Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Portugal: será que glamping tem mesmo glamour?

Como foi se hospedar no propalado "camping sem perrengues" num dos cenários naturais mais bonitos da Terrinha: o Parque Nacional da Peneda-Gerês

Por Rachel Verano
Atualizado em 25 set 2020, 17h41 - Publicado em 25 set 2020, 07h28
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A área de glamping do Selina Gerês: tendas confortáveis e limpíssimas (Bruno Barata/Reprodução)

Antes começar a narrar esta experiência, preciso dizer: eu não sou exatamente uma entusiasta do camping. Essa afirmação vai totalmente contra os meus mais profundos desejos de viajante: eu amaria me sentir a pessoa mais feliz do mundo dentro de uma barraca, sendo livre, leve e solta pelo mundo, carregando a casa nas costas, viabilizando economicamente destinos exorbitantes e tendo aquele ar desencanado-cool de estar sempre pronta para qualquer escapada de fim de semana (isso eu até estou, mas não nesta modalidade).

Mas não. Eu tenho claustrofobia profunda em barracas, não curto a falta de espaço para colocar as coisas, tenho dor nas costas de andar curvada, sou péssima de organização (e fico pior ainda), detesto cozinhar e ter que lavar a louça imediatamente depois, tenho pavor de acordar ao nascer do sol, sofro com insetos e, por fim, como se não bastasse tudo isso, agora tenho maturidade para assumir com todas as letras: não tenho mais idade para banheiros coletivos – nesse quesito, aliás, nasci uma anciã.

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Close na nossa tenda: aventura controlada (Bruno Barata/Reprodução)

Por tudo isso, a ideia de ficar em um glamping na viagem ao Gerês soou promissora. Parêntese: glamping é a junção das palavras glamour + camping, e serve para designar acampamentos confortáveis (ou com menos perrengues). As fotos do Booking enviadas por uma amiga me animaram: tendas tipi branquinhas, camas de verdade, móveis cheios de estilo. Me senti meio Indiana Jones da cidade, bem no mood viagem de natureza em tempos de pandemia. Topei.

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O Selina Gerês fica no coração da parte mais concorrida do Gerês, perto das cascatas mais famosas, das trilhas mais famosas, dos mirantes mais famosos. Por isso, entenda-se: a parte mais muvucada no verão. São 4 quilômetros até a cidadezinha de Gerês, uma das principais bases para explorar este canto blockbuster do parque nacional. Fica também às margens do Rio Cávado, com uma prainha de areia praticamente particular.

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A tenda por dentro: confortável de verdade (Bruno Barata/Reprodução)

A chegada à tenda foi meio desesperadora: com o sol inclemente, a barraca deveria estar a uns 100ºC. Mas logo fomos apresentados ao ar-condicionado e – UFA! – ele era realmente potente. As demais primeiras impressões foram boas: camas estruturadas e confortáveis, edredons fofinhos (à noite a temperatura cai bastante), os tais móveis com ares de design exatamente como nas fotos, mesinha de cabeceira com tomadas e carregadores USB, limpeza absoluta e altura suficiente para andar em pé por todo canto.

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Ao anoitecer: ares hipsters (Bruno Barata/Reprodução)

A única concessão que fiz foi em relação ao banheiro coletivo. Afinal, ele parecia bonitinho e perto da tenda, achei que o resto poderia compensar e que eu me sentiria hipster e jovem estando ali naquele aglomerado de tendas indígenas com luzinhas de arraial. Terminei concluindo: realmente não tenho mais idade.

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Café da manhã em tempos de covid: servido numa cesta bonitinha, para ser consumido em qualquer lugar (Bruno Barata/Reprodução)
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Tudo isso para dizer: eu gostei da experiência. É ótimo você acordar todo dia se sentindo hipster e jovem, mesmo sem conseguir ir ao banheiro ou tomando banho de 3 segundos sem ter onde colocar a roupa e a toalha e o xampu e o condicionador e a escova. Depois de passar o dia explorando os arredores, era uma delícia chegar de volta na tenda e me jogar naquela cama realmente confortável. Ter uma piscina, wi-fi bombando, um bar/restaurante e o café da manhã pronto (até as 11h! com expresso!) é um luxo. Foi ali que me aconcheguei para chorar as minhas mágoas do pânico de altura que me impediu de chegar a alguns dos lugares mais bonitos da região. E quer saber? Foi bem aconchegantezinho.

ANOTE AÍ: o Selina Gerês fica em Vilas da Veiga, a cerca de 90 quilômetros do Porto (e 400 de Lisboa). As diárias nas tendas de glamping custam desde € 50, com café.

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