Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Continua após publicidade

Coronavírus: entenda o risco de “fugir” para a praia ou para o interior

Como os deslocamentos ao litoral e ao interior podem ajudar a agravar a epidemia

Por Adriana Setti
Atualizado em 4 set 2020, 23h47 - Publicado em 30 mar 2020, 14h18

Para quem tem o privilégio de contar com uma segunda casa, pode parecer legítimo “fugir” de uma grande cidade para escapar da pandemia de covid-19. Afinal de contas, passar a quarentena perto da praia ou no campo soa mais agradável do que o confinamento em um apartamento. No entanto, o exemplo da Europa (onde vivo) indica que esse comportamento (que vem sendo considerado egoísta e irresponsável por aqui) pode ter consequências graves, ajudando a espalhar a epidemia e arriscando a vida de milhares de pessoas. Na Espanha e na França, o “êxodo” de Madri e Paris provocou milhares de novos contágios, revoltas populares e a intensificação das medidas de isolamento. Entenda por quê:

Para ler a reportagem no The New York Times sobre o caso da França, clique aqui.

O vírus pode ir com você

O vírus não se desloca sozinho. Ele viaja com as pessoas. Saindo de uma zona de risco, como São Paulo e Rio de Janeiro, você pode levá-lo “de carona” inadvertidamente, tendo ou não os sintomas.

Você pode contagiar outras pessoas

Uma vez no litoral ou no sítio, você pode transmitir a doença ao caseiro, à diarista, ao caixa da vendinha da esquina, ao frentista do posto de gasolina…

Você pode contribuir para o colapso do sistema de saúde em um região mais vulnerável

O período de incubação do vírus é de até 14 dias. O que acontece se você adoecer no litoral ou no interior? Como você tem condições de ter uma segunda casa ou mesmo alugar uma, é provável que volte à capital para ser atendido em um bom hospital privado. Já o pessoal do item acima, se contagiado por você, terá que se contentar com o hospital público local (na melhor das hipóteses), em regiões onde o atendimento costuma ser mais limitado e precário. Com isso, mesmo estando tranquilão lá no Einstein ou no Copa D’Or, você contribui para o colapso do sistema de saúde – o principal temor durante uma pandemia – em uma zona mais vulnerável que a capital do estado.

Continua após a publicidade

Você pode contribuir para o colapso do abastecimento de uma região vulnerável

Em tempos de pandemia, o abastecimento dos supermercados é um dos maiores desafios, já que muitas pessoas acabam comprando além da conta para estocar alimentos e produtos de necessidade básica. Se o número de pessoas no litoral ou numa cidadezinha do interior aumenta subitamente, os supermercados da região (menores e mais limitados que os da capital) podem não dar conta do recado.

Quarentena não são férias

Pode ser que você já tenha escutado a frase mil vezes, mas vale repetir: quarentena não são férias e ficar isolado não é fácil para ninguém. Ao invés de pensar em como aproveitar esse tempo da forma mais prazerosa, o correto é encontrar a maneira de ser o mais responsável e solidário possível neste momento, inclusive com aqueles que moram nos lugares que você tanto gosta, no litoral ou no campo. Não é fácil pra você nem para o restante da humanidade. Mas a recomendação ainda vale: fique em casa.

Leia tudo sobre o coronavírus

Publicidade

Publicidade