Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Morar na Europa é chique?

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=1iY5sPvY3f4?feature=oembed%5D Ri muito com o vídeo acima, que encontrei totalmente por acaso no maravilhoso mundo do youtube. O figurinha Alê, do canal Kartoffel Salat, (“um brasileiro perdido na terra do chucrute”), tirou as palavras da minha boca. Cada vez que falo que moro na Europa para algum brasileiro (no Brasil, obviamente), vem o comentário: “ai, […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h13 - Publicado em 23 out 2015, 17h36

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=1iY5sPvY3f4?feature=oembed%5D

Ri muito com o vídeo acima, que encontrei totalmente por acaso no maravilhoso mundo do youtube. O figurinha Alê, do canal Kartoffel Salat, (“um brasileiro perdido na terra do chucrute”), tirou as palavras da minha boca. Cada vez que falo que moro na Europa para algum brasileiro (no Brasil, obviamente), vem o comentário: “ai, que chique”. Morar aqui é libertador, é inspirador, é seguro, é bacana. Mas definitivamente não tem a ver com luxo ou glamour. Muito pelo contrário.

A importância da aparência — e a de ser chique —  é infinitamente menor aqui do que no Brasil. Especialmente em Barcelona. Morando aqui, fui ficando cada vez menos preocupada com roupa e estética. Hoje em dia, posso dizer que sou extremamente minimalista e desapegada nesse sentido. E muito mais feliz com a minha aparência em geral do quando me produzia mil vezes mais. O Alê diz: “morando aqui eu fiquei muito mais bagaceiro do que no Brasil”. Eu também. Me arrumo muito menos. Gasto muito menos com roupas e badulaques. Sou definitivamente menos chique. Que delícia.

Ah, sim. Na Europa nós tomamos vinho, comemos queijos ótimos. Mas é porque são produtos regionais, acessíveis, parte do dia a dia. Chique, aqui, é comer mamão papaia e tomar água de coco, que custam uma fortuna. Tudo nessa vida é relativo.

E mais. “Toda pessoa normal que se preze, na Europa, esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia”. Essa constatação é um trechinho do meu texto Como a classe média alta brasileira é escrava do alto padrão dos supérfluos, que rodou a internet loucamente e, vira e mexe, ainda volta a causar. Esfregar a própria privada pode não parecer chique. Mas a igualdade social é algo altamente elegante. Isso eu garanto.

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