A capital mineira concentra tantos predicados que a tornam um destino incomparável: a despeito da ausência de litoral, o turismo de BH se concentra na hospitalidade, na cena cultural, na botecagem e, claro, na gastronomia. Engana-se quem pensa que a cidade tem apenas representantes da cozinha do estado. Se por um lado o tradicional Xapuri segue um belo exemplar da mesa mineira de raiz, o chef Léo Paixão, dono do Glouton e de outras casas, carrega essas referências para criar um menu contemporâneo muito inventivo. Essa miscelânea rendeu à BH, em 2019, o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco (além dela, Florianópolis, Paraty e Belém detêm a honraria no Brasil). Além da mesa farta, sobram motivos para ficar alguns dias e não usá-la apenas como trampolim para escapadas à Brumadinho, onde fica o Instituto Inhotim, e às Cidades Históricas.
Entre as atrações culturais, há dois polos principais: o Conjunto Moderno da Pampulha (a Igreja de São Francisco de Assis, joia de Oscar Niemeyer com murais de Portinari concluída nos anos 1940, teve o interior reaberto após um restauro em 2019) e a Praça da Liberdade, um dos maiores conjuntos de museus do país. Mas também vale prestar atenção nos murais do CURA, festival que coloriu a cidade com um circuito de arte urbana em empenas (as laterais sem janelas dos prédios) e vem se espalhando por outras áreas desde a primeira edição, em 2017. O melhor mirante para observá-lo é a Rua Sapucaí, charmoso reduto boêmio com bares ocupando os antigos casarões.
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Falando em botecagem, tema incontornável quando se fala em BH, o Mercado Novo (que, ao contrário do que nome sugere, foi inaugurado em 1963) passou por uma interessante revitalização que obriga os novos estabelecimentos que se instalaram ali a manter o estilo retrô da época da inauguração. Com bares e restaurantes descolados, o lugar tem atraído o público hype e se tornou uma opção inusitada de happy hour para quem visita a cidade. Ah, e não pense que a novidade tirou o lugar do clássico Mercado Central – o passeio continua indicadíssimo para degustar e trazer as delícias mineiras na mala.
Melhor época para visitar Belo Horizonte
Durante a semana, a ocupação dos hotéis fica por conta do público executivo. A chuva cai mais forte de novembro a fevereiro. Vale ficar atento à programação do concorrido Comida di Buteco, concurso gastronômico em que os botequins da cidade disputam pelo voto do cliente em categorias como o melhor petisco (em 2021, o evento ocorreu entre julho e agosto). A Empresa de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) mantém um calendário de eventos atualizado.
Como chegar a Belo Horizonte
Quatro estradas ligam São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Brasília à capital mineira – todas conectadas pelo anel viário da cidade. Para quem chega de ônibus, a rodoviária tem localização central. Se vier de avião, o desembarque é no Aeroporto Internacional de Confins, a 38 km do Centro. É possível sair de lá de táxi credenciado, Uber ou, ainda, ônibus executivos que levam à região central (empresa Conexão Aeroporto). De ônibus, a Viação Cometa faz o trajeto até BH desde São Paulo (8h30 de viagem) e Rio de Janeiro (6h30 de viagem).
Como circular em Belo Horizonte
A Avenida do Contorno, com seus 12 km, cerca os principais bairros da região central. Mas circular de carro pela capital mineira não é tarefa fácil: o Centro tem trânsito pesado e um emaranhado de ladeiras e cruzamentos diagonais que confundem os motoristas. Para evitar transtornos, há táxis e Uber. A partir da Praça 7 de Setembro (na esquina das avenidas Afonso Pena e Amazonas), há ônibus urbanos até a Pampulha. Desde 2014 há ainda o Move, sistema de corredores de ônibus e estações de transferência em que é possível fazer vários itinerários pagando apenas uma passagem (para que isso ocorra, é preciso embarcar dentro das estações e adquirir um cartão, que pode ser unitário). Veja o mapa das estações, aqui.
