Até pouco tempo atrás, alugar um carro era essencial para circular por Los Angeles. O argumento de sempre: as atrações da metrópole estão pulverizadas por uma área enooorme e o transporte público não é bom o suficiente. As coisas mudaram bastante no últimos tempos graças à expansão do metrô e às ferramentas Uber e Lyft, que baratearam muito o transporte. Hoje em dia, os táxis praticamente se restringem às portas de hotéis e ao aeroporto, custam três vezes mais do que os aplicativos de “carona” e estão caindo aos pedaços. Ou seja, só o turista desavisado usa. Diante desse novo panorama, ainda vale a pena alugar carro?
Muita gente fica com essa dúvida pelo fato de Los Angeles ter o trânsito mais congestionado dos Estados Unidos. Para quem não tem muita experiência em dirigir no exterior, enfrentar aquelas freeways de dez faixas (cheias de regras específicas) pode ser motivo de stress. Mas pense bem: quem está acostumado a dirigir em uma cidade grande no Brasil é um ser humano 4X4. Eu vinha de San Francisco um pouco apreensiva pela estrada, até cair em um engarrafamento em pleno sábado por causa de um show, em uma freeway que dá acesso a Hollywood. Contrariando todos os prognósticos (eu não tenho carro há 16 anos!), me senti absolutamente em casa, totalmente zen. Obrigada, Marginal Pinheiros, pela calma alcançada.
Qualquer destemido brasileiro de cidade grande notará que o trânsito de Los Angeles parece um monstro de longe, mas é até fofinho de perto. As gigantescas freeways não têm cruzamentos ou semáforos. O acesso é controlado por um sinal que diz quantos carros podem entrar de cada vez, para não embolar a rampa de acesso. Os automóveis que levam dois passageiros ou mais podem transitar pelas car pool lanes, pistas especiais indicadas com um losango. Todo mundo respeita as regras. Conclusão? A coisa flui. Devagar, mas não chega a parar no nível a que estamos acostumados em São Paulo ou no Rio.
Estacionamento também não chega a ser um problema. Em uma cidade pensada para carros, não faltam parkings enoooooormes em lojas, supermercados, shoppings e tal. Os públicos também estão por todos os lados a preços palatáveis (mais uma vez: se você se criou em São Paulo…). Num domingo de sol, estacionei em Venice Beach na boca do gol sem problema algum, e paguei US$ 10 pelo dia inteiro. Suave, não?
O sistema Metro Rail de Los Angeles tem seis linhas, duas delas subterrâneas (e excelentes). A questão é que só uma delas, que liga Downtown a Hollywood, é útil para o turista. Se você estiver hospedado nos arredores da Calçada da Fama, por exemplo, precisará de longas corridas de Uber para ir até Beverly Hills (US$ 15), Santa Monica ou Venice Beach (US$ 40). De ônibus, os trajetos são demorados e costumam demandar várias conexões. Uma vez que dá pra descolar um carro por cerca de US$ 25 por dia, essa opção continua valendo a pena.
Para quem vai passar mais tempo na cidade, uma boa ideia é ficar hospedado em dois lugares. Vale para quem está de carro ou não. Primeiro, uns dias em Hollywood ou arredores para conhecer os highlights (incluindo os museus de Downtown, aonde você chega fácil de metrô). Depois, uns dias entre Venice Beach e Santa Monica, onde uma bike dá conta tranquilamente dos deslocamentos, a menos que você queira esticar até Malibu ou Long Beach. Isso porque uma mera ida de Hollywood a Venice leva pelo menos 40 minutos com o transito bom. Se você puder evitar o vai e vem, sobra mais tempo para ser feliz.
Algumas regras de trânsito, para você ficar esperto:
– Mesmo que o sinal estiver vermelho, você pode virar à direita se não houver uma placa dizendo expressamente o contrário ou, obviamente, um pedestre atravessando a rua.
– Quando uma placa diz STOP, você precisa parar, MESMO, totalmente – ainda que nada além disso lhe impeça de seguir adiante. Não basta aquela desacelerada no sapatinho. Isso dá multa.
– Não banque o esperto transitando pela car pool sem poder. As multas são altíssimas.
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