as contas para ver se os cruzeiros realmente trazem benefício para a cidade, que hoje em dia é um dos principais portos do mundo para transatlânticos. Espero ansiosamente pelo resultado dessa análise. Como já afirmei aqui no blog algumas vezes, o crescimento imparável da indústria dos cruzeiros pede desesperadamente um planejamento, antes que cidades como Veneza, Santorini e Barcelona sejam sufocadas pelos mastodontes flutuantes sem que seus moradores se beneficiem com isso.

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