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O que fazer em Belo Horizonte
Compras
Ícone da capital, o Mercado Central, de 1929, reúne quase 500 barracas em 14 mil metros quadrados e vende de tudo um pouco: panelas, peças de ágata, temperos, compotas e, claro, queijos e cachaças. O lugar é, aliás, um dos melhores pontos da cidade para adquirir essas duas últimas iguarias locais (duas sugestões: Ronaldo Queijos & Cachaças e Roça Capital, com uma seleção premium de queijos do estado). Também chamam a atenção os botecos (o Casa Cheia e o Bar da Lora, que serve um famoso fígado com jiló, são emblemáticos) e a controversa área de venda de pets. Duas paradas imperdíveis para um lanche: a Tradicional Limonada, que funciona desde 1938 servindo o refresco geladinho com açúcar na medida, e o Comercial Sabiá, onde os clientes se acotovelam no balcão para comer a deliciosa broa com queijo e o pão de queijo recheado com pernil.
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A tradicional Feira da Afonso Pena ocorre aos domingos, das 7h às 14h, e enfileira mais de 2 mil barracas de expositores que vendem móveis, artesanatos, bolsas, bijuterias e enxoval de bebê. Na mesma avenida, dentro do Palácio das Artes, o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart) é uma vitrine que busca promover e desenvolver o artesanato do estado. Entre tapetes, peças de cerâmica, tecidos, esculturas e móveis, estão representados os trabalhos de mais de 600 artesãos.
Circuito Liberdade
Com jardins inspirados no francês Palácio de Versalhes e prédios históricos como o icônico Edifício Niemeyer, com sua fachada curvilínea, a Praça da Liberdade foi, por muito tempo, o centro do poder político mineiro. A partir de 2010, tornou-se o centro da cultura da cidade – edifícios públicos do século 19 começaram a ser convertidos em centros culturais e museus, em uma parceria bem-sucedida entre o governo e empresas com sede no estado. No Palácio da Liberdade, de 1897, guias explicam a história de Minas Gerais a partir de sua vida política e apresentam 30 cômodos do palácio, prédio central do conjunto arquitetônico da praça e residência de diversos governadores. Os jardins também podem ser visitados, às 10h15 e às 13h15, com agendamento. No Palácio dos Despachos, nos fundos, está o centro cultural Casa Fiat de Cultura, com programação gratuita. Na entrada, o quadro Civilização Mineira, de Candido Portinari, recebe os visitantes – o lugar já recebeu, ainda, obras de ícones da história da arte, como Caravaggio, Chagall, Rodin, Aleijadinho e Tarsila do Amaral, além de artistas contemporâneos. Já uma das quatro unidades do CCBB em funcionamento no país (além de São Paulo, Rio e Brasília), o Centro Cultural Banco do Brasil ocupa o bonito prédio da antiga Secretaria de Estado de Defesa Social. Com 1 200 metros quadrados, o imóvel abriga um teatro e espaços para exposições temporárias.
No Memorial Minas Gerais Vale, o cenógrafo Gringo Cardia concebeu espaços para homenagear seis grandes nomes mineiros: a artista plástica Lygia Clark (1920- 1988), o escritor Guimarães Rosa (1908-1967), o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o cineasta Humberto Mauro (1897-1983), o fotógrafo Sebastião Salgado e o músico Milton Nascimento. Dos três andares do prédio de 1897 (onde foi lançada a pedra fundamental da cidade), dois são dedicados às representações artísticas do estado e um deles tem foco na história de Minas, contada de forma criativa e interessante – na sala Panteão da Política Mineira, você acompanha uma conversa entre os inconfidentes, reproduzida em telões.
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O planetário com projeção digital é a principal atração do Espaço do Conhecimento UFMG. No último andar, o terraço astronômico tem teto retrátil que possibilita a observação dos astros por telescópios. A exposição Demasiado Humano explica de forma didática a origem do universo e da vida na Terra (informe-se sobre limite de pessoas e horários das sessões antes de visitar). No casarão que abrigou a Secretaria da Educação está o Museu das Minas e do Metal – sobre o hall, com uma escadaria alemã, colunas neoclássicas e azulejos centenários, o espaço expositivo exibe um grande acervo de minerais e pedras preciosas, com apresentação didática. A três quarteirões, o Museu Mineiro ocupa uma construção eclética de 1897 com três salas abertas à visitação: uma guarda artefatos da família imperial, como cachimbos, espadas e armas de fogo e retratos, e as outras duas são dedicadas à arte sacra colonial e ao mobiliário dos séculos 18 e 19. O acervo tem mais de 2,5 mil peças, incluindo telas de Mestre Athaíde, um dos maiores nomes do barroco.
