Atualizado em junho de 2019
Pense numa cidade com trânsito caótico, muita poluição, barulho e poeira. Isso não parece um destino turístico que atrai milhares de visitantes e não seria se não fosse o Cairo e sua história fascinante, traduzida em cartão-postal pela suas pirâmides e outros monumentos milenares.
A dinâmica e movimentada capital do Egito, maior cidade do continente africano, assusta àqueles que percebem que mal há semáforos nos cruzamentos, poucas coisas possuem etiqueta de preço (o negócio aqui é negociar, de tudo e sempre, até perder a paciência) e os motoristas ficam buzinando sem nenhuma razão aparente. Além disso, o Egito continua com algumas atribulações políticas.
Não há muitas notícias negativas em relação à segurança, mas é importante tomar precauções, evitar multidões e seguir as regras de etiqueta dos países muçulmanos. Apesar de tantos senões, o Cairo resiste como destino de sonho, com um ar mágico formado tanto pelos sinais de uma das civilizações mais brilhantes que já existiu quanto pelo chamado onipresente dos muezins preenchendo a atmosfera amarelada.
QUANDO IR
De setembro a maio as temperaturas são mais amenas. O período do ramadã (um mês, com início e fim que variam de um ano a outro) pode ser um pouco complicado para o viajante independente.
COMO CHEGAR
Não há voos diretos entre o Brasil e o Egito, mas o Aeroporto Internacional do Cairo (CAI) é destino de voos vindos da principais capitais europeias. Companhias aéreas como KLM, British Airways, Lufthansa e Air France são algumas opções, assim como as que saem de países árabes, como a Qatar Airways e a Emirates. O transporte entre os terminais de passageiros e o Centro da capital é uma verdadeira odisseia. Muito melhor que tentar algo com transporte público, arranje o transfer com seu hotel. A combinação de preço bom, comodidade e velocidade compensam quaisquer economias com ônibus de linha. Táxis e vans são outras opções possíveis. Enquanto as vans operam com valores atraentes e fixos, os táxis podem ser um tormento. Somente recentemente eles começaram a operar com taxímetros, mas muitos motoristas insistem em prejudicar os turistas negociando taxas fixas. Não caia na deles.
COMO CIRCULAR
A melhor forma de circular pelo Cairo é com seu sistema de metrô. O sistema é limitado e bastante congestionado, mas é muito barato e chega a vários pontos importantes. Combinado a um táxi, outra forma barata de viajar, é a melhor forma de chegar às pirâmides, por exemplo. Os táxis são razoavelmente baratos, mas sempre insista no uso do taxímetro (se ele existir). Alguns motoristas praticam ainda o uso compartilhado (só partem quando o carro fica cheio). Passeios a pé podem ser um tanto confusos, já que não há muitos semáforos nos cruzamentos e, assim, até mesmo cruzar uma grande avenida pode ser um sacrifício. No entanto, faz parte da experiência.
A principal estação de trens do Cairo, Estação Ramses, é o seu local de partida para cidades turísticas como Alexandria, Aswan (12 horas de viagem) e Luxor (9 horas). Os serviços de primeira classe e cabines são razoavelmente confortáveis, limpos e possuem ar condicionado, mas os de segunda classe são, bom, de segunda classe. Compre sempre suas passagens com ao menos um dia de antecedência para evitar dores de cabeça e tenha em mente que os trens estão sempre atrasados. Numa viagem longa para, por exemplo, Aswan, isso pode significar algumas horas. Nestes casos, pegue o serviço noturno, uma excelente alternativa.
PASSEIOS
A apenas alguns quilômetros do Centro do Cairo encontra-se o platô de Gizé, com as grandes pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, além da Grande Esfinge. Você pode ficar um pouco decepcionado em descobrir que esse imenso conjunto fica tão próximo à urbe, mas lembre-se que, tal como diria Napoleão, do alto delas quarenta séculos de história nos contemplam.
