Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Bons e velhos hábitos de viagem para resgatar

Pedir informação a seres humanos, desligar o GPS e outras velharias produtivas

Por Adriana Setti
Atualizado em 3 out 2020, 09h46 - Publicado em 28 abr 2017, 11h33
Diário de viagem e câmera fotográfica em cima de mapa
Viagem analógica: de vez em quando é bom (Pixabay/Pixabay)
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Anos atrás viajei com amigas a Madri e fizemos um pacto de detox off-line. Nada de celular em cima da mesa no bar, nada de Instagram e (quase) nada de Google Mapas e afins. Havia tanto tempo que não nos reuníamos que a proposta era foco total no aqui e agora.

Como grande parte de vocês, sou uma entusiasta do mundo digital, não resisto a testar todos os apps de viagem possíveis e acho que a tecnologia aplicada a esta área abre milhares de possibilidades e facilita muito a nossa vida. No entanto, essa pequena e pouco científica experiência off-line me vez lembrar que alguns hábitos vintage são extremamente enriquecedores para viajantes. Vejam só:

Pedir informação (a seres humanos)

O senhor sabe como eu faço para chegar na Plaza de Chueca? Este ônibus passa no Museo del Prado? Essas e outras questões geográficas, hoje em dia, são solucionadas com dois cliques. Mas, pense bem: às vezes, pedir informação é uns dos poucos elos de conexão com as pessoas do lugar. E elas podem levar a um “De onde vocês são? Conhecem também o Reina Sofia? Sabiam que está rolando uma exposição ótima por lá?”. Nada substitui o contato humano. Precisamos fazer força para lembrar disso.

Usar mapa de papel

O GPS está deixando a gente mais burro e destreinado no exercício da orientação. Ao depender exclusivamente de Google Maps e afins para encontrar os caminhos em uma cidade que não conhecemos, quase sempre voltamos para casa com a mesma falta de noção de direção com a qual desembarcamos. Devo dizer que sou capaz de repetir o mesmo caminho do hotel até o metrô obedecendo vozes eletrônicas N vezes e jamais decorar o caminho. Por outro lado, quando me dou o trabalho de olhar um bom e velho mapa, fico com o traçado daquele lugar fixado na memória por anos a fio e, em um ou dois dias, já me sinto mais em casa. Só eu?

Perder-se

Outra vantagem de desapegar dos aplicativos de GPS é simplesmente andar sem rumo. Flanar. Improvisar. Perder-se. É nas quebradas do rumo incerto que a gente acaba encontrando aquele boteco incrível, uma lojinha minúscula e interessante, um restaurantezinho aonde os turistas não chegam. Não?

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Usar o instinto para entrar em um bar/restaurante

A delícia número um do fim de semana em Madri foi: nada de “funça” gourmet. Zero lição de casa. Praticamente nenhum planejamento. Qual o bar do momento segundo o APP X? Qual o restaurante que o blogueiro fulano de tal disse que você precisa conhecer antes de morrer? Quem é o número um do TripAdvisor? Que se explodam! Seguindo nossos bons e velhos instintos, comemos e bebemos (muito bem) em vários lugares dos quais nunca tínhamos ouvido falar. Foi um belo exercício de desapego para quem, por questões profissionais (e vício pessoal), sempre fica muito focada em procurar os melhores lugares, coletar dicas, testar bares e restaurantes novos que estão dando o que falar. Definitivamente, os achados também se fazem ao acaso.

Pedir dicas para os locais (ao vivo)

Além do modo “roleta russa”, também apostamos por simplesmente perguntar para a turminha da mesa do lado ou ao garçom guapetón: “hey, onde vocês vão tomar uma depois do jantar? Conhecem a região? Recomendam algum lugar?”. Talvez esse comportamento fosse um pouco freak em lugares onde as pessoas são superfechadas (não sei se teria as manhas de fazer isso na Finlândia ou na Rússia, por exemplo), mas em Madri a taxa de sucesso foi de 100%. Afinal de contas, perguntar não ofende.

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