O Centro de Arte Popular ocupa o belo casarão do antigo Hospital São Tarcísio, de 1928. A arte popular mineira é representada por esculturas de madeira e cerâmica, instrumentos musicais e telas – os objetos estão divididos nas categorias arte e fé, tradição mineira, arte rupestre e sala dos grandes mestres. A Praça da Liberdade abriga, ainda, a Biblioteca Pública, prédio projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1961.
Conjunto Moderno da Pampulha
Na década de 1940, Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, fez um pedido a Oscar Niemeyer: um projeto para a região, que deveria se transformar no mais belo bairro do país. Assim nasceu a Pampulha, a 10 km do Centro, um complexo arquitetônico que contorna os 18 km de extensão da lagoa e que, em 2016, foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. O maior ícone do conjunto é a Igreja São Francisco de Assis, que une a genialidade do célebre arquiteto à de Candido Portinari. O resultado da ousadia de Niemeyer e da sensibilidade do pintor, que criou o painel de azulejos azuis para adornar a construção, é um dos templos mais admirados de Minas Gerais, estado famoso pelas igrejas barrocas. O interior, reaberto em 2019 após uma reforma, acolhe os 14 painéis retratando a Via Sacra, uma das obras mais importantes de Portinari.
A 1 km da igreja, contornando a orla pela Avenida Otacílio Negrão de Lima, chega-se à Casa Kubitschek, de 1943. Projetada por Oscar Niemeyer e com jardins de Burle Marx, foi residência de fim de semana do ex-presidente nos anos 1940, quando ele ainda era prefeito de BH. Móveis e fotografias – além de painel de Alfredo Volpi e mosaicos de Paulo Werneck –, distribuídos pelos cômodos narram o modo de habitar a cidade entre as décadas de 1940 e 1960, sob a influência do movimento modernista. Para a esquerda, ficam a Casa do Baile, joia modernista que parece flutuar sobre o lago (o lugar hoje recebe exposições temporárias), e o Museu de Arte da Pampulha, que funcionou até 1946 como um cassino (apenas visita externa; o prédio está fechado para restauro).
Tour no Mineirão
Inaugurado em 1965, o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, é o principal palco do futebol mineiro – e do fatídico 7×1 contra a Alemanha na Copa de 2014. Na visita guiada, você conhece as cadeiras especiais, os camarotes, desce até a beira do campo e percorre os vestiários e a sala de aquecimento. É possível aterrissar no gramado de tirolesa a partir do alto da arquibancada (reserve antes). O estádio abriga ainda o Museu Brasileiro do Futebol: cheio de recursos multimídia, é um tributo ao estádio e à maior paixão dos brasileiros. Objetos históricos, fichas digitalizadas de muitos dos quase 4 mil jogos realizados aqui e fotos que registram a transformação para a Copa do Mundo de 2014 contam a história do Mineirão. A sala Campos Gerais destaca o futebol mineiro, com camisas e informações sobre os clubes do estado.
O lado B de BH – o legado do CURA e o Rolezin Lagoinha
Desde 2017, o festival de arte pública CURA (Circuito Urbano de Arte) colore a capital mineira com obras de arte urbana espalhadas pela cidade e que continuam expostas depois do fim do evento. Na primeira edição, criou seu primeiro circuito de pintura em empenas (as laterais sem janelas dos prédios) voltado para a cênica Rua Sapucaí, repleta de bares em antigos casarões e melhor mirante para contemplar as obras, que têm entre 450 e 1.700 metros quadrados – entre elas os murais mais altos pintados por mulheres na América Latina e a maior obra de arte pública realizada por uma artista indígena, Daiara Tukano.
