Os sonhos megalomaníacos do príncipe Augusto, O Forte, fizeram de Dresden uma das cidades mais charmosas de toda a Alemanha. Foi ele quem mandou erguer, nos séculos 17 e 18, alguns dos monumentos mais glamorosos da arquitetura germânica, como o Zwinger, o Palácio Residenz e as igrejas de Frauenkirche e Hofkirche.
Quem anda desavisado pelas ruas pavimentadas de pedras, entre os prédios barrocos do século 18 que mais parecem obras de arte, pode não se dar conta de que, em Dresden, nada é antigo de verdade. Tudo, absolutamente tudo foi refeito na cidade depois que os maciços bombardeios aliados na Segunda Guerra não deixaram pedra sobre pedra. A capital da Saxônia é um case de reconstrução, tamanhos a destruição e o êxito na recuperação.
O resultado é encantador. Vista da ponte Augustusbrüke, a cidade brilha se dobrando em duas no reflexo das águas do Rio Elba – ninguém vai recriminar os casais que tiram fotos agarradinhos pra postar no Facebook. As abóbadas verdes inspiram mesmo.
Não sei é por causa das luzes amarelas que iluminaram a cidade ao anoitecer, mas Dresden parece aquele tipo de beleza que pede contemplação. Não é má ideia subir no andar de cima de um ônibus hop-on hop-hof, ligar o audioguia e saltar só quando der vontade.
Mas o turista à moda antiga, que precisa andar pra sentir que conheceu um lugar, não vai enjoar ao caminhar pela Autstadt, a cidade velha. Verá obras de Monet e Rodin no Albertinum, prédio que abriga a Galerie Neue Meister.
Ficará de boca aberta ao olhar para cima e ver a enorme Frauenkirche, a igreja luterana conhecida carinhosamente como “Mulher Gorda” – a mesma que dá nome à praça onde sempre acontecem festas.
No Residenzschloss, o castelo da cidade, poderá ver obras como o luxuoso Türckische Cammer, um quarto turco reconhecido por ser uma das coleções mais antigas da arte otomana fora da Turquia. Dá vontade de levar a tenda feita de seda e fios de ouro pra casa.
O Fürstenzug, que é o paredão na lateral do castelo, reconhecido como o maior mural de cerâmica do mundo! Nem precisava de título algum – os mais de 100 metros de mural com pinturas que retratam cenas da realeza dos séculos 12 ao 20 são motivo suficiente pra ficar zanzando por ali, sem a mínima vontade de ir embora.
Atravessando o rio está Neustadt, o lado mais modesto da cidade, e que apesar do nome “neu” não tem nada de novo. É na verdade a parte mais antiga e a que foi menos destruída. Neste lado, a atração é o Kunsthof Passage.
Um ótimo exemplo é o Lila Soße, que sozinho já garante o passeio, não só pelos pratos substanciosos, mas principalmente pelos aperitivos alemães em minipotes de vidro. Com mais tempo, você encontra tudo aquilo que os alemães teimam em enfiar nesses becos silenciosos: árvores, cafés gostosos e comida. Comida boa.
PASSEIOSO enorme parque da cidade tem zoo, trenzinho, jardim botânico e o palácio barroco Palais Großer Garten. A fábrica de paredes transparentes da Volkswagen é programa de menino, mas as meninas também adoram. Para fazer um tour é preciso agendar. A brincadeira é fazer um tour com você ao volante de um Trabant, o carrinho de plástico fabricado na antiga Alemanha Oriental. É um tour noturno por Neustadt, para descobrir arte de rua, pubs e a história do lado menos famoso da cidade. |
Guia VT
Ficar e passear
O QF Hotel é contemporâneo e clean, e o hotel-butique Hyperion Hotel ocupa um prédio histórico. Entre os museus, a Galerie Neue Meister é imperdível. Para comer bem, vá ao Lila Soße, que tem aperitivos em potes.
Melhor estação
Para curtir da praia do Rio Elba, nada melhor do que visitar a cidade no verão, em julho e agosto. Por outro lado, no Natal, com a cidade coberta de neve e enfeitada pelas luzes natalinas, há uma intensa programação de concertos e shows que tornam a visita imperdível.
Língua
Alemão.
Saúde
Para entrar no país, nenhuma vacina é obrigatória.
Documento
O passaporte é necessário mas dispensa de visto, por até 90 dias.
Moeda
Euro.
Por Ana Claudia Crispim