Agora é oficial: a temporada nacional de cruzeiros marítimos está confirmada e acontecerá entre novembro de 2021 e abril de 2022 com cinco navios percorrendo a costa brasileira. O anúncio foi feito pelo Ministério do Turismo no dia 2 de outubro, logo após a publicação da portaria nº 657 e pouco menos de um mês depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgar uma nota desaconselhando a realização dessas viagens.
Apesar de ter um peso importante, o parecer da Anvisa não foi capaz de cancelar a temporada de cruzeiros devido à existência da Lei 13.979 de fevereiro de 2020, que estipula que durante o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus cabe ao Ministério da Saúde, ao Ministério da Infraestrutura e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública decidirem sobre restrições em rodovias, aeroportos e portos.
Após meses de negociações encabeçadas pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil), as três pastas acabaram autorizando a circulação de navios e a Anvisa definiu os protocolos que deverão ser seguidos a bordo. Em comunicado, a Clia Brasil destacou que a retomada desse tipo de turismo representará um passo importante para a recuperação econômica do país, com impacto de R$ 2,24 bilhões e geração de 35 mil empregos.
Após 20 meses de paralisação do setor de cruzeiros marítimos no Brasil, a Costa e a MSC pretendiam trazer, respectivamente, duas e quatro embarcações para a temporada 2021/2022. No entanto, o número total diminuiu para cinco porque a portaria nº 657 não menciona até o momento a possibilidade de realização de roteiros com destino a países estrangeiros. Essa indefinição fez com que a MSC cancelasse a participação do navio Sinfonia, que faria roteiros pela Argentina e Uruguai, e também fizesse mudanças nos roteiros do Splendida e do Preziosa.
A Costa, por outro lado, decidiu manter os itinerários do Fascinosa com esticadas até Montevidéu e Buenos Aires. “Estamos trabalhando junto às autoridades locais e temos a confiança de que nos próximos dias serão divulgadas as definições sobre esta portaria, uma vez que os governos da Argentina e do Uruguai já autorizaram a realização de cruzeiros com a presença de hóspedes brasileiros”, afirmou a armadora. Veja aqui um raio-X dos navios confirmados e dos roteiros ainda disponíveis.
Como está sendo a retomada dos cruzeiros no exterior?
No início de agosto, 27 casos de Covid-19 foram confirmados a bordo de um cruzeiro da Carnival Cruises pelo Caribe. Uma passageira idosa acabou falecendo. O número de infectados poderia ter sido maior se o número de pessoas vacinadas a bordo não fosse tão alto: 96% dos passageiros e 99% dos tripulantes.
O incidente, somado ao avanço da variante Delta, fez com que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos aumentasse o alerta para viagens de navio, que agora são classificadas como de alto risco. A autoridade de saúde norte-americana também passou a defender que pessoas com comorbidades não devem embarcar em cruzeiros, independentemente do seu status de vacinação
No Caribe e nos Estados Unidos, o comprovante de imunização está sendo pedido pela maioria das armadoras. No Brasil, a vacinação será um pré-requisito para viajar de navio.
Como se proteger da Covid-19 durante um cruzeiro?
A médica Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que mesmo os que foram totalmente vacinados contra a Covid-19 ainda podem se infectar, apresentar sintomas e repassar o vírus adiante. “Nenhuma vacina garante 100% de proteção. Porém, elas diminuem bastante o risco de desenvolver formas graves da doença que possam levar à internação e ao óbito”, ressaltou. Por esse motivo, a vacinação continua sendo a recomendação número um antes de embarcar em uma viagem de navio.
A infectologista também recomenda que, para evitar contaminações, os passageiros passem a maior parte do tempo em espaços abertos ou com boa ventilação natural e sigam os protocolos já conhecidos. “O ideal é que toda a programação a bordo seja feita ao ar livre. Limitar o tempo e o número de pessoas em ambientes fechados – somado ao uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social – reduz sim o risco de transmissão do coronavírus”, afirma.
Aqui, a médica ressalta para a importância do uso correto da máscara, que deve cobrir o nariz e a boca e ter um bom poder de filtração, como é o caso da PFF2. “Mesmo que você esteja vacinado e em um espaço aberto, é importante utilizar a máscara sempre que estiver próximo de outros passageiros que não fazem parte do seu convívio diário. O ideal é tirar a máscara apenas quando estiver dentro da piscina, tomando sol, comendo ou bebendo. Também não se esqueça de levar máscaras suficientes para poder trocá-las ao longo do dia, principalmente se elas molharem”, aconselha.
Quando ficar de máscara não for uma possibilidade, valem as regras de distanciamento social. “Evite ficar próximo de outras pessoas quando estiver dentro da piscina ou se alimentando. É preciso manter um distanciamento de pelo menos um metro e meio”, conclui. Por fim, vale o bom senso: “todos aqueles que tiverem quadros respiratórios, mesmo que leves, não devem viajar. O mesmo vale para os que tiveram contato com alguém que recebeu resultado positivo para a Covid-19 ou está aguardando resultado de exames”.