Em 2019, o festival extrapolou as fronteiras da região central rumo ao bairro da Lagoinha, reduto com raízes operárias e boêmias – ali viviam os trabalhadores que ajudaram a construir BH e é onde nasceu o primeiro bloco de Carnaval da cidade, o Leão da Lagoinha. Com a construção do complexo ferro-rodoviário, nos anos 1980, o bairro passou por uma fase de decadência e degradação do patrimônio histórico. Hoje, a Lagoinha vive um novo momento e, além de ser conhecido por sediar a Igreja Batista da Lagoinha, com filiais em todo o país, empresta o nome ao célebre copo americano, chamado na capital de “copo lagoinha”. É possível conhecer o bairro e sua história no Rolezin Lagoinha, idealizado em 2017 pelo empreendedor social e morador do bairro, Filipe Thales. O passeio, mensal, inclui paradas em praças, mirantes, no Cemitério do Bonfim, inaugurado no fim do século 19 e repleto de obras de artes nos mausoléus, e, claro, em pontos gastronômicos. Entre eles estão estabelecimentos com herança imigrante, como o Prazer da Esfiha, de uma família de origem síria, e com alma mineira, a exemplo do tradicional Casa Velha e do pitoresco Quintal do Degas.
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Mais museus, parques e centros culturais
Em uma moderna construção circundada pelo Parque Municipal, com mata densa, lago e orquidário em plena região central, o Palácio das Artes recebe apresentações de importantes grupos, como o Corpo (de dança), o Galpão (de teatro) e o Giramundo (teatro de bonecos). Um dos principais centros de arte e cultura da capital, também abriga boas exposições, sala de cinema, galeria de arte, biblioteca e o Ceart.
Também no Centro, dentro da bela estação de trem construída em 1922 e ainda ativa, o Museu de Artes de Ofícios é um verdadeiro tributo aos trabalhadores brasileiros. O acervo ultrapassa 2 mil peças dos séculos 18 ao 20 e conta a história de vários ofícios – ambulantes, fotógrafos lambe-lambe e até carranqueiros são retratados. Vídeos explicativos e jogos deixam o passeio mais interativo.
A história de BH é contada no Museu Histórico Abílio Barreto, que fica em um casarão de 1883 no bairro Cidade Jardim. Peças do início do século 20, como um bonde e um elevador antigo, ficam espalhadas nos jardins. Há também exposições temporárias. O Museu Inimá de Paula, no Centro, reúne cerca de 100 obras do pintor modernista mineiro Inimá de Paula (1918-1999) – outros 2 mil quadros podem ser projetados em um telão, numa espécie de galeria virtual (o espaço também recebe exposições temporárias).
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Com projeto paisagístico de Burle Marx e encravado entre o bairro nobre de Mangabeiras e a Serra do Curral, o Parque das Mangabeiras é patrimônio cultural de BH. Dentro de seus 2,8 milhões de metros quadrados, há trilhas em meio à floresta nativa, lago e quadras de esportes, enquanto as ruas do entorno são bastante usadas pelos moradores para correr e caminhar.
Conhecida como Praça do Papa – o logradouro recebeu o apelido após a visita do papa João Paulo II, em 1980 – a Praça Israel Pinheiro, no mesmo bairro, é palco de shows e tem um mirante que proporciona uma das mais belas vistas da cidade. Ao lado fica a folclórica “Rua do Amendoim”, onde uma ilusão de ótica faz parecer que carros desligados sobem uma ladeira ao invés de descê-la.
BH com crianças
O Museu de Ciências Naturais da PUC Minas apresenta fósseis de mamíferos – muitos já extintos – encontrados nas cavernas da região de Lagoa Santa (a 40 km de BH) pelo naturalista dinamarquês Peter W. Lund, considerado o pai da paleontologia brasileira. Há também esqueletos originais de elefante, girafa e baleia, além de réplicas de ossadas de dinossauros. É preciso agendar a visita por telefone (31/3319-4520). Outra boa opção de passeio com as crianças é o Museu dos Brinquedos, com um acervo de cerca de 700 brinquedos antigos. Vale conferir a programação para os pequenos, como oficinas e brincadeiras guiadas por monitores. Às margens da Lagoa da Pampulha, o Zoológico da cidade abriga cerca de 3 mil animais de 250 espécies. Dentro do parque, o Aquário Bacia do São Francisco tem tanques que reúnem espécies do maior rio que corre exclusivamente pelo território brasileiro.
