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Montreux: um guia da cidade que inspirou Freddy Mercury na Suíça

Por Adriana Setti
Atualizado em 24 jun 2024, 15h33 - Publicado em 29 set 2021, 15h43
A foto mostra um castelo à beira de um lago.
O castelo de Chillon: o monumento mais visitado da Suíça (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Que tal um mergulho com vista para o castelo?
Que tal um mergulho com vista para o castelo? (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Ele nasceu em Zanzibar, passou boa parte de sua vida em Londres, mas foi na Riviera Suíça, à beira do Lago de Genebra – ou Léman – que encontrou a paz de espírito. Refúgio de Freddy Mercury em seus últimos anos de vida, Montreux foi também sua grande musa. Entre 1978 e 1995, o Queen gravou seis álbuns em um pequeno estúdio instalado no cassino da cidade. Na letra de Winter’s Tale, homenagem ao lugar que lhe libertou dos paparazzi, a mesma frase fecha cada estrofe: Am I dreaming? (“Estou sonhando?”). Contemplando o lago dourado no fim de tarde, com o sol desaparecendo no horizonte e os Alpes como pano de fundo, é impossível não fazer a mesma pergunta.

Sede do célebre Montreux Jazz Festival, que já recebeu BB King, Ray Charles, Miles Davis, Ella Fitzgerald e outros monstros da música, a cidade também teve Charles Chaplin e Ernest Hemingway como habitués, entre muitas outras celebridades. “Quincy Jones me pediu informação na rua e eu nem me abalei”, diz a guia turística Angela Bonetti, referindo-se a um dos maiores produtores musicais de todos os tempos. E é justamente essa atitude blasé – uma espécie de síndrome de Rio de Janeiro – que faz com que o jetset se sinta em casa.

O doce verão na Riviera Suíça
O doce verão na Riviera Suíça (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
A foto mostra um grande casarão branco em meio à vegetação de gramas e pinheiros;
A água cristalina do Lago de Genebra: ideal para se refrescar (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Localizada na parte francófona do país, no cantão (estado) de Vaux, Montreux é a base de lançamento para a região conhecida como Riviera Suíça. Com clima ameno para os padrões locais, o balneário de 25 mil habitantes cultiva um estilo de vida arejado, que costuma ser comparado ao do Mediterrâneo. Quando o calor aperta, o lago faz as vezes da praia, com suas águas azulíssimas e cristalinas. E uma curta viagem de trem (com passagens estonteantes passando na janelinha), levam aos vinhedos de Lavaux, a região vinícola que a revista Forbes definiu como a mais bonita do mundo.

A parte alta da cidade: vale queimar as panturrilhas
A parte alta da cidade: vale queimar as panturrilhas (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Piscina pública ao lado do cassino
Piscina pública ao lado do cassino (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

O tipo de turismo que combina com Montreux é contemplativo e pausado. Até vale gastar a panturrilha para conhecer a parte mais antiga da cidade, onde casinhas de arquitetura tipicamente suíça e uma bela vista do lago compensam a subida. Mas o epicentro da vida social é o vasto calçadão que acompanha a margem do Léman por vários quilômetros, ladeado por hotelões em estilo Belle Époque e uma sucessão canteiros floridos cultivados com esmero, que são renovados a cada estação – a verba reservada a eles consome boa parte do orçamento da prefeitura.

Pôr do sol no lago: lindo de doer
Pôr do sol no lago: lindo de doer (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
A arquitetura Belle Époque que predomina na orla de Montreux
A arquitetura Belle Époque que predomina na orla de Montreux (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Turismo contemplativo: o que combina com Montreux
Turismo contemplativo: o que combina com Montreux (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Esculturas que
Esculturas que “dialogam” com a paisagem (Adriana Setti)

A orla também funciona como um museu a céu aberto, com obras de arte que “interagem” com o lago e a paisagem. Flanando entre tanta beleza, com direito a pausa para uma foto com a estátua de Freddie Mercury, você nem verá passar a meia hora de caminhada que separa o centro da cidade do castelo de Chillon, o monumento mais visitado (e instagramado) da Suíça. Encarapitado em uma ilhota, ele dá um toque a mais de irrealidade ao cenário, com suas torres de conto de fadas que se apoiam sobre estruturas datadas do século 10. De quebra, ali pertinho, uma pequena praia permite dar um mergulho no lago – ou, vá lá, molhar o pezinho – e boiar curtindo a paisagem.

