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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Hotel ou Airbnb? O que faz mais sentido na era pós-covid?

Novo protocolo de higiene do Airbnb tenta recuperar a confiança dos viajantes nas plataformas de acomodações compartilhadas

Por Adriana Setti
Atualizado em 30 jun 2020, 10h50 - Publicado em 30 jun 2020, 09h34

No dia 18 de junho, o Airbnb apresentou o seu novo Protocolo Avançado de Higienização em 11 países, incluindo o Brasil, e também a Espanha, onde vivo. Elaborado em parceria com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, esse novo recurso para os anfitriões da plataforma inclui aulas on-line com informações específicas sobre a prevenção à covid-19.

Além de usar o Airbnb frequentemente como viajante, também faço parte da comunidade de anfitriões, alugando minha casa nas Ilhas Baleares para turistas. No dia seguinte ao anúncio, participei do treinamento on-line proposto pela plataforma, que ensina a limpar e higienizar um espaço de forma rigorosa em 5 etapas, desinfetando as superfícies tocadas com frequência (maçanetas, porta da geladeira, interruptores etc), usando produtos aprovados por especialistas em saúde, lavando os lençóis a altas temperaturas, entre outras medidas, como a recomendação (não obrigatória) de deixar o espaço em “quarentena” por 24 horas entre cada reserva.

O “cursinho” é basicamente a leitura de cinco textos. Ao final, o anfitrião precisa responder um questionário sobre limpeza (a cada resposta errada, você tem infinitas chances até escolher a opção certa) e assinar um termo de compromisso no qual se compromete a seguir os novos parâmetros. O processo demora cerca de meia hora e, como prêmio, você recebe um selinho dizendo que se comprometeu com o novo protocolo.

Obviamente, não haverá um sistema para fiscalizar se os anfitriões estão ou não seguindo os novos padrões de higienização. Como tem sido desde o lançamento da plataforma, o selo de qualidade de cada espaço continuará tendo como base os comentários dos hóspedes que, supostamente, estarão mais atentos à limpeza do que nunca.

Desde que a crise do coronavírus começou, muito tem se falado sobre o risco de extinção das plataformas de acomodação compartilhada (em maio, o Airbnb demitiu 1,9 mil funcionários, 25% do total, em 24 países, colocando mais lenha na fogueira dessas especulações). A extrema preocupação com a higiene e a necessidade de distanciamento social seriam os principais fatores de desconfiança para que alguém se hospede na casa de um estranho.

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Há quem diga que os hotéis levariam vantagem na hora de uma retomada do turismo, já que teriam que seguir medidas padronizadas de higiene e estariam mais sujeitos a fiscalizações. No entanto, estudos recentes comprovam que o risco de contágio por coronavírus é muito mais alto por meio do contato entre pessoas do que através de superfícies contaminadas. Sendo assim, alugar um espaço inteiro para passar as férias, com cozinha própria, propicia mais o distanciamento social do que hospedar-se em um hotel. Na minha modesta opinião, alugar uma casa também nos deixa com um maior controle da nossa própria higiene já que, além de escolher um espaço com boas referências, também podemos reforçar a limpeza por conta própria, com doses extras de desinfetante (não é muito divertido, claro, mas faz parte do novo normal).

Observando o que vem acontecendo nos países que já estão em processo de retomada do turismo, o Airbnb divulgou dados que apontam para uma forte tendência no turismo local, com o aluguel de espaços inteiros em destinos fora das grandes cidades. O que venho observando confirma com precisão essas tendências. Como anfitriã de uma ilha que vem sendo considerada um “destino seguro”, estou com reservas programadas para todo o verão, enquanto muitos hotéis da ilha desistiram de abrir nesta temporada. Já os amigos de alugam apês em Barcelona, não estão muito otimistas.

Me parece claro que, tantos hotéis como Airbnb sairão machucados desta crise (como todo o setor do turismo). Mas ambos sobreviverão. O grande baque será nas acomodações compartilhadas, algo que vem sendo um pouco deixado de lado até pela própria empresa, que até agora não lançou um protocolo de limpeza e/ou distanciamento social específico para este tipo de acomodação. Alugar um quarto na casa de um estranho, dividindo banheiro e cozinha, parece pouco sensato nos dias de hoje, assim como as opções baratas mais tradicionais, que são os albergues com dormitórios coletivos. Ao que tudo indica, os maiores prejudicados desta crise serão os viajantes econômicos.

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