De trem até o Espírito Santo
A viagem ferroviária mais longa do país parte de BH até Cariacica, na região metropolitana de Vitória – mais de 12 horas e 664 km separam as duas cidades. No caminho, cidades históricas mineiras são deixadas para trás, margeando rios como o Doce e o Piracicaba – são 28 paradas para embarque e desembarque. Além da paisagem, o passageiro pode aproveitar os vagões restaurante e lanchonete. O trem parte da capital mineira diariamente às 7h30 e quem faz o trajeto é a Vale.
Passeio até Inhotim
A Belvitur, agência oficial de turismo e eventos do Inhotim, faz venda de ingressos para o museu junto com transporte partindo do hotel Holiday Inn Belo Horizonte Savassi (Rua Professor Moraes, 600, Funcionários). É preciso comparecer 15 minutos antes para o procedimento de embarque e conferência do voucher e a saída acontece às 8h (duração estimada da viagem: 1h30). Horário de retorno: 17h30 (ou 16h30 durante a semana). Contatos: 31 3290-9180; inhotim@belvitur.com.br. Veja mais informações sobre o transfer aqui.
Outra opção é o ônibus da Saritur com saída da Rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo às 8h15 e retorno às 16h30 (no finais de semana e feriados o retorno acontece às 17h30). R$41,50 (ida) e R$37,15 (volta).
Hotéis em Belo Horizonte
A hotelaria da capital viveu um boom há quase uma década, em 2014, quando foi uma das sedes da Copa do Mundo – na época, foram 20 inaugurações. Com a concorrência acirrada, os hotéis tradicionais promoveram reformas para não ficar para trás, e as tarifas tornaram-se mais sedutoras, especialmente nos fins de semana, quando a ocupação é menor (já que a rede tem foco no público executivo). A maior concentração está nos bairros Centro, Lourdes e Savassi.
Aberto um pouco mais tarde, em 2018, o Fasano Belo Horizonte trouxe o padrão de luxo e excelência do grupo à cidade, a poucas quadras da Praça da Liberdade. A gastronomia conta com o Gero e o Baretto, restaurante italiano e bar também presentes na unidade paulistana – com a diferença de que, aqui, há uma carta de cachaças que podem ser harmonizadas com os pratos. O projeto, do arquiteto carioca Thiago Bernardes (o mesmo do Fasano Angra dos Reis), tem a assinatura elegante e sóbria do grupo, mas com toques mineiros, vide os quartos com móveis garimpados de Tiradentes.
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A localização conveniente e o padrão dos quartos, com bom espaço, iluminação modulada, enxoval e amenities de qualidade, fazem do Novotel BH Savassi uma escolha acertada no bairro. Outro trunfo: apesar de ser pago à parte, o café da manhã tem uma ótima variedade de itens, entre frutas, pães, granolas e uma pequena degustação de queijos mineiros.
Bem maior e mais afastado do Centro (mas relativamente próximo à Pampulha), o Ouro Minas Palace tem um Health Center com piscina coberta, hidromassagem, salas de massagem, academia e sauna. Há serviço de concierge disponível e vários quartos foram renovados para a Copa de 2014.
No mais, bandeiras com bom padrão executivo, como Mercure (bem-localizado, próximo ao polo gastronômico de Lourdes), Holiday Inn (na Savassi), Caesar Business (em Belvedere), Quality (na Pampulha), Intercity (em Gameleira, próximo à Expominas) e Ramada (em Lourdes), estão presentes na cidade. Dos econômicos, destaque para o Ibis (são três; o Ibis Liberdade fica a poucos passos da praça homônima e está entre os mais charmosos hotéis da marca no país, graças ao casarão de 1935 que compõe a fachada), o Ibis Budget (em uma travessa da Av. Afonso Pena e em Lourdes) e a local rede Bristol (com duas unidades na Pampulha).
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Onde comer em Belo Horizonte*
Restaurantes
Conhecida como capital dos botecos, Belo Horizonte também se revela um ótimo destino para os gourmets. O bairro de Lourdes concentra os endereços mais sofisticados, a exemplo do Glouton, primeira casa do chef-estrela Léo Paixão – formado em Paris, o mineiro é jurado do programa Mestre do Sabor, da Globo. O salão elegante fica mais descontraído graças à cozinha envidraçada, de onde sai um menu fechado no jantar, sob reserva. Entre os pratos podem aparecer o gaspacho amarelo com sorbet de pepino, sunomono (a conserva japonesa desse vegetal) e melão ao perfume de menta, e o camarão com ravióli de foie gras ao molho bisque cremoso com pimenta-verde. Paixão ainda está à frente do italiano Ninita, da sanduicheria Nico e dos bares Nicolau Bar de Esquina, de tapas criativas, e Mina Jazz Bar, com apresentações do ritmo norte-americano.