Museu a céu aberto
Museu a céu aberto (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Obras de arte por todos os lados
Obras de arte por todos os lados (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

QUANDO IR

Para curtir a vida “mediterrânea” de Montreux em alto estilo, vá de maio a setembro. O famoso Montreux Jazz Festival rola na primeira metade de julho, no auge do verão.

PASSEIOS

Dentro do Casino Barrière Montreux, onde você pode tentar a sorte, a Queen Studio Experience – que é grátis! – conta a história de amor entre Freddy Mercury e a cidade, no estúdio de gravação onde a banda produziu seus álbuns. O pequeno museu tem algumas peças do figurino do astro e uma mesa onde o visitante pode brincar de mixar alguns sucessos do Queen. A 20 minutos do centro de ônibus, o Chaplin’s World ocupa o lindo o casarão em Corsier-sur-Vevey onde Charles Chaplin passou os seus últimos anos.

Homenagem a Freddy Mercury na parede de seu antigo estúdio
Homenagem a Freddy Mercury na parede de seu antigo estúdio (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Absolutamente imperdível, até para quem não curte vinho, a região produtora de Lavaux ocupa 10 mil terraços que formam um anfiteatro com vista para os Alpes. Entre Montreux e Lausanne, são 760 hectares de vinhas que se equilibram em uma encosta íngreme, em um cenário que começou a ser esculpido pelo homem há quase mil anos, pelas mãos dos monges Cistercienses. O trenzinho Lavaux Express, com jeitinho de atração da Disney, parte de Cully (aonde dá pra chegar de trem, vindo de Montreux) e circula entre os vinhedos e vilarejos da região. Também dá para ir até lá de barco e fazer outros passeios pelo lago. Um dos famosos trens panorâmicos da Suíça, o Golden Pass, parte da cidade.

Vinhedos de Lavaux, considerada a região de vinhos mais bonita do mundo pela revista Forbes
Vinhedos de Lavaux, considerada a região de vinhos mais bonita do mundo pela revista Forbes (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Vinhedos em encostas íngremes que descem até o lago
Vinhedos em encostas íngremes que descem até o lago (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

COMO CIRCULAR

Todos os hóspedes dos hotéis da região recebem um Montreux Riviera Card, que permite utilizar os ônibus, barcos e trens da região. Quem tem o Swiss Card também pode circular livremente. Dentro da cidade de Montreux, todas as atrações podem ser percorridas a pé.

ONDE FICAR

De frente para o lago e a poucos passos da estação de Montreux, o Grand Hôtel Suisse Majestic é um ícone da Belle Époque, com quartos espaçosos com decoração clássica e amenities L’Occitane. No café da manhã, cinematográfico, você terá uma das melhores vistas da cidade do restaurante, o Le 45. Outro bastião do charme da Riviera é o hotel Fairmont, onde fica o imponente Terrasse du Petit Palais, comandado pelo chef Frederic Breuil. Um pouco mais “em conta” para os padrões locais, o Bristol tem belas vistas do seu terraço e fica pertinho do castelo de Chillon.

Vista do café da manhã no Majestic
Vista do café da manhã no Majestic (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

ONDE COMER

Considerado um dos melhores restaurantes da região, o Auberge de l’Onde, em Saint-Saphorin, é o QG do sommelier mais célebre de Lavaux, Jérôme Aké Béda, da Costa do Marfim. Para um jantarzinho bom e “barato”, para os padrões suíços, dispute uma mesa no italiano La Rouvenaz, anexo a um hotel de mesmo nome. O Auberge de Chaulin serve cozinha francesa e entrega de bandeja vistas espetaculares do alto da montanha.

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