Um pouco mais distante estão outras importantes pirâmides, em Dashur (40 km distante) e Sacará (30 km), consideradas os protótipos de suas irmãs maiores. Conhecê-las é um passeio agradável e bastante educativo.
Uma das melhores atrações da cidade é o Museu do Cairo, que mereceria um trabalho de arqueologia por si só, tal é a confusão como suas preciosidades são exibidas. Pobres múmias estão expostas por todos os cantos, mas estátuas de grandes faraós como Amenhotep III, Ramsés II e Akhenaton enchem os olhos, preparando-nos para o grande destaque da mostra, os tesouros do rei-menino Tutankhamon.
Apesar de tanta história absorver seu tempo na capital, não deixe de visitar monumentos da cidade islâmica, como a Cidadela de Saladino, onde há excelentes demonstrações de dançarinos sufi, e belas mesquitas, como a de Al-Azhar. Isso sem falar do imenso mercado de Khan-El-Khakili, um divertido labirinto onde quinquilharias e preciosidades o aguardam para uma intensa negociação. Fora da cidade, dê uma esticadinha ao oásis de Siwa
ONDE FICAR
O Centro da cidade é o lugar mais conveniente para se hospedar. A área é bem servida por sistemas de transportes, bancos, supermercados, casas de câmbio, restaurantes e algumas atrações. Boa parte dos estabelecimentos é bem simples e possui uma manutenção sofrível, mas os preços são atraentes. Os hotéis de luxo estão repletos de jornalistas, diplomatas e homens de negócio e possuem boa infraestrutura, inclusive disputados restaurantes e bares. Entre eles estão opções como o Cairo Marriott Hotel, no bairro de Zamalek, com vista para o Nilo. Mais distante, com vista para as pirâmides, está o baratinho o bem kitsch Giza Pyramids View Inn, todo decorado com motivos faraônicos. Fora da cidade, no Mar Vermelho, há ainda resorts como Novotel Sharm El-Sheikh e o Tropitel Sahl Hasheesh, que podem ser alcançados de ônibus.
ONDE COMER
O Cairo possui uma vasta gama de restaurantes. Mesmo os mais simples oferecem boa comida, muito autêntica, com preços bem razoáveis. Pratos típicos como kaftas, hamam (pombo) e arroz com aletria, além de vários bons cozidos de carne e legumes, estão sempre presentes nos cardápios.
Boa parte dos pratos do Egito são bem conhecidos dos brasileiros, acostumados com as especialidades libanesas, mas possuem um toque bem distinto, bem saudável. Entre os endereços, considere o baratíssimo Koshary Abou Tarek, que por menos de US$ 1 serve o típico e onipresente koshary, que mistura lentilhas, macarrão e arroz, coberto com molho de tomate, grão de bico e cebola frita. Mais variedade, com preços mais altos, se acha no menu-degustação do Sabaya, dentro do hotel Intercontinental Semiramis, as margens do Rio Nilo. Sofisticado ao gosto europeu e asiático é o Sachi, que serve comida japonesa, massas e carnes.
Bares e casas de chá e café são bons lugares para frequentar e experimentar um narguilé, mas nem todos aceitam mulheres. As docerias são excelentes e possuem vários quitutes.
DOCUMENTOS
O visto para entrada no Egito pode ser adquirido quando da chegada no Aeroporto do Cairo, ou nos postos de fronteira, caso a viagem seja pela via terrestre, mas é recomendável tirá-lo antes da viagem na embaixada, com uma taxa de R$ 115. Para isso são necessários o preenchimento do formulário próprio, comprovante de vacinação contra febre amarela, cópias das passagens e da reserva de hotel. O passaporte precisa ter validade mínima de seis meses.
DINHEIRO
A moeda oficial é a Libra Egípcia (EGP). Leve dólares e faça a troca lá (£ 100 = US$ 6).