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Também do elenco do Mestre do Sabor, mas como competidor, o chef Caio Soter é outra promessa da gastronomia de BH. À frente do Pacato, aberto no fim de 2021, ele busca trazer toques inventivos à cozinha mineira. No almoço, é possível optar por pratos do dia, como o costelão braseado, o frango assado e a picanha do sol com guarnições a exemplo do mexidinho com ovos confit e da farofa com talos de verdura. Há ainda o cardápio regular e menu-degustação, à noite. Boa parte do cardápio do Turi, do chef Cristóvão Laruça, é dedicada aos pescados – algo não tão comum na gastronomia de BH. O uso da brasa é outro trunfo e dá origem a pratos como o polvo braseado com lardo (embutido italiano à base da gordura das costas do porco e especiarias) e o camarão grelhado com manteiga de gengibre. A brasa também é a estrela no descontraído Noca, com mesas dobráveis ao ar livre no bairro Floresta.
Em meio a tantas novidades, o Taste-vin, na ativa desde 1988, se mantém como o melhor francês da cidade e tem espaço para criações inventivas sem deixar de honrar as técnicas da cozinha do país (vide a sopa de rabada com torradas de baguete e os afamados suflês, que aqui ganham versões como surubim defumado e Queijo da Serra do Salitre). A cozinha europeia também está bem-representada nos restaurantes italianos: vale apostar na já tradicional Cantina Piacenza – o salão, bem-iluminado e com decoração moderna, mas repleta de memórias familiares do chef Américo Piacenza, fica em uma região de prédios corporativos do bairro de Santo Agostinho, o que justifica o menu executivo com bom custo-benefício (a casa também funciona à noite). Paredes de pedra e jardim com fonte são alguns elementos da decoração caprichada do disputado O Italiano. O menu lista, por exemplo, tagliolini artesanal com ragu de cogumelos trufados e gema curada. No Est! Est!! Est!!!, o chef Simoni Biondi propõe clássicos, como o nhoque à pescadora (com frutos do mar), o espaguete à carbonara e o tiramisu.
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Entre os japoneses, o despojado Okinaki, em uma esquina em Lourdes, serve receitas menos usuais da especialidade no Brasil, como o ebiyaki (bolinho recheado de camarão típico da cidade de Osaka) e o oniguiri (bolinho de arroz triangular, recheado e envolto em alga, muito popular em todo o Japão); enquanto o Taika Izakaya propõe um toque contemporâneo aos pratos dos típicos botecos japoneses – no cardápio aparecem, por exemplo, o sushi de vieira com creme trufado e alho negro e o tempurá de milho-doce.
Na ativa desde 1987 em uma agradável chácara na Pampulha, o Xapuri é o lugar para provar um banquete mineiro de raiz. Frango caipira, carne de panela, tutu, lombo assado, torresmo, pastel de angu e outras delícias servidas à la carte antecedem um inevitável bufê de sobremesas com mais de 30 variedades, todas produzidas na casa. O doce de casca de limão com doce de leite é uma perdição.
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Um interessante menu brasileiro é o chamariz do Cozinha Santo Antônio, aberto só no almoço no bairro de mesmo nome. Os pratos mudam todos os dias, de acordo com os ingredientes mais frescos – as receitas são fruto da pesquisa da chef e historiadora Juliana Duarte. É possível se deparar com, por exemplo, carne de panela com purê de abóbora e taioba, pernil com tutu e sobrecoxa de frango cozida ao vinho com batatas coradas e milho. No mesmo bairro, o Quina também aposta em brasileirices inventivas – de entrada, o menu lista croquete de sobrecoxa de frango, angu e taioba; entre os pratos principais, o dourado grelhado recebe molho de moqueca e chega à mesa com banana-da-terra grelhada, farofa de pimenta-de-cheiro e arroz de coco.
No bairro de Santa Efigênia, Zona Leste, o galpão que abriga o Querida Jacinta lembra o de uma casa de shows – à noite, o lugar costuma receber apresentações musicais. Mas não se engane com a atmosfera de balada: a cozinha, aberta, libera um cardápio de respeito, além de cervejas artesanais. O arroz de costela, com bacon, linguiça, couve refogada, ovo com gema mole e banana grelhada é uma saborosa pedida.
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Santa Tereza, bairro ao norte com boas opções gastronômicas, foi o local escolhido pela chef Bruna Martins para abrir seu Birosca S2, em uma charmosa casa com avarandado e decoração retrô. Ex-participante do programa Mestre do Sabor, da Globo, ela propõe um menu sazonal com criações como a broa de fubá dourada na manteiga com tartar de pupunha, de entrada, e o nhoque de batata-baroa com polvo, molho pesto, queijo de cabra e picles de beterraba. De sobremesa, o bolo de côco com abacaxi, úmido e saboroso, chega à mesa com creme inglês.
No OssO, do chef Djalma Victor (ex-reality Top Chef Brasil, da Record), a pedida são as carnes na parrilla – o flat iron (corte retirado da paleta do boi) com tagliatelli fresco, bechamel de mandioquinha cítrico e molho roti, o galeto ao limão-siciliano e o angus a cavalo com arroz de cogumelos estão entre os destaques. São duas unidades, em Lourdes e no Serena Mall, em Nova Lima. Outra sugestão na mesma especialidade é o Parrilla del Mercado, na ativa há mais de duas décadas no Mercado do Cruzeiro.
Na charmosa Rua Sapucaí, com bares e restaurantes instalados em casarões históricos de frente para a linha do trem e para as obras do CURA, o Salumeria Central investe na charcutaria italiana para criar pratos como a porchetta romana com arroz, farofa de bacon e maionese caseira e o risoto de linguiça artesanal com tomatinhos e folhas mineiras. Quase ao lado está a Panorama Pizzaria, que preservou o estilo art-déco do salão, mas com toques moderninhos (as paredes são pintadas de rosa com desenhos florais). As pizzas têm forte sotaque mineiro – a de quatro queijos, por exemplo, leva exemplares premiados de Canastra, do Serro, d’Alagoa e azul de Cruzília. Se você não dispensa as redondas durante a viagem pode considerar também a Domenico, na Savassi, com ambiente mais tradicional – há bancos estofados e adega no salão – e massas complementando o cardápio.
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O histórico Edifício Maletta, no Centro, enfileira bares na varanda que vendem cerveja barata e petiscos triviais, atraindo um público eclético para a happy hour. No térreo, a tradicional Cantina do Lucas, aberta em 1962, faz sucesso desde então com receitas como o filé à parmigiana e o bacalhau grelhado com brócolis, arroz, batata e amêndoas. Ali perto, e também bastante emblemático, o Café Palhares serve o famoso kaol – sigla para cachaça (isso mesmo, com K) arroz, ovo e linguiça caseira desde 1938. Com o tempo, a receita passou a ser servida em outros restaurantes e incorporou couve, farofa de feijão, torresmo e molho de tomate.
(*agradecimento ao jornalista Rafael Rocha pelas dicas gastronômicas)
Bares em Belo Horizonte
É impossível abraçar todo o universo botequeiro de BH – há opções para absolutamente todos os gostos e novidades pipocando sempre. Uma delas é o Mercado Novo, revitalizado recentemente e que, a despeito do nome, foi inaugurado em 1963 (o Mercado Central é de 1929). Antes da ocupação dos novos estabelecimentos, o lugar era conhecido pelas gráficas no térreo (muitas ainda estão lá) e por pequenos comércios. Os bares, restaurantes e lojas descoladas que vem se instalando nos últimos anos devem manter o estilo retrô da época da inauguração, o que dá ao lugar um quê nostálgico e que lembra um set de filmagem. Do almoço à happy hour é possível provar pratos do dia e comidinhas, além de fazer paradas, como por exemplo o Cozinha Tupis, um dos pioneiros que serve acepipes em marmitinhas e todo dia tem um PF de almoço que é sempre delicioso. Ao lado fica a ótima Cervejaria Viela. Há muitos outros negócios que abriram por lá, como a Cachaçaria Lamparina, que se resume a um balcão com uma seleção rotativa de rótulos de pequenos produtores do estado e alguns drinques no menu; a Odeon Bebidas a Granel, com 14 torneiras de chope fruto da parceria entre as cervejarias locais São Sebastião e Mills; tem a loja de revelação de filmes analógicos Super Câmera, a torrefação de café Jetiboca, a cachaçaria Lamparina, a barbearia Olegário – onde o cidadão “entra feio e sai bonito” – entre tantos outros (leia aqui reportagem sobre o Mercado Novo).
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Para bons petiscos, rume para o Chico Dedê, ou o Bitaca Capetinga, ambos em Anchieta, e para o Boteco Nada Contra, em Funcionários. No Prado, as cozinhas do Patorroco e do Agosto Butiquim liberam tira-gostos criativos. O Santo Boteco, em São Pedro, celebra a resistência feminina (é comandado por duas mulheres, Aline Soares e Aline Elias) com rodas de choro. Entre os petiscos, há pastéis de angu com carne seca, linguiça com jiló e queijo Canastra. Na histórica Rua Sapucaí, entre tantas opções, vale a parada no Dorsê, com pratos do dia no almoço e petiscos como as brusquetas de pão de queijo.
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Quem curte um boteco raiz, com rabada, dobradinha e petiscos como torresmo e pastel de camarão na estufa, ruma para o Bolota’s Bar, em Serra. Com seis décadas recém-completadas, o Bolão, em Santa Tereza, é conhecido por clássicos, como o espaguete à bolonhesa, e pelo fim de noite – membros do Clube da Esquina, na década de 1970, e de bandas como Sepultura, Skank e Patu Fu já encerraram a madrugada aqui. Para uma carta de cachaças de respeito (são cerca de 300 rótulos), chopes artesanais e petiscos – joelho de porco e torresmo pururuca entre eles – a pedida é o Köbes, no mesmo bairro.
Comidinhas
Como é de se imaginar, o tradicionalíssimo pão de queijo é presença fácil em cafés, empórios e lanchonetes da capital – mas há quem diga que as autênticas receitas estão cada dia mais difíceis de encontrar e restritas às mesas caseiras. Um dos lugares mais incensados para provar esse patrimônio é A Pão de Queijaria, com unidades na Savassi e no Mercado Novo. A qualidade e a pegada gourmet parecem justificar os preços acima da média, já que os quitutes da casa são produzidos à base de queijos do estado, como d’Alagoa, Canastra e do Serro, e importados, caso do gruyère. Há ainda versões recheadas inventivas, como a vegetariana (de mix de cogumelos, gruyère e cebolete) e a de lagarto desfiado, requeijão de rapa e ovo de codorna confitado.
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Também com dois endereços (no Mercado Novo e em Floresta), o Copa Cozinha é uma sugestão charmosa para o café da manhã e o lanche da tarde, com quitutes como bolos, tortas e apetitosos combos. Com filial em Inhotim, o descolado Oop Café tem boa oferta de cafés especiais, em versão coada ou expressa – a torrefação dos grãos é feita pela própria loja. Em um salão gracioso no bairro São Pedro, com piso de taco e muito verde graças às plantas e à pintura das paredes, a doceria O Granulado serve tortas caprichadas e um espesso chocolate quente.
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Uma pausa inspiradora para o café pode rolar no bistrô do Grande Hotel Ronaldo Fraga, espaço colaborativo do estilista mineiro em um lindo casarão dos anos 1920, no bairro Funcionários. Há lojas de marcas convidadas e rola programação que inclui lançamentos de coleções e bate-papos. Ótimas receitas sírias são a especialidade do Sítio Sírio, no mesmo bairro – shawarma de cordeiro, halawi (doce de gergelim com pistache), coalhada e babaganuche entre elas. Aberta em 1929, a Sorveteria São Domingos, na Savassi, está entre as mais tradicionais da cidade – os gelados de manga, acerola, jabuticaba, jaca e framboesa são produzidos a partir de frutas cultivadas na fazenda dos proprietários.